Haja show internacional neste Brasil em 2017, hein? Além de dois grandes festivais – Lollapalooza, em março, e Rock in Rio, em setembro – que tiveram figuras ilustres em seus palcos, também tivemos diversas apresentações solo de grandes nomes que deram o que falar. Difícil escolher os melhores shows internacionais de 2017…
Fazer uma lista que abrangesse as melhores apresentações que passaram por aqui neste ano não foi tarefa fácil, e com certeza você vai sentir falta de um e vai reclamar nos comentários (só não xinga a autora, vlw flw!). É que realmente, em um ponto, temos que concordar: só teve showzão no Brasil em 2017. A lista precisou ser reduzida para os 10 melhores deles, e ainda conta com duas menções honrosas, para vocês verem que a tarefa foi difícil!
Antes de mostrarmos o nosso top 10, queria frisar um artigo escrito pelo colunista Marcel Bittencourt aqui no Tracklist, em 14 de julho, cujo título é “Por que você NÃO ouve Rock?“. Na matéria, entre outras questões, ele disserta muito bem sobre o(s) porquê(s) do gênero não alcançar um novo público com a mesma magnitude de antigamente. Porém, um ponto que conta a favor dos shows das bandas de rock é que seu público atual (ou antigo?) é extremamente fiel, junta as economias para marcar presença em outros estados e por meio de coros, mãos levantadas e até mesmo por rodinhas dependendo dos casos ajuda a transformar aquele momento em “o” momento – o show pode ter a melhor ou a pior estrutura do mundo, mas a troca de energia entre ídolo e fã é muito notada e garante, sempre, o ponto alto das apresentações.
Por essas e outras, nossa lista contém mais artistas do rock do que do pop. Mas não fiquem enciumados! Os shows pop deste ano também foram incríveis e garantiram muitos momentos especiais e inesquecíveis para os fãs – tanto é que assistimos a vários deles, observamos os que mais se destacaram e os incluímos aqui.
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Quando Camila Cabello saiu do grupo há um ano, o fandom do Fifth Harmony se dividiu. Tinha quem ficasse ao lado da cubana, tinha quem se solidarizasse com o agora quarteto. 2017 foi um ano de reviravolta para as meninas, que decidiram manter o nome do grupo, transferiram os direitos sobre a marca, que pertencia a Simon Cowell, para elas, e lançaram o novo disco auto-intitulado. Em outubro, Ally Brooke, Normani Kordei, Lauren Jauregui e Dinah Jane fizeram suas primeiras apresentações no Brasil sem Camila, e mostraram ainda mais energia e empolgação. A girlband ficou emocionada com o carinho do público, que sabiam cantar de cor todas as músicas de sua nova fase – mas é claro que os antigos sucessos também se prevaleceram. Elas fizeram shows em São Paulo, Rio e Belo Horizonte no mês de outubro, com muita dança, contato com seus fãs fiéis – teve até quem fosse convidado para subir ao palco – e, principalmente, destaque igualitário para todas as componentes, o que não tinha no passado. A sintonia entre as quatro no palco ficou muito nítida, e esse foi o principal fator para gerar apresentações super bonitas e elogiadas.
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O príncipe do pop encerrou o primeiro fim de semana de Rock in Rio 2017, em setembro, fazendo um único show na cidade do festival. Sorte de quem pôde vê-lo de perto: a apresentação foi emocionante, levando o próprio cantor às lágrimas. Teve Justin assinando bandeira de fã, teve coro de “eu te amo para ele”, e, por incrível que pareça, não teve tanta dança assim por parte do artista – mas que foi compensada pela plateia, que arrumou espaço para mexer o corpo em hits como “Sexyback” e “Rock Your Body”. Mesmo em um palco gigante com um público maior ainda, o show de Justin teve um quê de intimista, com uma iluminação mais fria e com sua banda de apoio por trás, que o deu suporte durante todo o espetáculo e mantendo-o mais próximo aos fãs. Bem que ele podia voltar mais vezes…
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Digno de espetáculos, o Coldplay não fez feio em suas três apresentações no Brasil, em novembro. O quarteto inglês tocou em Porto Alegre e em São Paulo, sendo que os fãs paulistas tiveram duas vantagens: a data extra devido ao rápido esgotamento de ingressos do primeiro dia, e o fato do Allianz Parque ter sido anunciado como palco de gravações para um futuro filme da turnê. Por conta deste detalhe, a banda se mostrou ainda mais enérgica do que em suas apresentações por aqui em 2016, e garantiu maravilhosas cenas para o DVD da turnê “A Head Full Of Dreams”. Afinal, a megaestrutura dos shows contou com forte iluminação colorida, chuvas de confetes e pulseiras de LED e lanternas de celulares levantadas pelo público que lotou ambos os estádios. Muito performático, o vocalista Chris Martin nem precisaria ter se esforçado tanto; a luz própria do Coldplay, mesmo que suas músicas atuais incomodem alguns fãs mais antigos, permanece acesa.
Vale mencionar o ótimo dueto entre a banda e a cantora Dua Lipa, que abriu a apresentações do dia 8 em São Paulo e em Porto Alegre. Eles apresentam juntos a canção “Homesick”, faixa de Dua Lipa gravada em parceria com Chris Martin para o álbum de estreia da cantora. A performance em São Paulo foi a primeira que Dua e Chris fizeram para a canção, e rendeu muitos aplausos do público, especialmente porque a albanesa foi um dos destaques do ano com sua música “New Rules”.
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Um dos headliners da edição de 2017 do Lollapalooza Brasil, o trio inglês The XX emocionou o público que assistiu ao show deles em março. Com a turnê do novo álbum “I See You”, o grupo mesclou canções mais vibrantes do disco com sucessos anteriores, como “Crystalised” e “Shelter”, numa atmosfera que fez o público ir da dança às lágrimas em apenas uma música de diferença. O clima que o The XX gerou no Autódromo de Interlagos foi de extrema paz – e teve um público que, de tamanho, só perdia para o Metallica, principal atração da noite. Aliás, a confiança e as reações da plateia deixaram os ingleses bem à vontade no palco, onde bateram palmas e sorriram para a multidão fiel que os acompanhou.
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Pela quarta vez no país, em outubro, o U2 fez quatro shows… em São Paulo. Com o furor das vendas, os ingressos foram esgotados rapidamente, forçando um anúncio de show atrás do outro – e, claro, levando à alegria tanto produtoras quanto produtores da banda. A gente não sabe o tamanho das cifras que rolaram nessa brincadeira, mas, em termos sentimentais, quem saiu ganhando foram os fãs de Bono Vox e companhia.
Os shows da turnê de comemoração aos 30 anos do álbum The Joshua Tree foram regados desde discursos políticos até megaproduções no palco e nos telões – o que não é nada surpreendente vindo do U2, que sempre traz apresentações ricas e bem feitas. Bono se entregou totalmente ao público em diversos momentos, chegando a cantar ajoelhado em “Mothers Of The Disappeared” até enaltecer mulheres brasileiras inspiradoras em “Ultraviolet”, como a atriz Taís Araújo e a pintora Tarsila do Amaral. Seus quatro públicos de 75 mil pessoas cada, no Estádio do Morumbi, corresponderam à altura (e que altura): grande parte de seus sucessos, como “Sunday Bloody Sunday” e “With or Without You” eram entoados a plenos pulmões enquanto lanternas de celulares eram erguidas para brilhar, ainda mais, as apresentações e os momentos como um todo.
Vale lembrar que as noites ficaram ainda mais completas pela abertura de Noel Gallagher e sua banda High Flying Birds, que apresentou faixas de seu novo álbum, “Who Built the Moon?” – que está na nossa lista de melhores álbuns do ano -, e, claro, grandes sucessos de sua antiga banda Oasis, como “Wonderwall” e “Champagne Supernova”. Ver Noel e U2 no mesmo dia foi um strike e tanto.
Você pode ter 15, 30 ou 60 anos: você vai sempre concordar que Sir Paul McCartney vibra em constante alegria e faz dos seus shows, a cada ano, cada vez mais especiais. A simpatia do ex-beatle e sua relação próxima com o Brasil deixam os fãs com um gosto de “quero mais” mesmo após três horas de apresentação – o que foi o caso de seus quatro shows por aqui em outubro, em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. Afinal, Sir Paul tem muita história para contar em seus 75 anos de vida: foram canções dos Beatles, de sua própria carreira e até faixas recentes, como “FourFiveSeconds”, que, na versão de estúdio, conta com a participação de Rihanna e de Kanye West.
Em todo o tempo das apresentações da turnê “One on One”, o cantor super carismático não deixou a peteca cair em nenhum momento: as constantes interações, o português arranhado, o sorriso estampado e as cerca de 40 músicas no repertório deixou seu público fiel ainda mais vivo, animado e presente no momento. É obrigação ir a um show de Paul McCartney a cada vez que ele vêm ao país – já foram 20 apresentações por aqui!, pois é sempre um prazer inarrável de ver, ao vivo, uma das maiores lendas do rock. Sua presença sempre renderá, assim como rendeu no nosso top 10 de melhores shows internacionais de 2017.
Você que está lendo este texto provavelmente tem menos de 25 anos. Se você já passa mal com o fato de que seu ídolo não vem ao Brasil há uns anos, imagina a ansiedade que alastrava os fãs do The Who? Pois bem: pela primeira vez na história, desde sua formação, em 1964, a banda se apresentou no nosso país. Foram 53 anos de espera que se encerraram em setembro, em dois shows em São Paulo e no Rock in Rio. No festival, presenciei alguns fãs na casa dos 60 e 70 anos emocionados porque iriam assistir à banda favorita pela primeira vez. E QUE apresentação!
Super animados e despojados, os shows no Brasil começaram diretos, sem firulas e com o telão com os dizeres: “Mantenha(-se) calmo: aí vem o The Who”. Mas era difícil se manter calmo em uma noite cheia de energia trocada entre público e banda. O vocalista Roger Daltrey, 73, tocou ao lado do guitarrista e compositor Pete Townshend, 72 anos – ambos da formação original – e, junto com eles, estavam o baterista Zak Starkey, filho do beatle Ringo Starr, e o baixista Jon Button, ambos no lugar dos finados Keith Moon e John Entwistle. Grandes sucessos do grupo, como “My Generation” e “Behind Blue Eyes” foram presença marcada nas apresentações, mesclando com interações bem-humoradas vindas de Pete e de Roger, como”Muitos de vocês não eram nem nascidos quando fizemos essa música” (em relação à “My Generation”) e “Vai ser uma grande noite, vocês vão voltar para casa em pedaços”. Realmente voltamos: e se for pra sairmos assim de todo show do The Who, sinceramente, não nos importamos. Agora que eles já sentiram o calor do público brasileiro pela primeira vez, as portas estão sempre abertas para voltarem mais.
Depois de 7 anos, o Green Day voltou ao Brasil com uma turnê extensa: foram shows em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre. Foram apresentações que propuseram uma viagem no tempo na longa discografia da banda, mescladas pela nostalgia de álbuns como “Dookie”, de 1994, e o idolatrado “American Idiot”, de 2004, com canções do recente “Revolution Radio”, do ano passado. O show do Rio, por exemplo, não estava lotado (tendo em vista que sobraram ingressos inteira com preços exuberantes), mas o público presente entrou totalmente na potência insana de Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Tré Cool, o que rendeu apresentações intensas do início ao fim. Rodinhas punk foram constantes na pista, a fim dos fãs descarregarem a energia presa no corpo de um show que durou 2h30 e que contou com diversos momentos: desde as lanternas de celulares ligadas em “Boulevard of Broken Dreams”, passando pelos pulos estremecidos em “Basket Case” e “She” até chegar na emoção de “21 Guns” e “Good Riddance (Time of Your Life)”. Três fãs foram chamados ao palco – sendo que uma delas, a jovem Sarah Schaeffer, de 18 anos, ganhou uma guitarra de Billie Joe após ser ensinada pelo próprio a tocar “Knowledge”, cover da banda Operation Ivy. Se a noite intensa foi inesquecível para a gente e digna de ser um dos melhores shows internacionais de 2017, imagina para Sarah e para os outros dois sortudos…
Um dos shows mais aguardados do ano, o simpático e talentoso Bruno Mars fez quatro apresentações lotadas em novembro, no Rio e em São Paulo. Não é pra menos: com uma megaprodução, o norte-americano provou que sabe fazer e entregar um espetáculo digno ao público, com uma banda (e equipe de dançarinos ao mesmo tempo) bem preparada, fogos de artifício e um charme e carisma envolventes – além, lógico, das ótimas músicas que o consagraram. Apesar da turnê ter sido do álbum “24K Magic”, lançado no ano passado – e de suas canções terem sido super bem recebidas, principalmente a faixa-título, “Versace on the Floor” e “That’s What I Like” -, os sucessos antigos que foram entoados aos montes e foram os grandes queridinhos do público. Destaque para a parte final dos shows, que contou com uma sucessão de hits, como “When I Was Your Man” (que foi uma das partes mais bonitas do show, com o público cantando a capela e levantando as lanternas dos celulares), “Grenade” e “Just The Way You Are”. Seus fãs – em sua maioria, casais, provavelmente embalados pelos hits apaixonados do cantor – se entregaram com afinco a Bruno e seus dançarinos, erguendo cartazes, utilizando o pouco espaço disponível para dançar e gritar, lógico, “eu te amo” e outros dizeres ao norte-americano. Com certeza, ele gostou de suas noites por aqui tanto quanto a gente – e o combo “envolvimento do público” com “show megaproduzido” com, obviamente, “músicas e carisma de Bruno Mars”, gerou uma das melhores apresentações do ano.
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E agora, com vocês, os vencedores do melhor show do ano – que tinha tudo para ser um bom show, mas não o melhor, por dois fatores: 1) o Arcade Fire veio ao Brasil com a turnê do álbum “Everything Now”, lançado neste ano, que não foi grande sucesso de crítica e de público. Mas a banda canadense têm seus hits mais antigos na manga, e usou e abusou deles mesclando boas músicas do novo disco; 2) as apresentações não tiveram uma venda de ingressos espetacular, tanto que, no Rio de Janeiro, o show aconteceria em uma arena com capacidade para 18 mil pessoas e foi alterado para uma casa de shows que comporta até 5 mil. Nada disso foi problema para Win Butler e companhia, que entregaram dois shows impecáveis e, principalmente, surpreendentes no Rio e em São Paulo em dezembro, fechando o ano com chave de ouro.
Com um palco marcante, que contou com telões diagonais de LED e até mesmo um ringue de luta, o Arcade Fire trouxe uma grande produção – tinha até globo de discoteca no topo da casa de shows – com um setlist para todos os gostos. Canções presentes no “Everything Now”, como a faixa-título, “Creature Comfort”, “Electric Blue” – com a belíssima voz de Régine Chassagne – e “Put Your Money On Me”, animaram o público, mas foram as músicas consagradas, como “The Suburbs”, “Neon Bible” e “Rebellion (Lies)” que ganharam um coro mais reforçado por parte da platéia bem diversificada, entre jovens, idosos e adultos de meia-idade. A troca de energia entre a banda e seus fãs foi um daqueles momentos clichês em que você não consegue expressar com palavras, só com sentimentos – porque, mesmo sendo piegas, era necessário estar lá para ver e, principalmente, sentir. O melhor show do ano foi bem feito, foi emocionante, foi super bem produzido – foi um show em que todo mundo esperava que fosse ser muito bom, mas não que fosse ser o melhor. Ele foi, mais do que qualquer outro, surpreendente – e por isso está no topo do nosso top 10.
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Ed Sheeran
É difícil não mencionar a vinda do cantor britânico, que tem uma das carreiras mais bem sucedidas dos últimos tempos. Na sua última vinda, em 2015, ele tocou em casas de shows médias, com público de até 8 mil pessoas – já desta vez, em maio, Sheeran tocou em estádios e em casas grandes, para uma massiva leva de fãs em Curitiba, Rio, São Paulo e Belo Horizonte. As bonitas apresentações trouxeram um ar intimista mesmo em espaços lotados e com uma grande produção, como telões com diferentes efeitos visuais. A singularidade dos shows no Brasil ficou por conta de uma alteração no setlist – os fãs brasileiros pediram o acréscimo de “Give Me Love”, e foram prontamente atendidos. O simpático Ed deixou, mais uma vez, sua (grande) marquinha por aqui.
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2017 foi um ano inesquecível para Ariana Grande – e, infelizmente, não em um bom sentido. O ataque terrorista ocorrido no final de sua apresentação em Manchester, na Inglaterra, em maio, deixou mortos e feridos em um dos acontecimentos mais graves deste ano. Logicamente, a cantora e sua equipe ficaram em choque e por pouco não cancelaram o restante da turnê “Dangerous Woman”. Por conta do fato, a segurança foi reforçada nos shows seguintes, inclusive nos do Brasil, entre junho e julho. Um pouco mais de um mês depois, Ariana veio para cá fortalecida e disposta a realizar uma grande apresentação, o que realmente foi. A cantora soube como enlouquecer os cariocas utilizando muito bem a passarela do palco, entrando em contato com seus apaixonados fãs. Canções como “Everyday” – em que ela usou o figurino do clipe -, a emocionante “One Last Time” e o sucesso “Side To Side”, além de sua ótima equipe de dançarinos, se fizeram presentes em shows que precisaram se reinventar e trazer alegria e calmaria depois da tempestade.
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