Por um breve e raro momento em sua carreira, Criolo não conseguia encontrar palavras para compor uma só canção. Há dez meses, o rapper perdeu a sua irmã para a Covid-19, e desde então, tem se reconciliado com a arte como um refúgio, a fim de retratar a realidade que muitos não puderam escrever. “A música consegue tirar o que a gente tem de melhor, a música sempre nos dá uma segunda oportunidade”, diz. “Dividir isso com todo mundo é também uma forma de seguir”.
“Sobre Viver”, o seu mais novo trabalho de estúdio, marca um novo e especial momento para a carreira do cantor. O álbum não só é o seu primeiro lançamento de rap desde “Convoque Seu Buda”, de 2014, como também é o reflexo de tudo que tem vivido nos últimos tempos, retratando a indignação e a desilusão de quem sobrevive no Brasil, apesar das desigualdades, das injustiças e dos danos.
Em entrevista ao Tracklist, Criolo conversou sobre os detalhes por trás do disco, como alguns de seus temas e suas parcerias, e sobre como tem sido sobreviver em um país em crise, procurando abrigo em sua própria arte e descobrindo novas referências musicais entre as gerações mais jovens do rap nacional. “Acho que esse é o grande lance: toda hora, a gente tá buscando uma saída. E o povo brasileiro, de extrema criatividade e potência, acaba, de algum jeito muito inexplicável e, lógico, com muito trabalho, dedicação e entrega, achando soluções”, declarou o rapper.
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Com a produção de Daniel Ganjaman, Marcelo Cabral e Tropkillaz e parcerias tão diversas em seu repertório, desde grandes ídolos como Milton Nascimento até nomes mais jovens, como Liniker e MC Hariel, o álbum retrata o “diário do caos” do cantor em meio às tragédias pelo país. Ao longo das faixas, o rapper adota um forte discurso sobre os genocídios das populações negra e indígena, a destruição do meio ambiente e as próximas eleições no Brasil, entre apenas alguns dos exemplos.
No auge de uma carreira extremamente bem-sucedida na música nacional, Criolo, emocionado, relembra suas origens e agradece ao rap por tê-lo acolhido, e “Sobre Viver” também é uma homenagem à trajetória percorrida até aqui e a tantos que ainda trilham seus próprios caminhos. “A arte não exclui ninguém, quem exclui é o ser humano”, afirma. “O que eu posso te falar é que se não fosse o rap na minha vida, eu não sei o que seria de mim”.
Leia a entrevista com Criolo na íntegra:
TRACKLIST: Boa tarde, Criolo! Tudo bem? É uma honra imensa pra nós podermos estar conversando com você e amamos ouvir o seu novo álbum! Como você tá e como tá a ansiedade pro lançamento?
CRIOLO: Primeiro, muito obrigado pelo tempo de vocês pra gente poder conversar um pouco sobre esse álbum. Isso é tão importante pra gente, tá ligado? E a ansiedade é gigante, a ansiedade tá monstra! (risos) Eu tô muito ansioso, mano…
TRACKLIST: Imagino, vamos falar muito sobre o disco! “Sobre Viver” é o seu primeiro álbum em cinco anos e o seu primeiro disco de rap desde “Convoque Seu Buda”, de 2014. Nesse meio-tempo, o país passou por muitas coisas e você também em sua vida pessoal, e certamente sua música tem muito mais a dizer hoje, depois de tudo isso. Qual foi o impacto que você acredita que os últimos tempos tiveram na sua arte e na sua forma de ver o mundo?
CRIOLO: Tá difícil viver, né? Ao mesmo tempo que a gente evolui em tantas coisas e a gente é capaz de construir coisas incríveis, maravilhosas… Enquanto a gente vê uma nova corrida espacial acontecendo, o que é muito louco de se pensar, a gente vê que o número de pessoas abaixo da linha da pobreza aumentou de um modo gigantesco. A gente vê o mundo em crise, a gente vê o nosso o país em crise num ambiente extremamente hostil — quer dizer, já era hostil, só que mais ainda! Você vê as pessoas sem saber como vai ser o amanhã e isso é terrível, né?
Tudo isso, de algum jeito, impacta a gente, a gente tá vivendo isso tudo. E aí veio a pandemia, o que agravou ainda mais esse abismo social em que a gente se encontra. Não tem como você estar à parte disso… Todos os dias, isso, de algum jeito, vai impactando o seu modo de como tentar achar uma saída. Acho que esse é o grande lance: toda hora, a gente tá buscando uma saída. E o povo brasileiro, de extrema criatividade e potência, acaba, de algum jeito muito inexplicável e, lógico, com muito trabalho, dedicação e entrega, achando soluções. E a gente tem vivido essa rotina de sobreviver, sobreviver e sobreviver… Conseguir chegar no outro dia, numa resiliência infinita.
TRACKLIST: O disco abre com “Diário do Kaos”, uma música que reflete sobre como o rap e a música podem mudar a vida das pessoas. Como você enxerga a importância da arte pra transformação de muitas vidas nas comunidades — assim como transformou a sua, desde a Rinha dos MCs e muito antes também?
CRIOLO: A arte não exclui ninguém, quem exclui é o ser humano. A arte não exclui ninguém, tá ligado? O que eu posso te falar é que se não fosse o rap na minha vida, eu não sei o que seria de mim. Eu não sei, de verdade. Eu comecei a escrever em 87, 88, pedi pra cantar uma música em 89… Ia ter, no Grajaú, um dia de doação de roupa e comida, e o dono daquela associação, que era o Marcão, era dono da equipe de som também, e ele fazia baile, baile de formatura, baile de rua, quermesse… E ele falou: “Vou ligar meu som e vou botar um som pra rolar pra não ficar um clima triste”. E eu, ao saber disso, pedi pra cantar. Mas não tinha ninguém pra ver, tinha uma fila e as pessoas entravam, pegavam a doação e saíam. Eu cantei duas músicas nesse dia e não parei mais, e eu não sei o que ia ser da minha vida se não fosse a arte, se não fosse especificamente o rap na minha vida. O rap tem o poder de transformar vidas, tem o poder de abrir possibilidades, tá ligado? Encurta caminho, abre porta, abre janela, constrói ponte, une mundos, sabe? Acho que teve e tem um impacto brutal na minha vida, eu não conseguiria respirar se não fosse a arte.
TRACKLIST: O álbum tem participações especiais de várias gerações diferentes da música, desde o grande Milton Nascimento, com quem você já colaborou várias vezes, até nomes mais novos, como a Liniker, o MC Hariel, a Mayra Andrade, lá do Cabo Verde… Pra você, como foi trabalhar com essa troca de sons em um só disco e como acontece esse contato com artistas de mundos tão diferentes, mas ao mesmo tempo muito conectados pelas histórias que existem entre si?
CRIOLO: Foi muito especial, está sendo mágico pra mim, me sinto muito honrado, muito feliz. Essas pessoas foram incríveis, de uma generosidade muito grande. Eu conheço o Hariel tem uns sete anos, e a gente se falou lá atrás, há um tempão… E você já via a pureza no coração dele, já via todo o talento que ele carregava — não é à toa que ele tá aí, não é por acaso. E eu senti que tinha que ser ele, a gente fazendo aquele duo ali, numa letra tão quebrada, tá ligado? E foi incrível, ele foi muito generoso comigo. E aí naturalmente, esse refrão com a Liniker, cara… Eu tive a mesma emoção quando eu fiz o refrão do “Cartão de Visita”, no “Convoque Seu Buda”, que já veio na mente a Tulipa Ruiz — maravilhosa, incrível Tulipa Ruiz! Veio esse mesmo sentimento com a Liniker, sabe? Foi muito natural, e eu sou fã demais da Liniker, poxa vida… Foi demais ela ter aceito. E aí, nessa mesma faixa, tem a minha mãe, que tem umas frases ali que só ela mesmo… Só a voz dela consegue traduzir o sentimento e a emoção que a gente desaguou ali. E tem o Jacques Morelenbaun, que é um cara incrível, super importante pra todos nós, fazendo esse arranjo. Todo mundo jogou a sua energia ali, e ficou tudo muito especial, eu expliquei ali como nasceu essa letra, quais sentimentos passaram por mim e estão em mim, que fez nascer esse rap. Foi muito especial na “Pequenina” isso tudo acontecer.
Na “Ogum Ogum”, foi incrível a participação da Mayra, incrível… Ela é uma artista cabo-verdiana incrível, e trouxe toda a sua energia, todo o seu bom sentimento, toda a sua musicalidade… Tem que escutar! É incrível, não dá pra imaginar essa música sem ela. E aí, você tem o mestre Milton na “Me Corte na Boca do Céu, A Morte Não Pede Perdão”, num texto tão forte, tão duro… E aí, o Milton com toda a sua genialidade, sua musicalidade, seu coração, generosidade total, leva a música pra um outro lugar… Tudo para, mano. Quando entra a voz dele — a voz dele por si só já é um acontecimento, mas tudo de alma que tem naquele ser de luz, impresso ali, é inexplicável. São pessoas muito queridas, que em algum momento da vida, a gente se falou, se confraternizou, e que, de algum jeito, a gente se encontra nesse álbum.
TRACKLIST: Aproveitando pra falar sobre “Pequenina”, tive a sensação de ser a faixa mais pessoal do disco por falar muito da sua família e inclusive ter até mesmo a participação da sua mãe, né? Se você me der licença, pois acredito que seja um tópico sensível pra você, quão difícil tem sido pra você escrever sobre a sua família e sobre sua irmã, que também é muito relembrada ao longo da música, em um momento tão delicado pra vocês?
CRIOLO: Muito difícil… Esse rap nasceu porque ele veio de uma vez. Não é uma coisa que eu fiquei pensando, mexendo, eu não teria nem estômago. O negócio veio, vrá! E se não fosse o suporte dessas pessoas incríveis, segurando na minha mão e fazendo essa música acontecer, ela não aconteceria. Então, é muito difícil… A pandemia nunca vai acabar pra quem perdeu um ente, pra quem perdeu uma pessoa querida. Como a gente se fortalece, como a gente segue em frente? A música consegue tirar o que a gente tem de melhor, a música sempre nos dá uma segunda oportunidade. Dividir isso com todo mundo é também uma forma de seguir… A gente precisa seguir, e pra seguir, não é que a gente tem que ignorar o que a gente tá passando, mas a gente tem que seguir, tá ligado? É muito difícil pra mim, tem dez meses que minha irmã se foi, e é uma coisa que eu não aceito, tá ligado? Da forma que foi, como foi… A negligência que o país passou e passa, o modo que eles conduziram tudo, foi uma crueldade brutal, sabe?
TRACKLIST: Falando sobre a realidade que vivemos hoje no Brasil, você diz em vários trechos como é difícil cultivar o amor em nosso país, o que fica ainda mais claro em faixas como “Quem Planta Amor Aqui Vai Morrer”, que é autoexplicativa. Em tempos tão marcados pelo ódio, o que você acredita que pode ser feito pra nós voltarmos a plantar amor no Brasil?
CRIOLO: A gente planta, o povo planta! Todo dia, o povo brasileiro está semeando amor, está regando, cuidando… Mas aí, vem uma maquina gigante e destrói tudo, mata a terra, e aí a gente começa de novo. A gente trata a terra, deixa a terra saudável pra receber, novamente, essa semente de amor, a gente rega de novo essa semente, e quando começa a florescer, eles vão lá e destroem tudo de novo. É o caos total. Existem pessoas que são incansáveis nesse ato de semear amor, mesmo sabendo que, ao dedicarem suas vidas à luta contra as desigualdades sociais no Brasil, se tornam um alvo. Mesmo sabendo que muitos já se foram, e talvez essa pessoa seja a próxima da lista. Continuam, incansavelmente, plantando amor e lutando contra as desigualdades sociais no Brasil.
TRACKLIST: Em uma entrevista que você deu ao El País no fim do ano passado, você comentou sobre os dez anos de “Nó na Orelha”, e falando sobre “Não Existe Amor em SP”, você disse que “aqui, nós sobrevivemos, e sobreviver não é viver”. Seu novo disco aborda essa temática da sobrevivência em vários trechos, e acredito que também dialoga bastante sobre a diferença entre sobreviver e viver. Como você tem aprendido a viver e a sobreviver de lá pra cá?
CRIOLO: A música como companheira, sempre. As pessoas que a música trouxe pra perto de mim. Minha família, minha mãe e meu pai, colados comigo direto — sobretudo agora nessa pandemia. Se não fosse a minha mãe, eu não sei o que seria de mim, de verdade. Tem sido muito importante. Essa pequena lista que eu faço pra você, se eu for falar cada uma dessas coisas, acho que ela fica gigante… Eu não teria expertise pra sintetizar isso em poucas palavras. Mas se não fosse a música na minha vida, eu não sei o que seria de mim, e ter pessoas perto de mim que acreditam em mim, que acreditam em tudo aquilo que o rap que passa por mim possa, de algum jeito, contribuir de alguma forma com alguém, é o que tem me mantido vivo.
TRACKLIST: Você é um artista que sempre teve muito liberdade dentro da sua música pra explorar diferentes caminhos, seja em outros gêneros, como os sambas de “Espiral de Ilusão”, ou mesmo entre as diversas variações que existem dentro do rap. Como você busca enxugar suas principais referências pessoais da cultura brasileira dentro da sua música?
CRIOLO: Acho que esse tanto de encontros e estéticas na música se dá por conta da minha família, que é nordestina, então tem uma influência muito forte do Ceará na minha vida. Eu amo o Ceará, um berço cultural e universal! É manjedoura de arte, nascente de poesia universal… Todo o Nordeste brasileiro o é. E ao crescer numa favela, na Vila São José, onde, no barraco da frente, o irmão era de Goiânia, no barraco do lado, a pessoa era de Porto Alegre, o barraco do outro lado era do Rio de Janeiro… Eu cresci sete anos com a pulsação da musicalidade de vários lugares do Brasil, e foram meus primeiros sete anos de vida, então tudo isso ficou registrado em mim. De algum jeito, isso se manifesta agora.
E depois, como organizar, como ajeitar, isso é a genialidade dos músicos, que sem eles não tem disco, não tem show, nem nada. E antes de ter acesso a esses músicos maravilhosos, muito a partir do “Nó na Orelha”, é uma escola do rap que vem pra mim, de 89 a 2010, vivenciando tantas quebradas e indo cantar em tantas escolas, tantas ruas, tantas quermesses, cada um com uma gíria, um sotaque, um lugar do Brasil… Tudo isso foi me dando uma formação musical. Acho que é por isso que acontece esse mosaico tão interessante e plural, por causa dessa caminhada no rap.
TRACKLIST: O rap tem passado por várias transformações ao longo dos últimos anos, com vários artistas surgindo e muitos estilos ganhando espaço, como é o caso do trap e do grime, por exemplo, e já ouvimos você experimentar alguns desses estilos, principalmente nos últimos singles. Como você tem acompanhado esses novos movimentos e as próximas gerações do rap nacional?
CRIOLO: Eu tô de aluno! Tenho acompanhado como estudante, sou um aluno deles, tá ligado? Sou fã de vários! Vários que eu quero ir no show, quero ir lá, quero ver, quero aprender… Eu acho incrível tudo que eles fazem, incrível… Eles são muito poetas, cara! Escrevem demais, rimam demais, têm um jeito diferente de estar no palco, têm um jeito diferente de se comunicar. E é isso, mano. Já dizia a música do Belchior: “o novo sempre vem”. E eu tô aqui de aluno deles, na real. Se eu fiz um trap, é porque eu vi eles fazendo.
TRACKLIST: Você tem alguns nomes em específico que você levou pro estúdio como referência?
CRIOLO: Vish, tem vários! BK, Djonga, Orochi, Sidoka… O Febem é monstro, monstro total! Essa geração é monstra demais. Tem outro mano que é bom demais, ele faz grime, ele arregaça, tem até um clipe que ele tá no cavalo assim. Vou ter que procurar aqui… Major RD! Tenho vários nomes aqui, tem alguns que eu não lembro o nome. O Orochi, então, é incrível também.
TRACKLIST: Nós estamos em ano de eleição, e muitos dos temas que você canta sobre nesse disco e tem cantado sobre ao longo de toda a sua carreira vão ser ainda mais debatidos até outubro. Como você enxerga o cenário político que tem se formado no Brasil e qual você acredita que vai ser o tamanho da importância que a arte terá nos próximos meses?
CRIOLO: Gigantesca, gigante… Cada vez mais e sempre, mas agora em especial, a importância é brutal. E depois pra além, porque tudo deixa um legado. A arte ter as suas continuidades, a arte ter esses temperos do novo é de suma importância, porque encurta caminhos de comunicação. A arte, cada vez mais e mais e mais, se torna um pavimento de caminho para os encontros, para os diálogos… Pra outras coisas também: pra abraço, pra afeto, pra não se sentir tão sozinho no meio dessa loucura toda, então vai ser muito importante.
TRACKLIST: Além da música, você também tem sido bastante ativo politicamente nos últimos tempos, seja nas ruas ou mesmo nas redes sociais. Como você lida com a influência que você leva para diferentes públicos, ainda mais em um momento tão importante?
CRIOLO: A gente joga no mundo um bom sentimento, uma boa energia. A gente faz parte de algo maior, e acho que um fortalece o outro. Se eu subo no palco com uma camiseta de uma urna eletrônica, é porque assim o Emicida me permitiu. Porque ali, naquele dia em específico no Lollapalooza, era um espetáculo pensado pela Laboratório Fantasma, que gentilmente me convidou pra fazer parte daquele momento histórico, importante e tenso. Somos forças complementares, e o impacto vai reverberando lentamente, mas de modo coeso.
TRACKLIST: Por falar no Lollapalooza, como foi fazer parte de um momento histórico do rap nacional ao lado de grandes referências de outras gerações, como o Racionais MC’s e o Planet Hemp?
CRIOLO: Eles tiveram uma influência forte demais pra mim. Racionais é escola, Racionais é muita coisa, referência máxima pra todos nós. Pra quem ama rap, pra quem ama poesia, pra quem ama literatura, pra quem ama história. Pra quem quer ter contato com esse Brasil real, Racionais é imprescindível, fundamental, eles têm um impacto muito gigante na minha vida. E o Planet não tem nem o que falar, é monstruosidade total, gigante… Eu sou mais próximo do D2, então… Antes de tudo, poder estar próximo desses ídolos já é uma grande escola, já é algo magnífico. Não é que eles são passado, eles são presente também! Não pode se tratar Racionais e Planet como uma coisa do passado, é que começou lá atrás e foi referência pra todos nós que estamos aqui, mas eles seguem fortes e firmes, dando continuidade ao sonho, continuidade às suas ideias, continuidade às coisas que acreditam… Já já vem disco novo do Planet, eu tenho certeza que já já vai vir coisa do Racionais. O impacto é pra vida toda, desde quando, lá no Grajaú, eu fazia os corres pra colar no show dos caras, até hoje poder subir no palco com a bênção dos mestres, então isso pra mim é tudo.
TRACKLIST: Você tem voltado a se apresentar aos poucos, inclusive nesse show do Lollapalooza, e você já tem três shows marcados pro lançamento de “Sobre Viver”. Como tem sido voltar aos palcos e a ver os fãs depois de tanto tempo?
CRIOLO: Emocionante. Eu pensei que não fosse mais acontecer, sério. Eu fiquei o maior tempão sem escrever antes da pandemia, já tava meio assim comigo… Aí veio a pandemia, veio tudo isso, é mil fita acontecendo com todo mundo, tá ligado? Mexeu com todo mundo essa fita, não tem planejamento. Quando se trata de emoções, você tenta se organizar, levar, conduzir sua vida, mas existem lugares e emoções que tão pra além disso, nunca dá pra saber. Dia 14 no Rio, dia 21 em São Paulo, e depois Florianópolis, eu não sei nem como vai ser isso, não tenho ideia de como vai tá o coração da gente, mas a gente vai tá junto ali, vai se apoiar e vamos viver esse momento mágico.