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Entrevista: MC Lipi e MC Hariel falam sobre parceria, funk consciente e mais

A história do funk é dividida em diversas vertentes. Uma delas, que está presente desde o início do gênero, é o funk consciente, que retrata a vivência de quem mora na periferia. As letras, que abordam temas como esperança, fé e perdão, complementam as batidas que têm marcado presença nas paradas e nas playlists. E dois nomes que têm ajudado a expandir o funk consciente nos últimos tempos são MC Lipi e MC Hariel, que concederam uma entrevista ao Tracklist.

Nascido na cidade de São Paulo, o funkeiro MC Lipi, de 20 anos já contabiliza mais de 130 milhões de reproduções em suas músicas nas plataformas de streaming. Com pouco mais de 5 anos de carreira, o artista já tem músicas conhecidas em todo território nacional e vem fazendo seu nome como um dos líderes do movimento funk consciente.

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Com dois álbuns completos de funk consciente e de vertentes do funk ostentação, MC Lipi ainda sonha alto em uma carreira mais visível e poder fluir em outros ritmos musicais, podendo sempre levar em suas canções a realidade e o grito das periferias. O retorno do artista à música é aguardado desde seu último hit, “Guerreiro de Fé”, parceria com Dennis DJ e MC Paulin da Capital.

MC Hariel, de 23 anos, também de São Paulo, é cantor e compositor de funk paulista e de todas as suas vertentes. Com mais de 5 milhões de seguidores apenas no Instagram, Hariel se consolida um dos maiores funkeiros do Brasil. Sua carreira teve início em 2014 e desde lá o cantor passou a ser um grande comunicador musical das comunidades.

Com seu famoso bordão “Hari, na voz!”, fez diversas parcerias com grandes nomes da música, como Péricles, Alok, Sabotage e outros. Além de seu DVD “Haridade”, sucesso que foi gravado no deserto da Bolívia. Seu recente trabalho solo vem rendendo muitas visualizações no YouTube, a música “Muito Sagaz”.

Agora juntos, lançam a parceria “Bem Melhor”, disponível nas plataformas digitais desde esta sexta-feira (18). A canção reflete sobre críticas, inveja e fofoca e sobre como superar as adversidades, fazendo um contraponto entre esses sentimentos e a realidade que enfrentaram durante a vida na quebrada.

Confira abaixo a entrevista com MC Lipi e Hariel sobre o novo single, a parceria e demais assuntos, como o funk consciente, o impacto da periferia na música, a pandemia e a expectativa de retorno aos palcos.

Reprodução/Instagram

Entrevista com MC Lipi e MC Hariel

TRACKLIST: Vamos começar falando de “Bem Melhor? Como foi todo o processo de produção da canção? Foi conjunta? Já tinha ideia de ser um feat?
MC Lipi: Dá pra eu contar… um pouquinho dessa parte aí? (risos) Foi uma produção com que eu não tava acostumado, foi um processo bem diferente do que eu costumava vim, tá ligado? Trazer dessa vez uma estrutura grande, em todos os clipes… pro funk, a gente trazia filmagens em viela, em rua, mostrando a realidade. E dessa vez, a gente veio com uma super produção, maior parte do clipe foi no chroma-key. O “bagui” está impecável. E o melhor foi que a gente gravou tudo em local só e com a parceria f*da demais do Hariel.

Realmente, tenho que confessar que o clipe está de qualidade superior.
MC Hariel: (risos), valeu aí mano. A gente espera que esse grande trabalho venha a se repetir, um clipe que foi mais gráfico, gráfico em peso. Mas que trouxe um diferencial, trouxe… sem dúvida uma nova visão de qualidade positiva pra carreira e eu também feliz demais por trabalhar com o Lipi, um cara firmeza demais.

Aproveitando os elogios mútuos, a diferença vocal de vocês dois é gritante. Mas, a canção serviu um baita beat e a música casou muito bem. Como é agora a relação de vocês fora do artístico? Há projetos futuros juntos?
MC Lipi: Eu devo confessar que anda firmeza total, porque… o Hari é um muleque muito grande, começou em 2014, eu ainda estou para fazer 6 anos de carreira, acompanhei muito ele, não nego que sou fã. E a gente criou uma amizade nível irmandade, as coisas tão super bem, e vamos focar em “Bem Melhor”, quero sim muito trazer o Hari mais vezes comigo e nos meus lançamentos. Parceiro mil grau, de coração!

O povo tem um ouvido meio “tampado” pelo que o funk vem a dizer e o Hari vem quebrando isso, um nome grande mesmo que tem revolucionado o cenário do funk. Muleque visionário, que as pessoas vão entender mais o que ele está passando.

MC Hariel: Acho que o que é gigante mesmo é o nosso movimento. Eu adotei em fazer parceria com quem se assemelha comigo, que carrega a mesma fé que eu, sabe? Muitas vezes eu poderia me juntar com gente que está no hype, quees tá na alta, tipo: “Ah lá o Lipi rendendo, vou me juntar com ele” . Mas eu venho preservando mesmo aquele que sempre vai estar ali na mesma fé, onde as ideia se bate. Muito feliz, felizão mesmo dessa parceria e torço que venha mais sucesso e mais trabalho junto.

Mas pode ter a certeza que se no futuro tiver lançamento de Hariel com alguém, é porque trocamos ideia antes e tamo no contato.

Hari, você é um artista baita versátil, isso não podemos negar. Você iniciou sua carreira no funk ousadia, passou pelo funk ostentação, fez parceria com Alok, Péricles, e agora está no funk consciente com o Lipi. Você pensa em ficar nessa vertente do funk ou em ainda experimentar novos ritmos e categorias musicais?
MC Hariel: Mano, eu penso sim em ficar andando com outros artistas e outros ritmos, de verdade. Mas não é algo que penso para experimentar e ficar. Me denomino um artista do funk, posso lançar um pagode e até um rock, mas sempre vou voltar pro funk, não importa… é… o tipo de funk. O funk, ele é tudo para mim. Mesmo lançando só funk eu me sinto bem, agora quando eu tento outro “bagui” eu me sinto… meio….

Estancado?
MC Hariel: Isso! Estancado!

MC Lipi: Complementando meu mano, é real isso. A gente se sente bem no funk, mas sabemos que ser, tipo versátil na música, estabiliza você como artista. Mas o ideal é que o funk. Eu sinto vontade de fazer funk.

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Lipi, a canção “Só gratidão” anda num hype altissímo, a música tá no home do Stories do Instagram e anda subindo no TikTok. Como você se sente com esse sucesso? E se vocês pensam em algum challenge ou proposta de divulgação específica pras redes?

MC Lipi: (sorriso largo) Mano, eu ainda estou em êxtase com isso. Fico de cara com todo o impacto das redes, e sim, penso real em usar esse impacto a favor de “Bem Melhor”. Já fico aqui imaginando as mina, os cara fazendo dancinha no TikTok, tô curioso e ansioso para isso. Se deixar passo o dia vendo os vídeos de “Guerreiro de Fé” no TikTok.

Lipi, você é um dos líderes no que se diz respeito a funk consciente. Apesar do termo ser conhecido, na visão de vocês, MC’s, o que seria o funk consciente e qual o seu impacto e representação para a periferia?
MC Lipi: Cara, o funk consciente ele é basicamente focar a letra na vida da favela. O Hariel pode confirmar para mim que a vida na favela é f*da de se viver, você fica a beira de entrar na criminalidade acreditando ser sua salvação para um momento de problema. E com o funk eu consegui nem me aproximar dessa dura realidade que infelizmente muitos jovens vêm se lançando. O funk consciente é de p*ta importância para a comunidade, o grito das favelas para todo o Brasil.

MC Hariel: Mano, um dos motivos para eu querer só o funk é isso, véi. Ele salvou minha vida, meu pai era usuário, minha mãe arriscava usar, passei por dificuldades que consegui superar com o funk. Já aos 11 (anos), dei duro para conquistar um trocado e sempre assistindo à realidade da minha quebrada me fez ter… querer escrever e retratar aquilo. Era dureza e nas nossas letras, a gente tenta conscientizar e ao mesmo tempo agradecer, porque sem a favela eu não teria e nem seria tudo que tenho hoje.

Para finalizarmos a entrevista, uma pergunta para os dois. Sem dúvida, uma área que foi amplamente afetada pela pandemia foi a artística. Como vocês lidaram com a pandemia? E quais são os seus planos?
MC Lipi: Cara, sobre carreira parou tudo, tá ligado? Eu usei esse tempo, real, para estudar. Estudar mesmo e querer escrever, andei durante a quarentena conversando com parceiros e vou colocar para rodar tudo aquilo que pensei isolado. E a promessa do governador aí, né? Até setembro todo mundo vacinado, torço mesmo que isso role, que a vacina chegue na quebrada e faça todo mundo trabalhar e respirar. E olha, ponto fraco meu é palco, lançar música é massa, mas nada como a sensação fod*stica de se estar no palco. Ali eu me desmonto, o Lipi real entra em cena naquela rotina de sair de um show, fazer outro, pegar voo atrasado (risos). Quero real voltar para essa realidade.

MC Hariel: É isso aí, na pandemia ainda pude gravar uns sons, mas nada como a vida liberta de antes. Torcendo para breve voltar tudo mesmo, acho que ninguém aguenta mais.

Este momento final é todo de vocês! Quero agradecer pelo tempo e pela oportunidade dada ao nosso portal. Sucesso para vocês!
Ambos: Nós que agradecemos e pedimos pra que toda a galera do Portal Tracklist ouça Bem Melhor”. Abraços!

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