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Doja Cat: de “Candy” até as polêmicas, como a rapper chegou ao topo?

Da esquerda para a direita, Doja Cat aparece vestida com figurino de "Mooo!", faixa lançada após "Candy"; Doja no photoshoot do disco "Hot Pink", com uma peruca rosa; e Doja num ensaio para uma revista, com cabelos loiros e agachada.
Foto: D

Estamos na metade de 2020, e é possível dizer que o começo do ano foi uma montanha-russa para uma rapper em específico. Doja Cat, que foi do sucesso de “Candy” até “Say So”, para então se envolver em polêmicas, está com o nome na boca do público. Nesse sentido, a fama da cantora foi relativamente rápida de um ano para o outro, e isso aparenta permanecer.

Talvez o trabalho mais evidente de Doja nesse ano seja o remix com “Nicki Minaj”, que continua na Billboard Hot 100 na posição #21. Conforme a parceria saiu, o hit foi instantâneo, e a faixa alcançou o tão famoso primeiro lugar do chart. Assim, a rapper chegou ao espaço tão sonhado por muitos.

Entretanto, isso tudo aconteceu a que custo? Falando dessa maneira, é quase inevitável mencionar a “cultura do cancelamento” na web: costume atual dos internautas de varrer figuras públicas da internet. Tal onda afetou Doja em meados de abril e maio, e sua imagem foi logo ligada à chats virtuais preconceituosos e composições duvidosas.

Com isso, a ideia que fica é a de que o sucesso ocupa os dois lados de uma mesma moeda. Apesar da artista, no final das contas, não ter sido “cancelada” ou algo do tipo, sua figura foi momentaneamente relacionada às polêmicas.

Dessa forma, o questionamento que surge é: quais foram os passos de Doja para chegar até aqui? E pensando nisso, é justo a cantora mudar a própria postura para manter a fama, ou deveria simplesmente ignorar as críticas online?

Doja Cat, a estreia com o EP e o viral “Mooo!”

Antes de tudo, é preciso olhar para trás e ver como tudo começou para Doja Cat, antes de “Candy” e derivadas. Em 2014, estreou com um EP depois de iniciar sua carreira com postagens no SoundCloud. O extended play “Purrr!”, que contém seu debut “So High”, foi a porta de entrada da artista para os caminhos do reconhecimento.

Contudo, a viralização nas redes — no caso, no Youtube — veio com a canção “Mooo!”. A música foi lançada em 2018, quatro anos depois da estreia de Doja, e teve uma recepção que nem mesmo ela esperava. A faixa está presente na versão deluxe de “Amala”, primeiro full release da cantora.

Com um clipe de baixo orçamento, gravado em chroma key, e letras que foram criadas depois de uma live, “Mooo!” apareceu em listas de “melhores videoclipes” de 2018 sem a mínima intenção. Nessa época, Doja Cat já havia lançado “Candy” e aparecido em alta nas paradas pela primeira vez, mas a canção-paródia ajudou a viralizar sua imagem.

Isso segue a ideia de que a artista começou como um fenômeno virtual. Doja Cat surgiu no SoundCloud, teve buzz com “Candy” no TikTok, e alcançou mais de 70 milhões de views com um single despretensioso. A web foi favorável para que a rapper conseguisse mais visibilidade, e o público em geral ficasse de olho nela.

Além disso, as faixas bônus de “Amala” fizeram sucesso, com parcerias ao lado de Tyga e Rico Nasty. O terreno já estava preparado para Doja chegar ao mainstream, com seu estilo excêntrico e engraçado, e a versatilidade de seus trabalho. Isso viria a acontecer no final de 2019, com seu segundo disco e “Say So”.

“Hot Pink”, o ano de 2020 e polêmicas

Com a divulgação de seu álbum inédito na época, “Hot Pink”, Doja catapultou nas redes com o smash “Say So”. Esta foi a segunda canção da artista a viralizar no TikTok, e subiu ainda mais nas paradas: na Hot 100, ficou em quinto lugar, e em primeiro nos charts de r&b e hip-hop.

Além do remix com Nicki, o single teve o clipe oficial produzido por Hannah Lux Davis, diretora conhecida por trabalhar com Ariana Grande, Little Mix e a própria Minaj. Junto a isso, vieram “Boss Bitch”, música presente na trilha sonora de “Birds of Prey”, e o remix de “In Your Eyes” com The Weeknd.

Os problemas ressurgiram para Doja nessa época, em maio. Nas redes sociais, principalmente no Twitter, surgiram rumores de que a rapper participava de salas de chat online com internautas racistas; e que a mesma teria usado expressões do tipo em salas de bate-papo. Para completar, uma canção chamada “Dindu Nuffin” ressurgiu dos projetos antigos de Cat, cujo título também é um apelido racista usado contra afro-americanos.

Depois de dias afastada da web enquanto os boatos ganhavam força, Doja fez uma live no Instagram explicando a situação, e pedindo desculpas pelas polêmicas. De acordo com a artista, o nome da música nunca foi usado no sentido literal do termo, e que o problema com os chats não dizia respeito ao seu verdadeiro caráter:

“Eu não deveria ter participado de algumas das salas de bate-papo, mas pessoalmente nunca estive envolvida em nenhuma conversa racista. Peço desculpas a todos que ofendi. Sou uma mulher negra. Metade da minha família é negra, vinda da África do Sul, e tenho muito orgulho de onde venho”.

Doja Cat

O cancelamento & o que virá de Doja a seguir

O tempo passou e, como dito no início, Doja não foi cancelada. Nesse sentido, o esclarecimento da artista foi aceito por boa parte dos internautas, e sua sinceridade de não se esconder por trás da assessoria foi evidente. Recentemente, a rapper entrou na lista da Billboard de possibilidades de indicações ao Grammy 2021, e está entre as principais apostas.

Porém, Doja parece estar menos ativa nas redes sociais. A impressão que fica é a de que está mais contida com o conteúdo que compartilha, e mais atenta com a reação das pessoas.

Portanto, a conclusão que é visível é a de que, caso a internet não se interessasse mais por Doja, a rapper já teria sumido. A cantora está na lista de artistas que se desculparam diversas vezes por erros do passado, e é da mesma geração de nomes que vieram da bolha da web; como Billie Eilish e Lil Nas X, por exemplo. Vale lembrar que Cat já se retratou sobre tweets antigos, e seu contrato com Dr. Luke (assinado antes do escândalo do produtor envolvendo Kesha).

A nova cultura do cancelamento ainda não saiu dos limites virtuais, pois as músicas continuam tocando nas rádios, e a boa parte das pessoas não se interessa pelos problemas dos famosos online. Ouvir ou não um artista, e apoiá-lo, no fim das contas acaba vindo da opção de cada um, e o que cada pessoa acha e pensa sobre o assunto.

Mas é perceptível que Doja mudou. Com uma ascensão jovem e seguindo passo-a-passo com seu amadurecimento musical, a cantora ainda passará por várias situações na carreira; e cabe a ela decidir o que fazer, de acordo com o que planeja manter como legado. Decisões boas e ruins serão feitas, e os desdobramentos serão, na maioria das vezes, imprevisíveis.

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