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Entrevista: Jão fala sobre “Turnê Pirata” e expectativas para o Lollapalooza

Jão conversou com o Tracklist para falar um pouco sobre esse momento de sua carreira, expectativas para o Lollapalloza e “Turnê Pirata”.

Pirata“, terceiro álbum de estúdio de Jão, foi lançado dia 19 de outubro de 2021, e desde então vem colecionando marcas positivas na carreira do artista. Com mais de 113 milhões de streams e certificado de platina, “Pirata” tornou-se o 2° álbum pop brasileiro lançado em 2021 com mais streams no Spotify Além disso, o single “Idiota” se tornou um fenômeno viral nas redes, sendo usado até pela HBO Max na divulgação de “Euphoria“.

No último sábado (12), Jão deu inicio a “Turnê Pirata”, que marca seu reencontro com os palcos e fãs após quase dois anos de pandemia. O show no Vivo Rio apresentou um gostinho do que aguarda o público nessa nova era do cantor. Jão foi o primeiro artista a esgotar três shows da mesma turnê no Espaço das Américas em São Paulo. O artista também é atração confirmada no Lollapalooza Brasil. A apresentação será no sábado (26), mesmo dia de artistas como Miley Cyrus e A$AP Rocky.

jão pirata

Jão conversou com o Tracklist para falar um pouco sobre esse momento de sua carreira, expectativas para o Lollapalloza e “Turnê pirata”. Confira:

Tracklist: Jão, “Pirata” foi lançado em outubro de 2021. Desde então, você já atingiu grandes marcos, como mais de 100 milhões de streams no Spotify e o pico de “Idiota” na 12ª posição na parada do Spotify – o maior da sua carreira. Como você tem celebrado essas grandes conquistas?

Jão: Então, tô celebrando agora com o show, porque não tinha tido tempo de raciocinar ainda. Acho que o dia de estreia da turnê foi o dia que eu lavei a alma, eu vi as pessoas ali cantando e tudo ganhando vida. Eu tô muito feliz com esse disco, a gente sempre soube que era um especial. É um disco muito transitório para mim assim. Tá ganhando muita vida, sabe? Cada música tem seu mundo diferente ali e tem o seu porquê. Tô muito feliz que as pessoas gostaram do disco e estão indo em massa aos shows. Tá sendo bem especial.

Tracklist: É super compreensível tu estar celebrando agora porque o disco foi lançado e bombou nessa época de pandemia, que traz o sucesso de uma forma muito virtual, que acaba sendo estranho. A gente vê o sucesso só em números e palavras, faz falta o calor do público.

Jão: Exatamente! E eu estava sentindo falta. Por mais tecnológico que a gente seja, eu acho que é muito insubstituível [esse contato com o público]. É muito diferente a sensação de ver as pessoas ali em carne e osso, elas respondendo ao disco dessa maneira, sabe? Eu acho que é muito esse sentimento meio estranho até ver a realidade.

Tracklist: Falando em “Idiota”, que foi esse grande pico do álbum, sucesso no Tiktok, sucesso nas redes sociais, a HBO Max usou para uma divulgação de Euphoria. Tu podes falar um pouco mais da criação dessa faixa?

Jão: “Idiota” foi uma das primeiras músicas que eu fiz durante a pandemia para esse disco e eu sempre a achei muito especial. E eu mostrava para as pessoas e as pessoas não gostavam dela. E eu ficava muito triste porque eu via algo muito legal nela, mas realmente na época ela estava formatada de uma forma bem diferente. A única coisa que sobrou da primeira versão foi o “Eu vou te amar como um idiota ama”, o resto todo mudou. E eu sempre acreditei no potencial dela. Ela era esquisita, mas eu fui persistindo.

 Eu queria que ela fosse uma “Big Bang” o disco tem essa mistura de álbum meio anos 70/80, uma coisa meio nostálgica. Acho que todas as músicas do começo ao fim têm uma vibe meio nostálgica. Quando “Idiota” ficou pronta a gente ficou apaixonado por ela. Sempre souber que ela ia ser especial de alguma forma. Quando a gente vai criar as músicas não gosta de ficar pensando “aí será que vai viralizar”. Agora que a música fez sucesso no Tiktok, as pessoas as vezes me perguntam “No estúdio vocês pensam isso [sobre a música ter potencial de viralizar]?” E eu acho que é muito não produtivo pensar nisso. Quando você faz uma música com esse foco de “quero viralizar no Tiktok”, pode até ter uma pequena chance de dar certo, mas é sem muita solidez.

A gente sempre soube que “Idiota” ia ser muito especial, assim como outras músicas minhas que tinham esse tipo de sentimento. Eu acho que o brasileiro gosta muito de falar desse sentimento meio sofrido, mas que é engraçado. Tem essa veia de sofrência. A gente sofre, mas tá tudo bem. E é algo muito incutido em mim, eu acho que é da minha raiz mais sertaneja.

Tracklist: E como tu achas que Idiota se encaixa na família “Pirata”?

Jão: Eu acho que ela é a prima louca que chega no final da festa. É assim que eu a vejo. Ela é a música mais divertida do disco, além de “Meninos e Meninas”. Acho que “Idiota”, “Meninos e Meninas” e “Santo” são irmãs. São as mais soltas. Elas servem muito ao propósito do disco. São o coração dele.

Tracklist: Você acabou de iniciar a “Turnê Pirata”. Qual é a sensação de voltar aos palcos após dois anos de pandemia?

Jão: Eu estava muito focado em acertar o show nos ensaios. Teve um ensaio geral que eu fiz praticamente três shows seguidos, parando e voltando, para deixar tudo certinho. Foquei muito nisso, para não ficar nervoso. Para evitar a expectativa de “será que vai dar certo?”. Foquei muito em me entregar para montar o show. Mas, aquela caminhada entre o camarim e o palco é sempre muito legal. Eu estava meio perdido pensando “nossa, eu tô indo fazer um show”

Tracklist: Quase uma primeira vez de novo.

Jão: É! Mas, ao mesmo tempo parecia que não fazia tanto tempo assim que isso tinha acontecido. Foi uma coisa meio dúbia na minha cabeça. E aí, as três primeiras músicas estão em branco na minha cabeça. Eu não sei o que eu fiz, eu acho que foi memória muscular dos ensaios. Quando eu parei para dar o “boa noite” na primeira pausa que eu me toquei “Nossa, tem pessoas vivas aqui na minha frente. É real, eu tô fazendo show”. É muito gostoso, tinham muitos amigos meus presentes. A equipe estava muito feliz. Dá muito trabalho fazer um show, então todo mundo se dedicou. E a gente estava só comemorando.

Tracklist: O tracklist estava presente nesse show e a gente AMOU o show! Fizemos uma matéria sobre, foi muito legal. O cenário maravilhoso. O que tu achas que a gente pode esperar de diferente da “Turnê Pirata” em comparação com tuas turnês passadas?

Jão: Eu acho que cada vez mais vem chegando mais gente, o público vai crescendo e a gente vai tendo oportunidades de fazer shows mais robustos. A minha ideia é que ano que vem, em outra turnê, ela tenha show infinitamente melhor que a Pirata e a Pirata seja infinitamente melhor do que foi a Anti-herói. Minha intenção é crescer e fazer a experiência cada vez mais melhor para as pessoas. Um show tem esse propósito de desconectar as pessoas do que elas estão vivendo e transportar elas por 1h30 para um outro mundo. Então, eu quero ter mais armas para fazer isso no futuro.

Tracklist: Show é uma experiência mágica. Tu se conectas com aquelas pessoas que tu nunca viu na vida com o propósito em comum de curtir aquelas músicas.

Jão: É muito mágico. Para mim, é a coisa mais legal do mundo. É um culto. Eu não sei explicar. É uma coisa muito estranha você pensar que tem várias pessoas que não se conhecem cantando juntas, olhando para um cara em cima do palco correndo para lá e para cá.

Tracklist: Falando em show, tu vais fazer um show no LollaPalooza Brasil. Como estão as expectativas para essa apresentação?

Jão: Tô um pouco nervoso, não vou mentir. Acho que depois da estreia da turnê eu tô me sentindo um pouco mais tranquilo, porque eu tirei aquele peso de “faz muito tempo que eu não faço show. Será que eu ainda sei fazer isso?”. Então, tô um pouco mais tranquilo, mas ainda acho que é uma responsabilidade muito grande. É um horário muito legal, um palco muito grande, um festival que eu sou apaixonado. Eu quero muito impressionar as pessoas.

Tracklist: Tu achas que fazer show é igual andar de bicicleta? Não importa quanto tempo passe a gente não esquece como fazer.

Jão: Nossa, com certeza. A gente não esquece, só vai pegando ainda mais a manha e ficando mais calejado.

Tracklist: Você também estava no line up da edição de 2020. Era outro momento, outra turnê, outro álbum… Mas há algum elemento daquela apresentação que poderá ser visto no show deste ano?

Jão: Eu acho que sobraram umas 2 ou 3 músicas que seriam da setlist passada nessa setlist nova, mas de resto não sobrou nada. Acho que é muito tempo, as coisas estão muito diferentes. A gente vai ter a oportunidade de fazer um show muito mais legal, muito mais incrível. Por um lado, foi bom não ter acontecido aquele show, porque nem sei se eu estava tão preparado assim na época para entregar esse show e agora me sinto completamente capaz de fazer.

Tracklist: E entre as atrações do lineup 2022 do Lolla, quem tu estás mais ansioso para ver?

Jão: Quero muito ver a Miley. Fiquei um pouco triste, porque ela estava no palco Ônix, que é onde eu vou cantar, mas aí mudou para outro palco. Queria falar que pisei no mesmo palco que Miley Cyrus. Eu acho ela muito incrível, tudo que ela tá fazendo com a carreira dela agora é o que ela sempre quis. Eu admiro muito a forma que ela conduz tudo. Quero ver para ficar lá cantando e gritando, mas também para observar a maneira que ela faz e aprender algumas coisas.

Tracklist: Com tanto sucesso e uma apresentação marcada (e muito esperada) em um dos maiores festivais do país, o que você diria ao Jão de dez anos atrás?

Jão: Só se diverte. Eu acho que sempre fui muito obstinado, muito focado em fazer as coisas acontecerem e fui perdendo muita coisa por conta disso. Eu não me divertia no processo. Comecei a fazer isso agora e vejo o quanto é importante e especial para mim como artista e pessoa. Só se diverte. Faz o que você gosta e f*dá-se todo o resto, nada importa.

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