É inegável o fato de que o pop passou por uma profunda transformação durante os anos 2010. Nesse sentido, gêneros se mesclaram para reinventar o que é popular, os formatos digitais facilitaram a descoberta de músicas e artistas, e alguns nomes se consolidaram na indústria.
Beyoncé e Taylor Swift, por exemplo, tomaram as rédeas do jogo e deixaram seu legado; a música que conhecemos hoje, de certa forma, tem suas digitais e influências. Seja na abordagem de questões sociais ou nas mudanças de estilo, as cantoras se tornaram figuras extremamente relevantes no cenário musical numa escala sem precedentes.
Ambas entraram nos anos 2010 em estágios importantes de suas carreiras, e caminham para 2020 consagradas como ícones de sua era. Enquanto Beyoncé começou a década com suas vitórias no Grammys por “I Am… Sasha Fierce” e encerrará com o aclamado documentário “Homecoming”, Taylor iniciou a época ascendendo com “Speak Now” — indo para os anos 20 como uma premiada cantora que luta pelo seu direito de criar arte através da música.
Beyoncé e Taylor Swift levaram suas realidades para o pop
Vale ressaltar que, durante os últimos dez anos, as artistas tiveram visão para unir o business do mundo da música com a própria ideia que queriam transmitir. No caso, as estrelas exploraram suas vidas para criar álbuns que tivessem identidade e impactassem o cenário.
Dessa forma, a partir do disco “4”, Beyoncé levou o r&b e o soul para as paradas juntos de uma mensagem que aborda o feminismo e o racismo, o casamento e a violência policial nos Estados Unidos. Seja com “***Flawless” ou “Run the World (Girls)”, o projeto “The Carters” ou praticamente todo o “Lemonade”; havia muito mais do que simplesmente música pop para tocar no rádio.
A cantora se posicionou socialmente para o mundo, vestindo um figurino que remetia ao grupo revolucionário “Panteras Negras” e dançando ao som de “Formation”, durante o Super Bowl de 2016. A atitude pode ter irritado o setor conservador estadunidense, contudo, foi primordial para o ícone deixar claro que tinha algo a dizer.
Por outro lado, Swift caminhou para o synthpop enquanto manteve os resultados de seus álbuns country anteriores. Apesar de ter iniciado a década com “Speak Now”, disco que estreou em primeiro na Billboard 200, a jovem logo lançou “Red” em 2012; apresentando o amadurecimento de Taylor do visual mais “inocente” para algo mais moderno e “hipster” (tendência popular na época).
Se Beyoncé estava se declarando como integrante da luta feminista e advogando a favor da comunidade negra em sociedade, Taylor estava, aos poucos, deixando para trás e combatendo o estereótipo sexista que a mídia criou sobre ela — e sobre a figura feminina na indústria fonográfica.
A artista não nega que suas canções sejam sobre a própria vida, mas a imprensa prestava mais atenção nos casos amorosos de Taylor do que em seu trabalho como cantora e compositora. Por isso, a mudança de estilo que ocorreu em sua carreira, e que teve como resultado final os álbuns “1989” e “reputation”, foi a resposta concreta para uma índustria que resumia Taylor ao “mais do mesmo”.
Novas identidades que trouxeram frutos
No que diz respeito ao sucesso comercial das artistas nos últimos dez anos, nada fica para trás. Ambas detém altas posições nos charts, turnês lucrativas e discos premiados.
Beyoncé, por exemplo, tem recordes no Guinness Book por ser a “artista feminina mais nomeada no Grammy“, com mais de 60 indicações, “álbum com vendagem mais rápida no iTunes” (“Beyoncé”), “maior vencedora do VMAs” com mais de 27 estatuetas, entre outros. Além disso, a estrela é dona do recorde de “maior turnê feita por um duo” ao lado do marido Jay-Z.
Além do mais, os três discos lançados por ela nos anos 2010 receberam certificados de platina, e atingiram o topo das paradas nos Estados Unidos na época de release. Isso faz de Beyoncé a única artista da história a ter seis álbuns concecutivos com debut em #1 na 200.
O Grammy mais recente vencido por ela foi em 2017, com “Melhor Álbum Urban Contemporâneo” por “Lemonade”. No ano anterior, Taylor havia conquistado o prêmio de “Álbum do Ano” com o “1989”, categoria na qual é a vencedora mais jovem na história da premiação pela sua vitória seis anos antes, com “Fearless”.
“Speak Now” também foi o primeiro disco a ter todas as faixas na Billboard Hot 100, recorde superado apenas por ninguém mais, ninguém menos que a própria Beyoncé. Voltando para as turnês, a “Reputation Stadium Tour” é considerada a tour mais lucrativa de um ato feminino nesta década, com 345 milhões de dólares arrecadados.
Portanto, é nítido que as suas respectivas carreiras atingiram outro patamar nos últimos dez anos, e cada uma soube progredir em questão de conceito e aclamação.
Beyoncé e Taylor carregam relevância e longevidade
O que é importante concluir da última década em relação às artistas é que, além de serem pop stars, a duas controlam seus trabalhos. Assim, tudo acaba sendo autêntico de acordo com seus objetivos e com a marca que deixaram na indústria.
Recentemente, Beyoncé foi anunciada como capa da revista ELLE para a edição de janeiro, quando divulgará a nova coleção da sua linha de roupas, “IVY PARK”. Na entrevista que acompanha o photoshoot, a estrela falou sobre “poder controlar sua narrativa”:
“Quanto mais madura, mais eu entendo meu valor. Percebi que tinha que assumir o controle do meu trabalho e do meu legado, porque queria poder falar diretamente com meus fãs honestamente. Eu queria que minhas palavras e minha arte viessem diretamente de mim“.
Beyoncé
A cantora está na ativa não só para cantar, mas sim para criar um espaço na mídia que pertence à figura negra, principalmente a mulher negra. De acordo com a jornalista Dorren Félix, da revista The New Yorker, “os Carters (B e Jay-Z) são seus próprios protagonistas de uma grande narrativa de estabelecer uma ‘elite negra'”; representatividade e local de fala na indústria.
Além disso, as próprias respostas de Taylor em relação às atitudes de Scooter Braun sobre sua discografia mostram, de uma vez por todas, que a artista é dona de si e do que cria. As ideias de Swift sobre a indústria, que mudaram como as de Queen B, servem de exemplo para todos que procuram por autenticidade e direitos artísticos.
Na edição da Billboard em que foi condecorada como “Mulher da Década”, Taylor responde à pergunta sobre qual conselho daria para si mesma do passado:
“Não me daria nenhum conselho. Eu faria tudo exatamente do mesmo jeito, porque até os momentos difíceis que enfrentei me ensinaram coisas que eu jamais aprenderia de outra forma. Eu realmente aprecio essa experiência, os altos e baixos”.
Taylor Swift
Relevantes no seu tempo e com um futuro promissor, Beyoncé e Taylor seguem como grandes nomes da geração atual em suas próprias regras.
Outros artistas que impactaram a década (em ordem alfabética)
Adele
Não há como contrariar que Adele é uma das maiores cantoras de nosso tempo, e talvez de todos os tempos. A britânica carrega três discos premiados na carreira, mais de 100 milhões de discos vendidos e uma medalha do Império Britânico. O smash hit “Hello”, do álbum “25”, faturou três Grammys e chegou a ser sete vezes platina.
Anitta
No pop nacional, Anitta quebrou barreiras linguísticas e tornou-se um fenômeno internacional. Com diversas parcerias na carreira, a artista consolidou seu nome no Brasil e no mundo cantando em três línguas diferentes. A faixa “Sua Cara”, com o Major Lazer e Pabllo Vittar, foi um dos pontos de partida para Anitta ser reconhecida lá fora.
Arctic Monkeys
No indie rock, o Arctic Monkeys mantém seu posto como uma das bandas mais conhecidas do gênero. Contudo, foi em 2013 com o disco “AM” que o grupo aumentou ainda mais sua fanbase, chegando ao top 10 da Billboard 200 e ao primeiro lugar na Inglaterra. “Do I Wanna Know” é o maior exemplo desse feito.
Ariana Grande
Aos poucos, Ariana Grande foi conquistando certo espaço no pop até consolidar sua posição com o disco “thank you, next”. Atualmente, a cantora é um dos principais nomes da nova geração do streaming e uma das ex-acts mais bem-sucedidas. No caso, o sucesso “7 rings” fez Ariana se juntar ao hall da fama dos artistas com mais estreias em #1 na 200.
Bon Iver
A banda Bon Iver conseguiu, com seus quatros álbuns lançados até então, mesclar tendências do indie pop com o folk e chamar a atenção de, por exemplo, Kanye West. O grupo também foi capaz de criar um sintetizador próprio durante a gravação do disco “22, A Million”, aclamado pela crítica especializada e com debut em segundo lugar nas paradas internacionais.
Bruno Mars
Bruno Mars soube se reinventar durante os discos que lançou desde 2010. Com uma série de hits na carreira, o cantor recebeu grande destaque principalmente em “24K Magic”, vencedor de sete Grammys em 2017. Além disso, é interessante notar que Mars alcançou tamanho sucesso com apenas três álbuns até então.
BTS
O boygroup sul-coreano BTS foi outro nome que venceu os obstáculos do idioma estrangeiro e adentrou o mercado ocidental com tudo. Com collabs que incluem Halsey e Nicki Minaj, e reconhecimento de veículos como a Billboard, o conjunto é hoje um dos principais nomes do K-Pop em escala mundial.
Duda Beat
Voltando ao cenário musical, Duda Beat foi uma das principais cantoras a despontar na nova MPB dos últimos anos. Com seu disco de estreia, “Sinto Muito”, a artista alcançou fama com o público rapidamente e gravou diversas parcerias com outros nomes do pop brasileiro, como Gaby Amarantos e Tiago Iorc.
Fifth Harmony
Enquanto o Fifth Harmony durou, as integrantes do girlgroup conquistaram números impressionantes em digitais e prepararam terreno para seus releases solo que viriam anos depois. “Worth It”, por exemplo, chegou na marca de um bilhão de views no Youtube e permaneceu como o maior smash hit do grupo.
Frank Ocean
Frank Ocean tornou-se o tipo de cantor que a indústria toda presta atenção. Com suas canções sensíveis carregadas pela melodia suave do r&b, Frank foi amplamente aclamado pelos discos “Channel Orange” e “Blonde”, produzidos por Pharrell Williams e James Blake.
Harry Styles
Dentro do One Direction, Harry Styles sempre se mostrou o tipo de personalidade que com certeza faria sucesso individualmente. Assim sendo, Harry lançou seu disco de debut extremamente aguardado e chegou ao topo das paradas britânicas e estadunidenses; acompanhado de videoclipes criativos e de produção impecável.
Imagine Dragons
Com uma aura fantasiosa e singular em cada disco, o Imagine Dragons é uma banda que mudou a forma de se fazer pop rock nos anos 2010. Seu disco de lançamento, “Night Visions”, chegou ao primeiro lugar dos charts de rock e música alternativa nos Estados Unidos, e a música “Radioactive” venceu o Grammy de “Melhor Performance Rock” em 2014.
IZA
Iza surgiu na música brasileira como uma diva pop politizada e consciente, trazendo canções que empoderam a figura feminina e refletem sobre sua realidade. É atualmente um dos principais nomes do pop nacional e conhecida do grande público, tanto por músicas como “Dona de Mim” quanto sua participação em realities televisivos.
Katy Perry
Katy Perry esteve presente durante toda a década, independente do público considerar os momentos altos ou baixos. Seu álbum “Teenage Dream” marcou uma geração no pop, assim como sua apresentação no Super Bowl foi uma das mais assistidas. Além do mais, seus lançamentos seguem conceitos bem definidos, bem diferenciados uns dos outros.
Kendrick Lamar
Kendrick Lamar é um dos mais potentes e importantes nomes do rap na atualidade. Com uma discografia que contempla álbuns, mixtapes e trilhas sonoras, o rapper abordou a violência policial e a política a americana em seu trabalho. Pelo disco “DAMN”, de 2017, Kendrick faturou o Pulitzer e tornou-se o primeiro artista do gênero rap/hip-hop a receber o prêmio.
Lady Gaga
Ao longo da última década, Lady Gaga conquistou seu devido espaço em todas as áreas do entretenimento, tanto na música quanto no cinema e na moda. Com uma discografia diversificada, Gaga marcou época com os álbuns “Born This Way” e “Artpop”, até se reinventar com “Joanne”. “Born This Way“ talvez seja a canção mais icônica dos últimos anos.
Lana Del Rey
Lana Del Rey transformou o cenário do indie pop no começo da década, lançando a faixa “Video Games” e seu álbum de estreia. De lá para cá, Lana consolidou o seu estilo de cantar e o tom que guiaria toda a sua discografia. Ainda, “Born To Die” é um dos discos com maior longevidade nos charts da Billboard, mostrando assim a relevância da cantora na música alternativa.
Lorde
Apesar de ter lançado apenas dois discos até o momento, Lorde se mostrou um camaleão musical com o seu trabalho. Tanto o seu debut quanto “Melodrama” foram elogiados pela crítica e indicados a prêmios importantes. Entretanto, Lorde ainda é relembrada pelo seu hit de estreia, “Royals”, que alavancou sua figura ao estrelato.
ODESZA
Nomeados ao Grammy e presente no top 10 de maiores artistas dance, do duo ODESZA se destaca na música eletrônica que é permeada por hitmakers de peso. O disco “A Moment Apart”, de 2017, chegou ao terceiro lugar na Billboard 200 e em primeiro nas paradas dance/electronic, com faixas que apareceram em séries e videogames.
One Direction
One Direction foi, sem sombra de dúvidas o mais bem-sucedido boygroup dos anos 2010. O grupo ultrapassou o mercado britânico e alcançou o mundo, com álbuns de sucesso e praticamente todas as turnês esgotadas. É importante ressaltar que, mesmo com os seus releases individuais, o 1D ainda é citado pelos próprios integrantes, que tive o seu último álbum conjunto lançado em 2015.
Pabllo Vittar
Pabllo Vittar transformou o cenário pop no Brasil e mudou a forma como o público LGBTQ+ é visto na indústria musical. A cantora levou a música drag para o mundo do mainstream principalmente no âmbito internacional; trabalhando com produtores de fora, como o DJ Diplo. Além disso, Pabllo construiu sua ascensão no exterior, com shows nos Estados Unidos e Europa.
Paramore
Apesar dos longo intervalos entre os álbuns, o Paramore sempre faz sucesso com os seus lançamentos. A banda esgota shows e são frequentemente mencionados por figuras na industria da música, que conseguem enxergar a relevância do grupo. Atualmente é uma das banda com uns dos sons mais originais e é uma das poucas lideradas por uma mulher, Hayley Williams.
Rihanna
Rihanna é, sem sombra de dúvidas, um dos principais nomes do pop e do r&b desde o começo dos anos 2000. O ícone marcou seu nome na indústria da moda e da beleza, fez filmes e lançou álbuns de sucesso esmagador. Rihanna também trás em seu trabalho um discurso consciente, abordando seu papel como mulher negra no entretenimento mundial.