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#SoundTrack: “Hit Parade” traz a nostalgia da indústria do entretenimento brasileiro

No dia 21 de maio, estreou no Canal Brasil e Globoplay a série “Hit Parade”. Ambientada nos anos 80, traz muito da música misturada à televisão na época, o que pode despertar a nostalgia.

Ao assistir o trailer, fiquei encantada e realmente parecia um retrato fiel à indústria pop daqueles anos, com algumas sátiras e tudo mais. É uma representação de como as coisas funcionavam: gravadoras querendo passar a perna em artistas e construção de imagem – até mesmo daqueles que nem sequer cantavam.

A história de Hit Parade se passa em volta de Simão (Túlio Starling), artista que tem uma de suas músicas roubadas pelo chefe de sua gravadora – Jack (Robert Frank), da Platina Records. Ao descobrir, se revolta e abre sua própria (Sensacional Records) junto de sua namorada, Lídia (Bárbara Colen, atriz que também fez “Bacurau”). De primeira, começam fazendo justamente o que irritou Simão: dando golpe.

Nessa, um primeiro novo artista é “criado”: Terry Holliday, que é mais uma persona do que de fato cantor, já que apenas dubla um artista que é sucesso fora do Brasil. O público, obviamente, nem desconfia, uma vez que naquela época a informação não chegava à todos sem a internet. Se falar mais sobre a trama do personagem, dou spoiler de um dos melhores plots da série.

Mas o que posso dizer sobre Terry é que o caracterizam como um cigano mais moderno, exagerado. O que traz lembranças de um artista específico que fez sucesso naquela época e tinha estilo parecido: o Sidney Magal. O próprio criador da série diz ter se inspirado nele.

Terry Holiday - Hit Parade
Terry Holiday
Sidney Magal - Hit Parade
Sidney Magal

Mais semelhanças com a vida real nos anos 80

Para além de Terry e Sidney e as falcatruas dadas pela indústria musical na época, as semelhanças não param por aí. Apesar de ser uma série de ficção, muitos dos ambientes e personagens certamente são inspirados em figuras e coisas icônicas dos possíveis anos mais doidos e sem lei do Brasil.

A Platina Records para início de conversa é uma gravadora do grupo da TV Platina, de maior sucesso televiso na época e que tem como carro chefe o programa de auditório com bailarinas e jurados o Programa do Lobinho, com o apresentador Lobinho. Coincidências…?

Lobinho é o apresentador de maior sucesso e que esconde sua vida pessoal da pública, completamente a mascarando. Ao mesmo tempo, usa um conhecido microfone na blusa conhecido por todos nós por ser icônico do Silvio Santos e se locomove pelo programa de patins. É como se fosse um crossover da Globo com SBT, tanto na questão de emissoras quanto de personalidades.

Lobinho - Hit Parade
Lobinho

Artistas “lançados” no Programa do Lobinho

No Programa do Lobinho, são onde os cantores são levados para a maior popularidade entre o público. Dou aqui três exemplos que podem ser relacionados com a vida real: a Natasha, cantora que explode e logo faz sucesso, mas, que no meio do processo engravida e então se torna cantora para crianças. Com toda uma estética colorida. Em quem poderia ter sido baseada…? Acho que só não colocaram ela loira porque se não ficaria muito na cara… Aliás, nessa, há a possibilidade de inspiração em duas artistas diferentes.

Depois, aparecem a dupla de irmãs Caqui-Frappé, que também possuem uma estética e estilo de cantar muito parecidos com outra dupla de cantoras que fez sucesso na vida real. Conseguem adivinhar?

Caqui Frappé - Hit Parade
Caqui Frappé

Por último, trago o caso do cantor Cherno Bill, que é meio punk, new wave; enfim, um jovem branco de cabelos claros meio “espetado” tentando reproduzir o que estava em alta na Europa, mas sem deixar o rebelde de lado. E de classe média alta, que tinha uma família renomada. Depois da foto (e talvez de ver a série), você com certeza vai saber em quem ele foi inspirado.

Cantor Cherno Bill - Hit Parade
Cherno Bill

Apesar da maioria das coisas e personagens serem sátiras, algumas coisas reais da épocas são referenciadas e citadas, como a Hebe e algumas músicas que faziam sucesso tanto na MPB brasileira da época quanto as internacionais.

Percepção geral

Embora não seja uma série que tem uma trilha musical de fato, é bem musical e representa satiricamente a confusão que era pelos anos 80 e talvez início dos 90 na indústria pop do entretenimento. Os esquemas de gravadoras, caos, competitividade, diversão e até mesmo questões como a HIV e abuso de substâncias como drogas e álcool.

A série não me pegou pelo primeiro episódio, que, apenas por ele, parece ser meio ruim. Mas a partir do segundo, as coisas vão ficando bem interessantes e você se vê imerso na narrativa e tentando achar um pontinho de referência da vida real para criação da narrativa de algum personagem. Os figurinos, direção de fotografia e cenários representam muito bem as coisas da época, e, pra mim, o ponto alto dessa questão artística são as roupas da Lídia. Eu certamente usaria todas as roupas dela em 2021.

Nota: 8/10. É produção audiovisual nacional, então, recomendo que assista para valorizar o setor que é tão precarizado no atual momento que vivemos. Série bem boa pra passar o tempo!

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