Por Anna Sabbatini e Fernando Marques – O quinto álbum de estúdio de Anitta está, finalmente, entre nós. Após uma longa espera, “Versions of Me”, lançado na terça-feira (12), traz ao público todas as faces e possibilidades da cantora. O disco, que sucede o “Kisses”, mostra Anitta em sua melhor versão, consciente de suas mudanças e harmônica em suas ideias.
O álbum, que vem sido trabalhado durante os últimos três anos, é a concepção de disco mais coesa da carreira de Anitta até o momento, apresentando um começo, meio e fim.
As três principais faces de Anitta em “Versions of Me”
Abrindo com “Envolver”, seu título de maior notoriedade até então (e que a garantiu um espaço no Top 1 Global do Spotify, um marco histórico na música pop brasileira), navegamos por uma zona confortável para a cantora, que parece ter encontrado no reggaeton o seu suspiro mais aliviado na música. É agradável, contagiante, e parece ser o local que, depois do funk, é o que Anitta domina com tranquilidade.
Após “Envolver”, o disco começa a se destrinchar. Mercado nacional, focado na América Latina ou até mesmo na América do Norte – tudo isso pode ser encontrado em “Versions of Me”. Do funk com Mr. Catra até um reggaeton com toques eletrônicos em “Gata” com Chencho Corleone, Anitta passeia por suas três facetas e não deixa nenhum de seus mercados totalmente defasados.
Apesar de podermos dividir o disco nessas três classes, um dos pontos que poderiam ser melhores é exatamente a ordem das faixas. Seria interessante deixar essas três categorias separadas na ordem. Temos latinidades com “Gata”, “Maria Elegante”, “Envolver”, “Turn It Up”, “Me Gusta” e até mesmo “Ur Baby”, parceria com Khalid, que é o grande destaque do álbum.
O foco no mercado norte-americano está presente no disco com “Boys Don’t Cry”, “I’d Rather Have Sex”, “Gimme Your Number”, “Love You” e “Versions of Me”, essa última que remete bastante aos trabalhos já feitos por Kylie Minogue e Marina Diamandis.
O mercado brasileiro não ficou de fora, mas, comparado aos outros dois, é o que recebeu a menor atenção, contando apenas com “Que Rabão”, parceria póstuma com Mr. Catra. Uma pena, pois Anitta sempre foi muito boa em lançar funks excepcionais que conseguem furar sua bolha, já que essa é uma de suas especialidades. Ccomo a própria Anitta revelou em entrevista no programa de Jimmy Fallon, nos Estados Unidos: “quando alguém diz que algo é impossível, é aí que eu quero fazer”.
Principais destaques de “Versions of Me”
“Ur Baby” é o grande destaque do disco, não apenas por contar com Khalid, mas também por ser uma canção extremamente bem produzida e que conta com seu parceiro até saindo um pouco de sua zona de conforto. As batidas abafadas dão uma ambientação para a música que é viciante, e é de longe o trabalho de maior qualidade no disco, lírica e sonoramente.
Anitta prometeu mostrar várias de suas versões e o fez. Não significa que todas são excepcionais – as apostas em canções com uma pegada mais eletrônica, como “Love You”, não ficaram tão boas quanto as outras canções do disco focadas no mercado norte-americano. Porém, se o intuito era mostrar suas versões, Anitta assim o fez, desde os gêneros que ela já domina com maestria, até experimentos que podem ser positivos no longo prazo em sua carreira.
Anitta chega a sua melhor versão, mesmo que bebendo de diversas fontes
De longe superior a “Kisses”, “Versions of Me” chegou no momento mais confortável para a carreira de Anitta, que agora colhe os frutos após tantos anos lidando com o massacre da indústria (de seu próprio país, diga-se de passagem) que não acreditava em seu potencial. Não à toa, hoje a cantora é parte do line-up de eventos de relevância para a música internacional, com o Coachella e o Rock in Rio, muito merecidamente.
Muito mais coeso e com a estrutura de um álbum como estamos acostumados a ver e ouvir, “Versions of Me” é a consagração das várias facetas de Anitta, um compilado de todas suas fases e musicalidades. A primeiro momento pode soar um pouco genérico em algumas canções, mas não deixa de ser um trabalho corajoso que arrisca e tenta ser melhor que seus antecessores – e consegue.
Nota: 7,5/10