Foi dada a largada para mais uma edição brasileira do Lollapalooza. O Autódromo de Interlagos recebeu milhares de pessoas nesta sexta-feira (23) para o primeiro dia do maior festival de música do ano, levando ao público shows grandiosos de gêneros diversos.
Opções não foram o que faltaram: aos fãs de rock, Red Hot Chili Peppers, Royal Blood e Volbeat deram o ar da graça com grandes apresentações, enquanto Chance The Rapper e Rincon Sapiência comandaram o rap e Zara Larsson e Oh Wonder se voltaram ao público pop. Nomes como LCD Soundsystem, Mac DeMarco e Spoon também reuniram multidões apaixonadas em seus concertos, mostrando a variedade de audiências presentes no evento.
Confira um resumo das principais atrações que passaram pelo Lollapalooza Brasil em seu primeiro dia:
PALCO BUDWEISER
RED HOT CHILI PEPPERS
O Red Hot Chili Peppers, que mal se apresentou no Rock in Rio, retornou ao Brasil para uma apresentação única no principal palco do Lollapalooza. Sem conversa, a banda já chegou entregando para o público alguns de seus maiores hits: “Can’t Stop”, “Snow (Hey Oh)”, “Otherside” e o mais recente “Dark Necessities”, do último álbum “The Getaway”.
O primeiro de poucos momentos de interação foi iniciado pelo baixista Flea, antes de trazerem uma surpresa para os fãs brasileiros: o guitarrista Josh Klinghoffer tocou e cantou – em português – a música “Menina Mulher da Pele Preta”, de Jorge Ben Jor, levando a plateia ao delírio.
O show seguiu com uma pancada de hits, prevalecendo os mais antigos para a alegria dos fãs, que cantaram todos com muita euforia. A execução ao vivo das canções, como característica marcante do grupo, contava com introduções e solos elaborados, e por vezes improvisados.
O show do Red Hot era o mais aguardado e foi o mais lotado do dia, o que foi difícil garantir um lugar para quem não chegou cedo. O telão não ajudava muito, pois focava mais nos instrumentos e tinha efeitos que impediam de ver os integrantes com clareza. Mas isso pouco importava para o público que curtiu o show do início ao fim.
CHANCE THE RAPPER
“Você está pronto para sua bênção? Você está pronto para seu milagre?”, questionava Chance The Rapper ao público ao final da última canção de seu repertório, a reprise de “Blessings”, no Palco Budweiser. Se levarmos em conta o show angelical que o americano dirigiu na primeira noite do festival, não, não estávamos nem um pouco preparados: o Lollapalooza ganhou uma atmosfera totalmente virtuosa ao longo de pouco mais de uma hora de sua apresentação, trazendo ao festival sua mistura de influências do R&B e do gospel com a pureza do hip-hop.
Acompanhado de coros e diversos instrumentistas, o rapper de Chicago comandou a plateia ao som de grandes faixas de sua carreira, como “Angels”, “Same Drugs” e “No Problem” (a qual aproveitou para alfinetar as gravadoras de alto escalão da indústria musical por meio de críticas visuais) e por várias vezes se voltava à audiência com bastante simpatia, conquistando por completo os fãs de “uma das cidades mais bonitas que já visitou”. Entre performances apaixonadas e versos inspiradores, suficientes para deixar o espetáculo pirotécnico da apresentação de lado, Chance The Rapper fez o Autódromo de Interlagos parecer pequeno diante da energia de um dos maiores e mais completos rappers da atualidade.
SPOON
Tocando no mesmo horário que um atraente Oh Wonder, o Spoon não foi capaz de arrastar um público tão grande para sua apresentação no Lollapalooza. Contudo, aqueles que estiveram presentes não têm nada a reclamar: o grupo fez um show de notável qualidade musical e provocou o fervor no público com sua setlist de hits enfileirados e seu carisma ímpar.
Pela primeira vez na capital paulista em quase três anos, a banda de Britt Daniel não decepcionou os seus fãs ao tirar da manga faixas como “Inside Out”, “The Underdog” e “Hot Thoughts”, que assim como no último show do quarteto no Rio de Janeiro realizado nessa semana, foram performadas com muito entusiasmo e competência.
RINCON SAPIÊNCIA
A carreira de Rincon Sapiência tem tomado proporções inimagináveis ao longo dos últimos anos, levando-o à melhor fase de sua carreira na virada para 2018. Em comemoração ao seu auge artístico na cena nacional, o rapper foi um dos primeiros nomes a subirem no Palco Budweiser nesta sexta-feira e conduziu um show extremamente afiado, dosadamente enérgico e altamente político, chamando em diversas ocasiões a atenção às lutas étnicas, aos debates sociais e, como não poderia deixar de ser, à memória da ex-vereadora carioca Marielle Franco.
Com uma setlist baseada em seu trabalho de estreia, “Galanga Livre”, o paulistano levou seu grande e animado público à euforia em músicas como “Meu Bloco” e “Ponta de Lança (Verso Livre)”, além de ter sido reforçado pela cantora IZA para a primeira performance ao vivo da parceria inédita entre ambos, “Ginga”, lançada nessa semana. Rincon Sapiência não apenas provou fazer jus a elite do rap brasileiro, mas também dono de um futuro promissor que ainda tem a seguir.
PALCO ONIX
LCD SOUNDSYSTEM
Entre tantas atrações mais populares e envolventes ao público do Lollapalooza, o LCD Soundsystem subia ao Palco Onix na noite desta sexta-feira no mínimo como um nome curioso. Apesar de não ter colhido o mesmo sucesso estrondoso em terras brasileiras, a banda americana veio ao país carregando o status de veteranos do dance contemporâneo — título este que parece justificar pouco ao que foi visto no penúltimo show do dia — em sua melhor forma depois de cinco anos de hiato e um grandioso álbum de reunião, “American Dream”.
James Murphy e companhia desfilaram pela sua discografia em cerca de uma hora e meia de apresentação, aquecendo o público com sucessos como “Daft Punk Is Playing At My House”, “You Wanted A Hit”, “Dance Yrself Clean” e “All My Friends”, responsável por encerrar o show. Com um público próprio consideravelmente menor em comparação aos de bandas como Red Hot Chili Peppers, Royal Blood e Oh Wonder, o LCD Soundsystem abusou de sua experiência no palco e tornou o festival em uma verdadeira discoteca ao ar livre, aberta a todos aqueles dispostos a vibrarem ou conhecerem seu som.
ROYAL BLOOD
Ainda que seja uma banda em pleno crescimento em meio aos gigantes do rock, o Royal Blood contou com um imenso público para seu aguardado show na edição brasileira do Lollapalooza. Mike Kerr e Ben Thatcher levaram o público ao êxtase com sua mistura estrondosa de baixo e bateria, mal dando pausas para os fãs recuperarem o fôlego.
Assim como seu show solo no Cine Joia, o duo britânico amplificou ainda mais o som barulhento de seus maiores sucessos em cima do palco, formando rodas punk e fazendo o público pular pelo Palco Onix ao som de “Little Monster”, “Figure It Out” e “Out Of The Black” – canção que encerrou a apresentação em grande energia.
A dupla ainda esbanjou muito carisma em cima do palco, comandando a plateia a cada mínimo contato e demonstrando muito mais intimidade com os fãs do que em seus últimos shows no Brasil. Se o Royal Blood não contava com um público muito grande no país, certamente o grupo deve ganhar muito mais atenção depois de sua passagem gloriosa pelo festival.
VOLBEAT
Em um horário privilegiado quanto às atrações mais populares, o Volbeat conquistou o público presente no Palco Onix na primeira tarde de Lollapalooza com sua sonoridade única e sua forte personalidade. Ao longo de cerca de uma hora de show, a banda dinamarquesa apresentou sua grande mistura de influências com o heavy metal e aqueceu bem a plateia com faixas como “The Devil’s Bleeding Crown”, “For Evigt” e “Still Counting”, esta que foi responsável por encerrar as atividades com chave de ouro.
PALCO AXE
MAC DEMARCO
Mesmo se apresentando no mesmo horário que o Red Hot Chili Peppers, Mac DeMarco conseguiu atrair um bom público para o último show desta sexta-feira no Palco Axe e serviu como alternativa para o principal nome da noite. O canadense levou seu estilo divertido e espontâneo ao festival e comandou alguns dos momentos mais extrovertidos do dia.
Desde o início da apresentação com “On The Level” e “Salad Days”, o cantor fez de sua energia carismaticamente única um dos destaques da noite, levando garrafas de cerveja e maços de cigarro ao palco e interagindo bastante com seu público. Entre sucessos como “Ode To Viceroy”, “My Kind Of Woman” e “Chamber Of Reflection”, Mac ainda aproveitou para fazer graça do próprio Red Hot – mas sem perder o respeito à banda, chegando a tocar o riff de “Can’t Stop” durante uma das músicas e a encerrar o show com um cover desastroso de “Under The Bridge”, resumindo bem o que foi a performance: despojada, engraçada e descontraída.
ZARA LARSSON
Um verdadeiro show de pop pairou sobre o Lollapalooza Brasil neste sábado. Zara Larsson, uma estrela em ascensão mundial, reuniu no Palco Axe um enorme público, formado por seus fãs e admiradores da sua música.
Desde a primeira canção, dava para perceber que a plateia realmente conhecia o trabalho da cantora. Os hits trazidos, como “I Would Like”, “Ain’t My Fault” e “So Good”, foram cantados em alto e bom som pelos presentes.
A performance foi completa: muita dança e sensualidade da cantora, dançarinos, uma banda – muito boa por sinal -, dançarinas e backing vocals, que deram um show a parte. Zara declarou a todo momento o amor que tem pelo Brasil e demonstrou ainda mais isso quando falou com carinho sobre Marielle Franco antes de cantar “Symphony”! “Ela lutava pelos LGBTs. Lutava contra a violência policial e por justiça social. Quero dedicar essa música a ela e quero que todos cantem a plenos pulmões”, afirmou.
Ela, claro, já falou que não vê a hora de voltar. E, depois dessa grande participação no Lollapalooza, deve voltar ainda com mais fãs.
OH WONDER
O Oh Wonder literalmente deu um show no palco Axe do Lollapalooza no fim da tarde deste sábado. O duo, formado por Josephine Vander Gucht e Anthony West, levou sua simpatia para o público do festival após terem se apresentado nos dias anteriores no Rio de Janeiro e em São Paulo, em side shows com a cantora Zara Larsson.
A sintonia, em voz e performance, foi logo percebida na primeira música, “Livewire”. O show começou calmo, mas foi logo ficando enérgico com músicas como “Lifetimes” e “Heavy”. As canções possuem instrumentais muito marcantes e foram muito bem executadas ao vivo, fazendo o público dançar e se emocionar. A plateia podia até não saber as letras, mas logo aprendiam os refrões mais grudentos com incentivo da dupla, além das palmas sempre muito presentes.
A presença de palco também impressionou, principalmente por parte de Josephine, que por vezes deixou seu teclado para correr pelo palco. Ela também arriscou – e muito bem – diversas frases em português, dizendo o quanto estava feliz por estar ali. E isso estava nítido no rosto, nos olhares e sorrisos para o público durante toda a apresentação. O show chegou ao fim com outros dois hits do duo, “Ultralife” e “Drive”.