Em um show de puro êxtase, o The National voltou ao Circo Voador, no centro do Rio de Janeiro, depois de sete anos. A banda norte-americana, que tocará no segundo dia de Lollapalooza Brasil 2018, apresentou um setlist de 20 músicas que passeou por grande parte de seus álbuns – e, assim, fez a alegria dos presentes.
E realmente: o público estava bem alegre, apesar da sonoridade mais melódica da banda (que, aliás, sabe utilizá-la ao vivo de forma poderosa). É que sabemos da força de um show solo comparado a um show em festival – só vai quem realmente é fã.
O vocalista Matt Berninger cumpriu bem o seu papel da noite. Acompanhado de uma garrafa de bebida (de quê? Não sabemos) e diversos copos vermelhos ao longo da noite, ele começou a apresentação com a música “Nobody Else Will Be There”, presente no álbum “Sleep Well Beast” – que ganhou o Grammy de “Melhor álbum de música alternativa” de 2017 -, que foi muito entoada assim como as seguintes “The System Only Dreams in Total Darkness”, do álbum “Boxer”, de 2007, e “Walk It Back”, do ano passado.
Aliás, é difícil dizer qual música do The National não foi entoada pelo público. Eu mesma acabei surpreendida pela força de seus fãs, que lotaram a casa de shows numa noite chuvosa, e ajudaram a transformar este num dos shows mais inesquecíveis da história do Queremos!, iniciativa que trouxe a banda para os lados de cá. O casamento entre banda e público fluiu de diversas maneiras: do lado da massa, gritos apaixonados, pedidos de musicas e um coro estarrecedor; do lado da banda, uma apresentação até modesta, com exceção de Matt, que brincou, bebeu, jogou bebida, foi ao meio do público enquanto cantava, e, claro, transmitiu emoção pela sua potente voz.
Alguns dos outros pontos altos da apresentação foram as performances de “Don’t Swallow the Cap” – com uma das letras mais conhecidas do público -, “I Need a Girl”, “Day I Die” e “Fake Empire”, que rolaram antes do encore – “Fomos ao banheiro”, disse um divertido Matt após voltar para entoar as últimas faixas da noite, de forma ainda mais extravagante.
Em “Mr. November” – muito solicitada pelo público, aliás -, Matt se jogou no meio do público, passeando por toda a extensão do Circo Voador. A dobradinha com “Terrible Love” praticamente explodiu o local, que presenciou o show terminar de uma das formas mais bonitas já vistas: Matt colocou o microfone virado para o público e a banda tocou, de forma praticamente acústica, a última canção do show, “Vanderlyle Crybaby Geeks”, deixando o público cantar sozinho cada verso da faixa. E, desta forma, o The National se despediu, deixando muita gente ali embasbacada de ter presenciado uma noite carregada de significado. Afinal, mesmo com suas letras sentimentais e com a ausência de músicas “felizes” demais, a banda transformou esta uma apresentação mais energética que nunca.
Minha única crítica é que não tocaram a linda “Sea of Love”, do ótimo “Trouble Will Find Me”, de 2013. Uma pena.
SETLIST
Nobody Else Will Be There
The System Only Dreams in Total Darkness
Walk It Back
Guilty Party
Don’t Swallow the Cap
Bloodbuzz Ohio
Squalor Victoria
I Need My Girl
Wasp Nest
Empire Line
Turtleneck
Slow Show
Pink Rabbits
Day I Die
Fake Empire
About Today
Encore:
Carin at the Liquor Store
Mr. November
Terrible Love
Vanderlyle Crybaby Geeks
Spoon
Mesmo com uma apresentação mais modesta, a banda norte-americana não deixou a desejar no quesito “empolgação”. Abrindo o show do The National, seu som é mais agitado do que o dos colegas, e mostrou sua potência com faixas como “Do I Have to Talk You Into It”, do recente álbum “Hot Thoughts” – que, inclusive, tem faixas críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump -, “Don’t You Evah” – a mais cantada pelo público, do álbum “Ga Ga Ga Ga Ga”, de 2007 – e “Do You”, do disco “They Want My Soul”, de 2014.
O vocalista Britt Daniel, muito simpático, agradeceu ao Queremos por voltar à cidade – a última vez por aqui foi em 2015, também pela iniciativa – e mostrou presença de palco. Alguns dos momentos mais emblemáticos foi quando ele passou parte da apresentação de “I Ain’t The One” deitado – cuja performance combinou com o tom mais melancólico da música – e a apresentação do cover de “Ashes to Ashes”, de David Bowie, realizado junto com Matt Berninger, que assumiu o backing vocal.
Vale destacar, também, a empolgação do restante da banda, que assumiu algumas pausas instrumentais, tocou músicas emendadas e, em certas partes do show, deixou o bom teclado de Eric Harvey roubar a cena. O público, em sua grande maioria pelo The National, não fez feio e prestigiou bastante o quarteto, que fez uma apresentação redonda com um setlist curto, mas de qualidade.
O Spoon tocará no Lolla nesta sexta-feira (23), às 16h20, no Palco Budweiser.