Com o lançamento do single “good guys” no começo de maio, Paul Klein tem muito o que falar sobre o novo trabalho do LANY. Em entrevista inédita para o Tracklist, o vocalista da banda californiana conversou a respeito da faixa, e como foi o processo de criação do release. O papo aconteceu por vídeo, no último dia 11 de junho.
A canção é a porta de entrada para o futuro terceiro álbum do grupo, “Mama’s Boy”, que tem previsão para sair ainda em 2020. Sucessor do disco “Malibu Nights”, o trio trabalhou no projeto desde o ano passado; e o resultado foi um “retorno às raízes” de cada membro.
Dessa forma, confira logo abaixo a opinião de Paul sobre as composições inéditas, suas influências do country e se a banda planeja voltar ao Brasil para alguns shows:
Entrevista com Paul Klein, vocalista do LANY
“Good Guys” é a introdução do LANY à uma nova era de músicas e conceito. Qual é a principal diferença entre o novo álbum e o anterior, no que diz respeito ao estilo?
Bem, até ‘good guys’ nós nunca tínhamos colocado uma guitarra acústica numa música do LANY. E isso é algo que Jake (Jake Goss, baterista) sempre foi incrivelmente apaixonado, sempre falou sobre, e sempre estivemos esperando ansiosamente pelo dia em que faria sentido começar a incorporar esse elemento, esse instrumento. Nós temos uma música que sairá nas próximas semanas, e que não falamos para ninguém ainda; essa música tem um violoncelo. Tem sido bem legal incorporar novos elementos e arriscar um pouco. Nós estamos crescendo, evoluindo e progredindo como banda.
Então esse álbum, comparado ao “Malibu Nights” por exemplo, não é tão pop, é meio diferente.
Não, ele é pop, o que quer que ‘pop’ signifique. Acho que pop, para mim, é quando há o verso, o pré-refrão, a melodia, o refrão em si; é possível cantar, é escutável, é memorável. Mas sim, acho que é definitivamente um álbum pop. Acredito que “Malibu Nights” foi claramente um disco sobre términos: foram nove músicas sobre como é se sentir “partido”, e eu eventualmente diria que, estatisticamente e muito provavelmente, metade do mundo já se sentiu assim. Por isso, com esse álbum nós meio que estamos cantando sobre tópicos mais universais, talvez. Uma das próximas músicas que vai sair é sobre nossos pais e o quanto os amamos, sabe — eles estão aqui agora, saudáveis e somos sortudos por isso — mas um dia eles não estarão mais aqui conosco; como isso parece, como é se sentir assim, e coisas desse tipo.
E algo que chamou a atenção foi a capa do single, com o cavalo e as cores. O que significam?
Essa coisa toda é sobre de onde viemos, um retorno às nossas raízes. Eu trabalhei num rancho quando estava no ensino médio e cavalos são uma característica do sul dos Estados Unidos. Há um cavalo no videoclipe, então a capa do single foi ligada a isso. Eu trabalhei com um artista que é de Tulsa, Oklahoma, que é um ano mais velho que eu e cem vezes mais legal! O conheço desde os cinco anos de idade, e passei pelo primário, pelo ensino fundamental e pelo ensino médio com ele.
Além disso, obviamente se você acompanha o LANY ou a mim há um certo período de tempo, sabe que sou obcecado por xadrez; então eu vou realmente incorporar xadrez em tudo, literalmente.
“Com esse álbum, nós meio que estamos cantando sobre tópicos mais universais“
Enquanto estavam gravando o disco, vocês colaboraram com Dan Smyers, da dupla Dan + Shay, e com Shane McAnally, que também trabalhou com Kacey Musgraves anteriormente. Então vocês tem alguns artistas country nesse álbum! Nós encontraremos algumas influências desse gênero nele? Tipo, uma música country do LANY?
Acho que o máximo de country que irá ter será ou “good guys”, ou uma canção chamada “Cowboy In LA”, mas eu sou do Oklahoma, não é! Algo que eu amo na música country é a composição; os artistas fazem um trabalho incrível em articular pontos concisos e claros em tipo, três minutos e meio. É um talento bonito e explêndido. Shane McAnally é incrível, e há duas músicas no álbum em que nós trabalhamos com ele. A próxima música que vai sair foi escrita com Dan Smyers, e Dan é casado com uma prima minha — ele é da família, então ele não tem escolha: quando digo que vai escrever uma canção comigo, ele escreve! (risos)
Sobre a ideia central ao redor do álbum, as novas músicas sãos sobre “lar”, “herança” e como sua vida mudou nos últimos anos. Você sentiu algo especial enquanto trabalhava nele? Como uma nostalgia, ou coisa parecida?
Sim, totalmente! Com certeza senti… Para ser honesto, quando estava criando “Malibu Nights”, eu tomei uma abordagem bem vulnerável com ele, e foi assustador; foi assustador colocar meu coração na manga e contar para todo mundo o meu lado da história, sabe. E foi recompensador ao mesmo tempo. Grandes riscos levam a grandes recompensas, e no final do álbum eu pensei: “como vou fazer isso de novo?”. Eu tive medo pensando em como repetiria isso.
Contudo, assim que começamos a fazer o disco novo e eu pensava no que queria escrever, foi muito legal me sentir tão vulnerável em relação a crescer e (pensar) no lugar de onde venho, como as coisas mudaram e como me sinto sobre meus pais. Há uma música chamada “I Still Talk To Jesus”, que escrevi com McAnally, e é meio que “eu ainda faço essas coisas ruins, das quais você talvez não vá acreditar, mas eu ainda falo com Jesus”. É um álbum incrivelmente vulnerável sobre caminhar pela vida e vir do meio de lugar nenhum; vir de absolutamente nada e, de repente, você está em LA e numa banda. Você navega nisso intelectualmente e emocionalmente, e estou muito animado para lançar. Acho que vai significar muito para muitas pessoas.
Então as pessoas vão ficar emocionadas…
Elas vão, mas não tem tantas canções tristes nesse disco, e estou muito feliz por isso. Nós escrevemos essas músicas em 2019, e não tínhamos nenhuma ideia de como 2020 seria simplesmente péssimo para todo mundo. Tem sido um ano bem difícil para todos ao redor do planeta, e fico grato por nós termos um trabalho cheio de esperança, que possa curar, e cheio de positividade.
“Mama’s Boy” contém realces do que é ser americano hoje em dia. Agora que estamos presenciando uma união social ao redor do mundo, especialmente com o movimento “Black Lives Matter”, por exemplo; na sua opinião, com suas palavras agora, o que é ser americano em 2020?
Bom, tenho certeza que você viu as notícias; nós obviamente temos o problema do racismo, e o problema com a força policial. Está sendo duro, mas é realmente encorajador ver todo mundo meio que se juntando e se unindo por um bem maior. É incrível ver tantas pessoas usando suas plataformas para trazer consciência, e criar algum tipo de mudança nesse país. Estamos longe da perfeição, mas eu ainda tenho orgulho de ser americano e (no sentido de) ficar ao lado de irmãs e irmãos negros, assim como na comunidade LGBTQ — ficar ao lado, lutar por eles e com eles. Acredito que estamos indo na direção certa, com certeza, mas ainda há trabalho a fazer.
E sobre concertos no futuro? Sabemos que estamos numa época bem complicada para falar sobre isso, principalmente sobre shows ao vivo, mas vocês tem planos de vir ao Brasil quando tudo voltar ao normal?
Sim, claro que temos! Nós somos incrivelmente apaixonados pelo seu país, e pela América do Sul em geral — sentimos que pertencemos aí, e que há pessoas que nos querem presentes. Para efeito de comparação, algo que é bem legal, é que o Kings of Lion é de Oklahoma, de onde venho! Eles estão apenas a duas horas de distância, ao sul. Sei que vocês não só carregam uma grande apreciação por música, mas vocês também carregam um grande amor por bandas; isso é muito legal.
Nós queremos nos apoiar nisso e, sabe, ficamos tão tristes quando estávamos aí para tocar no Lollapalooza e conseguimos cantar só uma música e meia, porque o clima ficou ruim… Tivemos nosso set cortado e não havia absolutamente nada a fazer. Foi de partir o coração, mas nós estamos ansiosos para voltar!
Estamos no final da entrevista, mas gostaria de saber se poderia me dar três palavras para descrever o novo álbum do LANY.
Caloroso, familiar…. E honesto.
Bem, agradeço por ter aceitado essa entrevista e ter conversado comigo, Paul. Muito obrigado mesmo!
“Obrigado, te amo!”