Se desde 2018 Urias se jogava ao lançar músicas e experimentar com os diversos gêneros musicais de lá até aqui, podemos dizer que ela parece ter encontrado exatamente o seu lugar com seu primeiro álbum “FÚRIA”, lançado na noite de ontem (13). A artista mostra com o “FÚRIA” que está no patamar de grandiosidade de artistas como Pabllo Vittar e Glória Groove, em sua própria forma e estilo.
No trabalho, a artista não só se mostra a badass capaz de fazer e ser tudo, mas também varia entre mostrar suas vulnerabilidades. Isso é muito bem expresso não somente nas letras como também na sonoridade.
Destaques de “FÚRIA”, primeiro álbum de Urias
Onde mais se pode observar essa sinceridade são em faixas como “Intro”, “Pode Mandar”, “Foi Mal”, “Interlude” e “Tanto Faz”. Construído sonoramente muito em cima do drill e garage, com letras certeiras e que nos impressionam com o seu flow impecável, ainda assim há o espaço para o desacelerar.
“Pode Mandar” é provavelmente a música que mais sintetiza “FÚRIA”: Urias quer tudo e quer agora. Ela está armada, mas só vai atacar quando e se for necessário (spoiler: vai ser). Perto do que ela merece, realmente não tem quase nada e está disposta a ir à luta.
Se já é difícil ser artista nos dias atuais, imagine sendo queer e negra. Em “Interlude”, ela desabafa sobre como todo o mínimo que faz é o máximo de alguns grandes artistas medianos hoje em dia, e não tem metade do reconhecimento e sucesso que eles alcançam.
“Foi Mal” é a faixa já conhecida por nós, que tem um pouco do pop psicodélico lembrando Tame Impala e com uma voz arrastada deliciosa. Há também uma onda de sentimentalismo que casa muito bem com a melodia.
“Tanto Faz” é uma surpresa e tanto no álbum. Faixa que fecha a obra e provavelmente é a mais palatável para o público geral, mostra a potencialidade da voz de Urias com melodia desacelerada. Com guitarras e sintetizadores, a ela dá espaço para a Urias sentimental, em que além da raiva possui tristeza e muita conexão com sentimentos. Kika Boom ajudou a escrever e é uma grande aposta com seu clipe lançado:
Ainda que muito ligada ao drill, trap e garage, Urias ainda traz diferentes elementos, como toques da música latina, como os presentes em trechos de músicas como “Classic” e “Aposta”.
“Aposta” parece ter uma espécie de tango/bolero misturados com elementos do eletrônico e do trap. E, por falar nela, é certamente um dos pontos altos do álbum. Urias é a deusa maior, com letras que realmente fazem jus ao trecho de sua própria música: “navalha debaixo da língua”. Há diversos pontos e variações em sua duração, que por vezes é lenta e por outra bastante acelerada e nervosa.
Urias acerta em cheio nas escolhas para as colaborações. Virus, Hodari, Charm Mone, Monna Brutal e Ebony dão um brilho a mais no álbum, que tem como produção majoritária as participações de Zebu, Gorky e Maffalda.
Outros pontos altos de “FÚRIA” são “Peligrosa” e “Cadela”, com sacadas interessantes em suas letras, assim como artifícios sonoros na produção que cativam o ouvinte.
O álbum é memorável e supera expectativas que se tinha com o EP que revelava parte do álbum. Nos deixa com olhos ainda mais abertos para Urias e só nos faz torcer muito para que ela encontre ainda mais sucesso. Com uma turnê mundial como ato de abertura para Pabllo Vittar daqui alguns meses, é bem provável que isso aconteça.
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O único erro de “FÚRIA” é ele ter apenas pouco mais de 30 minutos de duração e já termos o conhecimento de quase metade de suas músicas dele. Ficamos com um gostinho de quero mais!
Nota: 8,5/10