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Entrevista: Lia Clark revela significado de novo álbum: “Amadurecimento”

‘Lia (pt. 1)’ é a primeira parte do terceiro álbum de estúdio da artista

novo álbum Lia Clark
Lia Clark apresenta primeira parte do novo álbum com raízes no funk. (Foto: Divulgação/@maicondouglasfotografia)

Os fãs da arte drag brasileira tem muito o que comemorar nesta semana: Lia Clark lançou o álbum “Lia (pt.1)” na noite de quinta-feira (3). O trabalho conta com sete faixas e é a primeira parte de um trabalho maior, que ganhará atualizações até o final deste ano.

No clima do lançamento, Lia Clark falou com exclusividade ao Tracklist e contou detalhes sobre o processo de produção do trabalho, fez um balanço sobre a carreira e a importância da presença da arte drag no funk brasileiro. Além de confessar ainda ficar nervosa antes de qualquer lançamento. “É uma sensação única e eu espero nunca deixar de sentir. É uma delicinha”, disse.

Entrevista com Lia Clark: novo álbum imprime a artista do começo ao fim

“Lia (pt. 1)” é a primeira parte do novo álbum de Lia Clark. De acordo com a artista, o trabalho é a realização de um desejo antigo e apresenta ao público a sua forma mais “crua”.

“O álbum significa amadurecimento enquanto pessoa e enquanto artista. É sobre pegar a responsabilidade para mim, acreditar nas minhas ideias, sobre se respeitar e entender que, no fim das contas, é meu nome que vai estar lá”, disse a cantora.

“Então, eu preciso estar gostando de tudo, estar por dentro de tudo e foi exatamente isso que eu fiz dessa vez: está tudo exatamente como eu queria e não tem um ‘A’ que está fora do lugar e isso me preenche enquanto pessoa e enquanto artista de uma forma única, sabe?”, completou.

Ela contou que o processo de criação do álbum aconteceu inteiramente durante a pandemia de covid-19, o que impactou diretamente como a artista trabalha e vive sua arte. Exemplo disso foi o fato da maior parte dos encontros com os produtores e compositores do trabalho aconteceu remotamente. “Tivemos breves encontros [presenciais], mas no fim deu tudo certo”, explicou.

No entanto, as restrições físicas não impediram Lia Clark de estar completamente envolvida em cada detalhe do álbum e a drag queen conta que “deu grandes pitacos” em todas as etapas de criação, da produção musical até a composição das faixas.

Ao fim do processo, a primeira parte do novo álbum de Lia Clark chegou ao púbico com 7 faixas, entre elas o sucesso ‘Eu Viciei’, participação com Pocah. Veja o tracklist do álbum:

  • Sentadinha Macia
  • PQP! (Feat MC Naninha)
  • VRAU
  • Não Fui Eu
  • Doce
  • Eu Viciei (Feat Pocah)
  • Sentadinha Macia (Video Break Mix)
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Foto: Divulgação/@maicondouglasfotografia

Sobre o trabalho, Clark explicou que espera que o público se conectar mais diretamente com a essência que a transformou em uma das maiores representantes da cultura drag no Brasil. “O novo álbum vem menos pensando na indústria e mais pensando em ser muito boa no que eu faço e se a indústria não abraça o que eu faço, está tudo bem”, completou.

Uma das características do Lia, neste primeiro momento, é que o trabalho não está sendo trabalho com singles e a artista explica que entrega o álbum como um projeto completo, que deve ser consumido pelos fãs de forma completa. “Esse é o primeiro passo desse CD: as pessoas conhecerem como um todo porque, quando você lança um CD já com single, essa música acaba tendo toda a tenção”, contou.

No entanto, para a sorte dos fãs, as faixas do álbum ganharam versões visuais no YouTube, feitos com a cantora explorando ainda mais a parte estética do novo álbum.

Lia Clark é um ato político no funk nacional

Uma das principais características de Lia Clark é que a cantora está imersa na música funk, o que a impulsionou ao público como a representante da comunidade LGBTQIA+ no gênero nacional. Sobre a importância de sua posição na indústria, Lia fala em “ato político” e destaca a importância de ocupar lugares antes inimagináveis para as minorias sociais.

“É importante estarmos ocupando espaço onde as pessoas não nos enxergavam e não achavam que era possível chegarmos, né? Então, estar no meio de um ritmo totalmente machista, misógino e LGBTfóbico é um ato político, sabe?”, diz Lia Clark em entrevista ao Tracklist.

Sobre essa característica, Lia ainda destaca a importância e relevância de outros nomes da comunidade, como Pabllo Vittar no forró, Glória Groove nas artes gerais e Rita Von Hunty dando aulas.

Apesar do sucesso atual, Lia Clark conta que nem sempre foi tão confiante e que a aceitação do público vai contra o medo que tinha no começo da carreira.

Eu fico muito feliz das pessoas terem comprado essa ideia porque toda vez eu lembro que quando eu estava começando eu ficava com medo de virar piada na internet, que as pessoas iam achar engraçado uma drag queen fazendo funk com uma voz anasalada, sem saber o que estava fazendo. Graças a Deus eu fui amadurecendo, as pessoas começaram a perceber esse amadurecimento e foram comprando a ideia comigo.

Lia Clark para o Tracklist.

Lia Clark divulga o novo álbum entendendo sua evolução, dizendo ser grata pelo desenrolar das coisas e reconhecendo que as dificuldades e obstáculos do caminho serviram para construir uma artista madura e consciente de seu papel.

“Eu sou muito mais madura hoje e tudo o que passei pela minha carreira, dificuldades e obstáculos, rasteiras, pessoas que não deveriam passar no meu caminho e pessoas que deviam passar no meu caminho, toda a história que aconteceu nesse meio de lançamento, fazer shows e minha carreira, desde 2016, me fez amadurecer e ficar muito espero para o mundo”, explica.

Ouça ‘Lia (Pt. 1)’, o novo álbum de Lia Clark:

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