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Entrevista: Marcelo Falcão fala sobre “Em Busca da Luz” e arte na pandemia

Busca pela consciência e empatia são as duas palavras-chave que definem o novo projeto de Marcelo Falcão. “Em Busca da Luz” é o mais novo single do ex-vocalista do O Rappa cuja composição é de sua autoria, trazendo consigo um desabafo crítico sobre a condução política nesse momento pandêmico que estamos vivendo e palavras de esperança para o futuro.

Foto: Divulgação

Lançado nessa sexta-feira (20), o projeto conta com um clipe repleto de diferenciais que fazem com que a imersão do público na mensagem seja ainda maior. Em formato de realidade virtual, os fãs poderão conferir o vídeo de uma nova perspectiva e cada reprodução de todo o trabalho será convertida em uma doação à Mães da Favela, iniciativa da CUFA Brasil que visa ajudar mais de 2.415.000 famílias. Em entrevista ao Tracklist, Marcelo Falcão compartilhou mais sobre como foi a produção de “Em Busca da Luz” e sua arte durante a pandemia.

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Leia na íntegra a entrevista com Marcelo Falcão

  • Muito de sua arte atual está sendo inspirada por esse momento de pandemia e acredito que a de muitos artistas também. Como está sendo esse período pandêmico para você no lado artístico?

Tenho aproveitado estar mais com meu filho e com minha esposa, meu filho tem dois anos e meio, ficar o máximo que eu posso ficar com ele e, entre esse tempo, muito protegido e muito testado, estar no estúdio também o tempo todo fazendo música. Eu tenho feito vários singles com pessoas que eu já tinha prometido que eu queria, pessoas que fazem a minha cabeça muito pra fazer som atual, principalmente essa nova geração, e ao mesmo tempo tô fazendo, a partir de “Em Busca da Luz”, um EP que tem músicas que se entrelaçam e que fazem parte do mesmo desabafo de que com inteligência a gente vai conseguir a nossa mudança. Então, nesse aumento de pandemia eu tenho ficado realmente com a minha família e tentado ao máximo fazer o meu lado criativo fluir cada vez mais dentro do estúdio, é isso que eu tenho feito.

  • “Em Busca da Luz” é um desses projetos motivados por toda essa experiência. Qual mensagem você quis trazer nesse novo single?

A mensagem que eu carrego no meu currículo de vida, que é a minha escola que é O Rappa, é botar o dedo na ferida da forma que eu acredito ser a certa, com inteligência e maturidade, que a gente possa realmente conquistar as pessoas e tirar essas pessoas da escuridão. Somos comandados por pessoas que vivem nessa escuridão, vivem sem luz e a gente tenta resgatar o máximo de pessoas que são essas com luz que vão fazer realmente a virada com inteligência de tudo de ruim que tá acontecendo com a gente. Então, “Em Busca da Luz” minha inspiração veio totalmente por aí.

  • Diversas partes da música trazem um desabafo crítico sobre a condução política e o dinheiro arrecadado no clipe será convertido em doações para um projeto social. Há um uso de seu trabalho como ferramenta por mudança na sociedade. Quais papéis sociais você acredita que a arte exerce ou pode exercer?

Eu acredito que desde, como eu falei, da escola ‘Rappa de ser’… Hoje, eu sou uma célula do O Rappa seguindo, todos juntos é O Rappa, eu sozinho sou o Marcelo lá do O Rappa que continua pensando e fazendo da minha criatividade o meu destino com a música mesmo. Então, eu acredito sim que qualquer situação que o Papai do Céu vier a me abençoar eu possa fazer com a minha arte algum movimento social que eu possa melhorar a vida de algumas outras pessoas.

Eu tenho realmente essa crítica, esse desabafo sem fazer parte de qualquer história dessa porque eu tenho ojeriza à política que é conduzida no meu país, onde o grupo atual, o grupo antigo, todos eles se apropriam do acreditar das pessoas pra usufruir e fazer deles uma riqueza pessoal que era para ser muito diferente. Era para ser o olhar pelo povo e nunca é, nós somos traídos constantemente como sempre. Então, eu queria trazer esse desabafo realmente porque eu tenho ojeriza a essa camada que convive com a gente, que cuida desse mundo que era pra ser cuidado decentemente e eu queria trazer uma esperança através dessa abençoada que Deus me dá de lançar mais uma música na minha vida: que os players e os views dessa vez fossem todos arrecadados pela CUFA nessa parceria que a gente tá fazendo pra chegar até o Mães da Favela, que tem muitas pessoas carentes e necessitadas de alimentação, de cuidado e de carinho que é isso que eu tento fazer com a minha música sempre.

  • O clipe é repleto de diferenciais muito especiais, que faz com que a imersão na música e em sua mensagem seja ainda maior. Temos animações, design motions, realidade virtual e mais. Como foi a elaboração e produção desse projeto?

Eu sou cercado, graças a Deus, por pessoas muito ligadas à tecnologia: meu irmão, minha prima, meu pai, principalmente minha assessora. Então, esse universo faz com que eu queria um dia ‘roots’, muito ‘roots’ na minha vida, aprendi a ser assim, o momento era esse e hoje em dia com a tecnologia eu consigo trazer mais pessoas pra esse tipo de pensamento, que é parecido com o meu. Que dentro da gente tem uma mudança, tem uma esperança de luz, que a gente vai fazer essa virada. Então, eu queria fazer com que as pessoas tivessem dentro do videoclipe comigo, que tivessem dentro dessa história comigo da melhor maneira possível. Com isso, eu conheci o Flávio, um cara que tem várias câmeras de 360º que me apresentou um projeto que eu fiquei super apaixonado e quis fazer o videoclipe logo na sequência. Eu tava vendo um vídeo demonstrativo dele e parecia que eu tava dentro do vídeo com as pessoas que estavam tocando, então isso me emocionou e fez com que eu quisesse estar junto nessa estética vertical, VR, onde tudo acontece ao mesmo tempo, o chão, o piso, o lado, em cima, embaixo… e as pessoas possam estar comigo nessa pra saborear nesse momento esse desabafo do velho rasta que a gente tenha ali na frente a esperança de mudança. É um presente para os meus fãs e um abraço na tecnologia, que tem andado lado a lado comigo graças a Deus.

  • Com todos esses recursos visuais, você acredita que isso possa ter alguma influência na internalização da mensagem no público?

Eu acredito que o público que me acompanha e outros que tem tido a oportunidade de me conhecer, eles ficam bem felizes e acredito que essa mudança de eu cada vez mais trazer essa tecnologia e esse tipo de abraço tecnológico para perto dos meus fãs, pessoas que curtem a minha música e sentem a minha missão como uma conversa de amigos através de música… Que tudo isso possa acontecer da melhor forma e eu tenho total certeza que cada vez que eu me misturo com uma nova tecnologia, os meus fãs estão abertos para ela e eu fico muito grato de estar podendo fazer isso em 2021, onde a música pode chegar a qualquer tipo de alcance, ainda mais se for com a tecnologia e essa linguagem dos gamers atuais. O mais importante é eu que lançava música pra concluir um projeto pessoal meu e fazer com que várias pessoas me apoiassem e a gente andasse pra frente fazendo isso, hoje em dia eu faço isso de uma forma que eu possa ajudar cada vez mais as pessoas, ainda mais em “Em Busca da Luz” que com cada player eu alimento uma família.

  • Pra finalizar: na sua opinião, o que precisamos fazer ou começar a fazer para ir “em busca da luz” e encontrar o sol?

Cara, a energia positiva existe dentro de todo mundo, você direciona ela pra qual tipo de missão você quer na sua vida. Eu tenho uma missão que é passar através da minha música tudo aquilo que eu acredito em forma de desabafo com inteligência, que tenha todo tipo de aprendizado que eu tive na minha vida que eu coloco pra frente, mas que eu sempre me importe com as pessoas. Então, eu tenho total certeza de que essa é a minha missão e que eu continuando desse jeito, eu consigo satisfazer o meu coração, mas ainda mais: ajudar muitas pessoas que estão em determinado momento precisando de uma luz. Essa luz que eu tanto falo é o seguinte: a luz é saber que somos comandados pela escuridão e que, cada um fazendo a sua parte sem se deixar levar ou ser massa de manobra de que grupo seja, a gente possa alcançar, com dignidade sim, com resignação sim, mas com atitude de que não é com guerra, não é com luta, com agressão que a gente vai conquistar a nossa liberdade nesses momentos tão difíceis que a gente sempre pensa que vão passar e eles voltam novamente.

Se deixar tudo ir por água abaixo, é uma vida perdida ou várias vidas perdidas, então a gente deve sim motivar as pessoas a continuar encontrando luz dentro delas, encontrando o que cada um tem de especial para que a gente possa fazer essa mudança e essa mudança é com inteligência, ela não é de nenhuma outra forma. Estamos falando de um mundo muito avançado, que é esse mundo tecnológico, então não há fake news que vai fazer isso acontecer, não é com guerra, polarização, amigos deixando de ser amigos e brigando por causa de cores que isso vai acontecer… Então, como eu tenho ojeriza e sempre vi no social a ojeriza política que faz aqui no meu país, eu tenho no social um grande abraço que eu posso dar e receber todos os dias pra aqueles que precisam e pra minha pessoa, que eu sou uma condução disso tudo. Deus me abençoa e eu vejo quantas pessoas eu posso abençoar com cada projeto desse que eu elaboro.

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