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Review: Gaby Amarantos lança álbum “Purakê”, com sons futuristas do Norte

Demorou mas chegou! Após quase 10 anos do seu primeiro álbum “Treme” (2012), nessa última quinta-feira (02), a cantora e compositora paraense Gaby Amarantos lançou o seu novo álbum de estúdio, “Purakê”. Marcado por encontros com grandes artistas da música brasileira, o álbum com 13 faixas se apresenta com múltiplas variedades na sonoridade, mostra uma nova faceta e conceito de música nortista.

O treme contagiante de Gaby Amarantos

Foto: Divulgação

Quando lançado ainda em 2012, o álbum “Treme” foi um ótimo e bem sucedido cartão de visita. Não só para quem Gaby Amarantos era como artista, mas para a música feita nas periferias do norte do Brasil, que até hoje, ainda é pouco conhecida pelo país. O seu trabalho naquele disco, de misturar o tecnobrega, merengue e o tecnomelody, com letras e refrões pop, trouxe grande atenção do público, que ficou hipnotizado por essa música tão elétrica e dançante.

Quase uma década se passou, e o disco continua muito atual. Poderia ser lançado hoje, que não envelheceria um dia. Olhando para trás e vendo hoje, “Treme” com certeza influenciou tanto a música do norte como o cenário do pop brasileiro, que naquela época, ainda estava timidamente se formando. Se hoje vemos cada vez mais o pop nacional se apresentando com tanta autenticidade, diversidade musical e de artistas, deve-se às portas que forma abertas antes.

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O choque do futuro de “Purakê”

Imagem: Divulgação/ Rodolfo Magalhães

Agora em outro cenário, com o pop brasileiro muito mais consolidado, e com a carreira de Gaby Amarantos também, como trazer um disco que consiga ser tão impactante quanto o “Treme” foi lá em 2012?

Na coletiva de imprensa virtual do disco, Gaby contou ao Tracklist que pretende mostrar às pessoas, com o “Purakê”, que a música do Norte e a Amazônia têm muito mais a oferecer do que elas imaginam. “As pessoas conhecem Calypson, o tecnobrega e até o carimbó. Mas o ‘Purakê’ quer mostrar para além disso tudo: ‘o que mais que o povo dessa região é? Em que lugar essas pessoas estão conectadas?’, e firmar também essa coisa da periferia e do tecnobrega que são muito importantes para mim”, disse.

Muito além de ser mais um álbum reflexo de playlists ou do que vai “hitar” ou não, o “Purakê” é uma narrativa eletrizante do começo ao fim. Jornada essa que começou a ser produzida em 2019, no mesmo barco que aparece no clipe de “Q.S.A.”, colaboração com Jaloo.

O álbum nasceu no Rio Arapius, no coração da Amazônia. “Tem um feat que é muito poderoso no álbum, que é com a Viviane Batidão e Leona Vingativa. A música se chama “Arreda”, e assim como o Caetano Veloso falou ‘A Bossa Nova é foda’, a gente falou: ‘Arreda, arreda Isso é tecnobrega/Abre a roda tecnobrega é foda/Abre a roda tecnobrega é foda/Explode, explode, aqui é o som do norte’. Então a mensagem principal do ‘Purakê’ é essa. Nós da Amazônia estamos pensando música no futuro. Propondo coisas que ninguém ainda propôs. A gente vem com muita coragem de propor isso e com muito autenticidade. Sempre conectados com a essência”, concluiu Gaby.

Melhores momentos de Purakê

Imagem: Divulgação/ Rodolfo Magalhães

Longe de querer recriar um “novo Treme”, em “Purakê”, Gaby Amarantos mostra a consolidação da sua voz artística. Apresentando uma produção que busca roupagens diferentes ao seu repertório, ainda que passem por gêneros musicais como o tecnobrega, brega e guitarrada, a qual Gaby é tão popular por fazer. O encontro da cantora e Jaloo, que ficou na direção musical do projeto junto a outros parceiros na produção como Félix Robatto, Baka, Lucas Estrela e Dj Wash Squash, foi tão consistente, que respinga em todos os aspectos e detalhes do álbum como um todo.

Imagem: Divulgação/ Rodolfo Magalhães

Além disso, é um disco que é marcado por grandes encontros com nomes da nova geração, como Luedji Luna, Potyguara Bardo, Jaloo, Liniker e Urias. E também Gaby não perde a chance de trazer nomes já renomados, com artistas que abriram as portas na música, como Dona Onete, Elza Soares, Alcione e Ney Matogrosso. Confira os melhores do momentos do disco:

“Ultima Lágrima Ft. Elza Soares, Alcione e Dona Onete”

Abrindo com um instrumental grandioso, composto por sintetizadores, o grave pesado e com um batuque de tambor, esse é um dos melhores momentos do álbum, e que com certeza Gaby deve ter muito orgulho de ter ela no disco. A união de todas essas vozes poderosas fala sobre um momento de transição da dor para um estágio em que é preciso levantar a cabeça e seguir em frente. A voz de Dona Onete é quase como um guia durante a faixa, que é uma verdadeira jornada, e os timbres de Elza Soares e Alcione só elevam a profundidade da música.

“Amor Fake”

A união da sonoridade e estrutura tradicional do brega junto com os elementos mais eletrônicos, com efeitos vocais e graves, mostram a mistura muito bem costurada do passado com o futuro. Aqui, Gaby fala sofre por um amor de aplicativo, feita para dançar bem coladinho com alguém ou até mesmo sozinha com aquele copo de cerveja na mão, sabe?

“Amor Pra Recordar” ft. Liniker

Acompanhado de um videoclipe que facilmente poderia se tornar uma novela, essa é a baladinha mais emocionante do disco – e diria que até de toda a carreira da Gaby. Ao lado da potencia vocal de Liniker, a combinação desses duas vozes entrega exatamente a emoção que a composição precisa. Afinal, é uma narrativa que fala sobre perda e de um amor transcendental e eterno, independente da distância que aquela pessoa esteja. É o tipo de música que já nasceu com cara de clássico, para tocar em novelas e filmes.

“Arreda” ft. Leona Vingativa & Viviane Batidão

Um dos momentos mais contagiantes do álbum, a faixa exalta todo o poder da música do Norte, como uma grande homenagem ao tecnobrega. A música foi feita para tocar nas pistas e nas aparelhagens, tendo até os momentos que encaixam exatamente com um coro de uma plateia A junção de Viviane Batidão e Leona Vingativa trazem a imponência e agitação que a produção e composição provocam.

Considerações finais

Imagem: Divulgação/ Rodolfo Magalhães

No final, Gaby Amarantos mostra a consistência do seu ofício e um frescor no atual cenário musical brasileiro em um álbum que é divertido, profundo e pop, mas que cumpre um propósito importante: mostrar que a música feita no Norte do Brasil é multifacetada.

Com certeza é um dos projetos mais diferentes da carreira de Gaby, mas que faz sentindo com a evolução dos últimos anos. Portanto, no Purakê” não há regras. Apenas uma efervescência de criatividade e emoções, captando a potencia do presente enquanto abre os caminhos para o futuro.

Nota: 9/10

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