Em 13 de fevereiro de 2020, Billie Eilish lançou o single “No Time to Die“, da trilha sonora do último filme homônimo – o último da saga “007″ com Daniel Craig no papel de James Bond. Àquela altura, Hollywood estava confiante com este e outros tantos grandes filmes programados. Até que veio a pandemia, as salas de cinema fecharam e diversos filmes foram adiados. O próprio “No Time to Die” tinha seu lançamento previsto para abril de 2020, mas chegará aos cinemas só no final de setembro.
As canções originais dos filmes da franquia 007 são uma atração à parte, tanto pela sonoridade, quanto pelo sucesso que fazem. As faixas vão fundo nas histórias de James Bond, incorporando à narrativa um elemento adicional: as aberturas com visuais que são verdadeiros videoclipes para as músicas.
Em 2013, Adele fez subir o patamar quando “Skyfall“, composta por ela e pelo produtor Paul Epworth para o filme homônimo, venceu o Oscar. Três anos depois, o feito se repetiu com “Writing’s on the Wall“, de Sam Smith e Jimmy Napes, para o filme “Spectre“. Feitos que não foram conquistados nem por “Live and Let Die”, de Paul McCartney, que embalou o primeiro filme com Roger Moore no papel do agente.
Billie Eilish e “No Time to Die”
Não é qualquer artista que é convidado para interpretar o tema original de um filme de “007”. Tanto Adele quanto Sam Smith estavam em momentos brilhantes de suas carreiras quando toparam a missão. Não seria diferente com Billie Eilish.
Depois de se tornar o grande nome do Grammy, ao conquistar cinco prêmios ao lado do seu irmão, FINNEAS, era impossível que o nome para encerrar a era Daniel Craig fosse outro. Billie Eilish experimentou o que é estar no topo do mundo da música, e só não desfrutou de tudo porque a turnê do seu disco de estreia, “WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?”, foi adiada, também por conta da pandemia. Agora, com seu novo disco “Happier than Ever“, ela volta a ser destaque e já aparece como uma das favoritas para o Grammy do ano que vem.
A dúvida que fica é se Billie Eilish terá a mesma honra de seus antecessores e será indicada ao Oscar de “Melhor Canção Original” pela sua performance de “No Time to Die”, devido ao single ter sido lançado há um ano, mas ter ficado de fora da disputa por conta do período de elegibilidade da última edição da premiação, após os adiamentos do filme. É claro que, de qualquer forma, a faixa continua na trilha sonora, a ser lançada também em outubro. Mas o retrospecto da categoria exige cautela.
A sabotagem contra Lana Del Rey no Oscar
Na edição de 2014, muita gente foi pega de surpresa por não ver “Young and Beautiful” indicada. O tema de “O Grande Gatbsy”, interpretado por Lana Del Rey, não pareceu boa o suficiente aos olhos da Academia, perdendo espaço até mesmo para canções que passaram despercebidas.
Acontece que a cantora foi alvo de uma sabotagem motivada por interesses escusos. À época, circulou a história de que a comissão responsável por selecionar as canções na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood teria recebido uma carta anônima. No conteúdo, um falso artigo atribuído a revista Variety visava desqualificar a canção, argumentando que ela não seria elegível a um Oscar. O artigo nunca existiu ou sequer foi publicado pela revista ou qualquer outra publicação.
A Warner Bros Studios até tentou driblar a situação, lançando um pequeno clipe mostrando a colaboração de Lana Del Rey para o filme, exibindo todo o charme e emoção da cena em que Gatsby (Leonardo DiCaprio) apresenta sua mansão à Daisy (Carey Mulligan). Não foi suficiente. A canção se tornou um assunto desagradável entre os membros votantes.
Nem mesmo quando foi descoberto um e-mail em que o compositor Bruce Broughton encorajava votantes a escolherem sua canção, “Alone Yet Not Alone”, de um filme cristão, independente e de pouca expressão nas bilheterias. O tema foi indicado, mas removido da categoria após a controvérsia vir a público: Broughton era membro do comitê de música da Academia, e sua influência foi decisiva. Lana Del Rey não teve uma segunda chance.
Os interesseiros de plantão poderão pensar em usar uma tática parecida na próxima edição do Oscar, tentando deslegitimar o trabalho de Billie Eilish por ter sido lançado muito tempo antes do período de elegibilidade. Da Academia, espera-se que tenha repensado o processo seletivo da categoria, tornando-o menos vulnerável a influências.