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Rina Sawayama lança álbum de estreia eclético e com personalidade

Rina Sawayama é uma cantora e compositora que nasceu no Japão mas ainda criança se mudou para Londres. Em 2017 saiu o seu primeiro EP, RINA. Após três anos desde o seu último projeto, nessa sexta-feira (17) a cantora lançou o seu primeiro álbum de estúdio, “SAWAYAMA”.

Algo que me chamou atenção desde o início foi o seu timbre diferenciado. Um pouco mais grave, em alguns momentos a sua voz lembra até a voz de Christina Aguilera. Além de suas ótimas músicas, algo que sempre notei foram a sua personalidade e estética forte e bem desenvolvida, em todos os seus trabalhos lançados. Por isso, em SAWAYAMA não seria diferente.

O ÁLBUM

SAWAYAMA é um álbum de 13 faixas com autenticidade e algo ‘fresh’ para a indústria. Sim, é um álbum essencialmente pop, mas não se engane: aqui o rock influencia e aparece durante todo o projeto. As nuances são perceptíveis durante o disco, ao transitar por diferentes gêneros musicais, de formas sutis e coerentes.  O rock e metal em STFU! , a influência do trap em Akasaka Sab e o synthpop oitentista – com uma pitada de Whitney Houston – em Love Me 4 Me, mostram que o que poderia soar clichê e mais do mesmo, na verdade surpreendem com produções ecléticas, inteligentes e experimentais.

DESTAQUES

DYNASTY

O disco já abre com um momento grandioso. Dynasty conta com acordes de guitarra, mesclado com uma orquestra ao fundo e bateria, que ajudam a cria uma atmosfera épica para a música. Perto do final, tem um break que dá espaço para o instrumental brilhar ainda mais, onde Rina mescla as suas notas vocais com as notas da guitarra, deixando a faixa ainda mais potente. A letra reflete sobre as origens da cantora e exalta a sua cultura e o legado que ela quer deixar e fazer jus a sua família. A sonoridade é pop/rock, que inclusive vai acompanhar bastante durante o disco. Eu consigo visualizar facilmente essa música em Pray for the Wicked , o último álbum lançado da banda Panic at the Disco!  

XS

Das melodias à sonoridade, a homenagem ao pop dos anos 2000 aqui é bem clara. Essa é uma das minhas favoritas do disco, e o instrumental remete diretamente ao pop/r&b que Britney Spears fez em “Oops…I Did It Again” (2000). Rina opta por uma produção que brinca com essa nostalgia e ao mesmo tempo experimenta, trazendo repentinamente acordes agressivos de guitarra após os refrões, que dá uma virada inesperada na estrutura da música. Já na composição, a cantora faz comentários sobre a nossa sociedade capitalista e toda a pressão do consumismo, de forma bem sarcástica e pop. “When all that’s left is immaterial / And the price we paid is unbelievable / And I’m taking in as much as I can hold / Here are things you’ll never know / Make me less so / I want more (More) / Bought a zip code / At the mall/ Call me crazy / Call me selfish / Say I’m neither / Would you believe her”

Comme Des Garçons (Like The Boys)

Feita para as baladas, nessa faixa seguimos em uma direção diferente no álbum. A letra é sobre se sentir confiante e bem consigo mesma. Por isso, a produção eletrônica e dance, amplifica muito bem esse sentimento, que inclusive lembra algo que estaria no álbum Honey (2018), da sueca Robyn. É uma das mais pop do disco e também foi lançado um remix com a participação de Pabllo Vittar.

Who’s Gonna Save You

Com certeza um dos pontos altos do disco, essa música é a definição de poder e energia! A sonoridade é marcada pela guitarra junto a bateria, e a medida que os vocais crescem no pré-refrão, a guitarra acompanha, criando clímax que estoura no refrão. É aquela música que faria todo mundo cantar em um estádio lotado, sabe?  O tom vocal no refrão é muito forte e preenche todo o espaço da música. Esse é o momento mais rockstar de Rina no álbum!

CONCLUSÃO

Em SAWAYAMA, Rina opta por mostrar as suas influências musicais, transformando em um álbum eclético, pessoal e ainda coerente. O disco consegue ser um trabalho refrescante no mundo da música pop, em meio a tantos lançamentos esquecíveis e genéricos. Ela mostra que é possível estar antenada nas tendências do mainstream, mas não se render aos clichês e perder a sua própria identidade. Em seu disco de estréia, Rina Sawayama deixa impresso em cada canto e aspecto dele a sua marca, personalidade e origens, de forma criativa e sem medo de experimentar.

NOTA: 8.5 / 10

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