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Review: Anitta resgata raízes do funk em novo álbum, “Funk Generation”

7º álbum da artista brasileira foi lançado na última sexta-feira (26)

Anitta na capa do Funk Generation | Foto: Divulgação
Anitta na capa do Funk Generation | Foto: Divulgação

Meses após falar que seu novo álbum estava chegando, Anitta finalmente lançou, nesta sexta-feira (26), seu mais novo disco de estúdio,Funk Generation. Com 15 músicas e pouco mais de 35 minutos de duração, o material é o primeiro da artista sob o selo da gravadora Republic Records.

Incluindo parcerias com nomes nacionais e internacionais, que vão de Dennis a Sam Smith, o material apresenta nuances do funk brasileiro, sendo a mais nova aposta da artista para o mercado mundial.

Foto: Richie Talboy/Divulgação

Com no “Funk Generation”, Anitta revisita época do Furacão 2000 e explora novas versões do gênero

Desde que anunciou o “Funk Generation”, Anitta deixou claro que o material seria voltado ao funk, trazendo sons e referências que a inspiraram a ser artista que é hoje. Logo nas primeiras faixas, a cantora resgata o som dos funks dos anos 2000 – incluindo o da própria MC Anitta da Furacão 2000.

Anitta explicou, em uma postagem no X, as referências que cercam o novo álbum. “Esse projeto traz nuances desse gênero musical 100% brasileiro e marca minha trajetória como pessoa e artista. O funk é parte da cultura de quem mora nas favelas brasileiras, de onde eu vim. Já foi julgado como sem valor e até mesmo relacionado ao crime organizado. Reflexo do preconceito de classe e racismo que assombram a nossa sociedade”, disse.

Batidas dos anos 2000 introduzem o álbum e permanecem durante boa parte do material, ganhando destaque em canções como “Grip”, “Fria” e “Meme”. Porém, quem pensa que tudo traz o passado logo se engana. Elementos atuais de pop, trap, reggaeton e até mesmo vogue são combinados com o gênero carioca em produções sofisticadas, como é o caso “Savage Funk” e “Aceita”.

Hoje é possível reconhecer que o alcance dos primeiros trabalhos de Anitta no mercado latino lhe deram abertura, contatos e conforto para a existência do “Funk Genaration”. Grandes produtores e compositores estrangeiros somam ao longo do trabalho, como Jacob Gago (Yung Bae), Diplo (Madonna), Stargate (Pink), entre outros.

Nomes nacionais que já trabalharam com IZA, Ludmilla, Pabllo Vittar e até mesmo com a própria Anitta marcam presença em grande parte do álbum, como Gabriel do Borel, Gorky e Pablo Bispo.

Outro destaque do álbum é a disposição vocal de Anitta que muda constantemente ao longo do disco. Há faixas rimadas, cantadas, trechos com múltiplos efeitos, entre outras variações, trazendo tons suaves ou agressivos, dependendo de cada canção.

Por outro lado, as composições poderiam ser, de forma geral, mais trabalhadas. “Grip” e “Savage Funk“, por exemplo, falam sobre sexo de forma ligeira e com muitas repetições de letra e estrutura.

Um fator interessante é que, no meio do disco, é possível observar pitadas do funk paulista e mineiro, como em “Puta Cara” e “Sabana”, faixas ótimas que podem funcionar muito bem na próxima turnê da artista, “Baile Funk Experience” – sua primeira turnê internacional. Conhecidos pelos excessos de camadas e toques espaciais e misteriosos, é possível que as roupagens mineira e paulista deixem a experiência ainda mais interessante em termos de efeitos.

Quanto às colaborações, todas soam muito precisas em suas respectivas faixas, mas ver Sam Smith em um funk melódico foi uma grata surpresa. “Ahi” fala sobre desejo e parece que foi feita para o britânico, que encaixa toda sua potência e romantismo na produção.

Conclusão

Desde que se tornou “Anira”, a cantora ainda não tinha trabalhado em um projeto de tamanha exaltação às suas raízes. É importante ressaltar que “Bang”, “Kisses” e até mesmo o “Versions Of Me” flertaram o funk, mas com propostas e roupagens diferentes daquelas que predominaram o começo de sua carreira.

O novo álbum de Anitta é o mais puro suco do gênero periférico brasileiro, subestimado por muitos. É ambicioso, nostálgico e, ao mesmo tempo, muito atual. Não é absurdo dizer que, em breve, o material será fonte de inspiração e referência internacional em termos de música brasileira.

Nota: 9,5/10