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Os 10 melhores álbuns nacionais de 2019

Por Gabriel Haguiô e Allan César

2019 se aproxima do seu fim e já é hora de refletirmos sobre o ano que passou. Como já é tradição no Tracklist, listamos aqui alguns dos grandes lançamentos nacionais que marcaram a música ao longo dos últimos doze meses, desde as potentes mensagens do rap de Emicida e Djonga até revelações pop como Luísa Sonza e Malía. Tem de tudo!

Vem conferir os dez principais discos nacionais do ano!

10. “Pandora”, Luísa Sonza

Na estrada há algum tempo, Luísa Sonza lançou este esse ano o seu primeiro álbum de estúdio, o “Pandora”. Com oito faixas, o disco mistura o ritmos como pop, funk, soul e R&B, além mostrar a versatilidade vocal da gaúcha. Sem medo de arriscar, o disco tem músicas para todos os gostos com parcerias que caíram como uma luva.


9. “Goela Abaixo”, Liniker e os Caramelows

Ao longo dos últimos anos, Liniker e os Caramelows alcançaram patamares globais com sua inovadora sonoridade, fortemente influenciada por elementos do R&B, da MPB e da world music. O último disco do grupo, “Goela Abaixo”, traduz bem sua atual magnitude ao abordar a melancolia, a fragilidade e a beleza dos amores com maturidade e sensibilidade raramente encontrados na música nacional.

O trabalho, cuja produção foi auxiliada pelo edital Natura Musical, medita sobre a paixão e a desilusão em constante alternância, levantando questionamentos sobre as relações interpessoais em tempos líquidos como os nossos sob os mais distintos tons. A alegria de “Beau”, a doçura de “Bem Bom” (encantadora parceria com Mahmundi) e a delicadeza de “Intimidade” refletem a profundidade e o sentimentalismo responsáveis por popularizar uma das bandas mais talentosas da atualidade e por moldar um dos álbuns mais interessantes de 2019.


8. “Escuta”, Malía

Trazendo o frescor da MPB com umas pitadas de trap e R&B, a cantora Malía nos presenteou no ano de 2019 com o maravilho “Escuta”. Composto por 10 canções, a maioria escritas por ela, Malía canta sobre arte, amor e representatividade, bebendo de fontes como Djavan, Elis Regina e Alcione. O disco teve suas faixas apresentadas em um show ao vivo, no Rio de Janeiro. É impossível não se encantar pelo material!


7. “Anti-Herói”, Jão

O reizinho da sofrência pop lançou este ano o seu segundo álbum de estúdio, o “Anti-herói”. Com 10 faixas, Jão canta sobre amor da forma mais crua e direta possível. Sem muitos rodeios, é impossível não se imaginar nas histórias do cantor, sofrendo por um amor que te marcou. Caso esse gancho de composições não te cative, as melodias falam por si só.

Sem romantizar a tristeza, o cantor aborda todas as fases de um relacionamento , cantando abertamente sobre o que passou. Sem dúvidas é mais um passo para o cantor se firmar no cenário nacional.


6. “Besta Fera”, Jards Macalé

“Besta Fera”, uma das mais geniais criações da mente de Jards Macalé, é o perfeito meio-termo entre a luz e a escuridão. Apresentado sob uma sonoridade altamente atmosférica, o disco passeia por diferentes ambientes através da disposição de seus elementos musicais, como as soturnas madrugadas que nos transporta a grandiosidade instrumental de “Vampiro de Copacabana” e os coros alegres que a agitação de “Tempo e Contratempo” nos remetem. 

O álbum também marca o reencontro do cantor e compositor carioca com suas raízes, ao mesmo tempo que aperfeiçoa seu estilo com arranjos mais inteligíveis e uma maior complexidade lírica. “Buraco da Consolação”, uma das faixas mais comerciais do trabalho, destaca-se pelo equilíbrio entre os metais e a melodia grave de Jards com os vocais de Tim Bernardes, que simboliza a renovação musical que permeia a obra e torna “Besta Fera” um importantíssimo capítulo em sua carreira. Um poderoso e fundamental disco de um dos nomes mais criativos de nosso cenário.


5. “ft (pt. 1)”, Jaloo

Jaloo emergiu como uma das grandes revelações da música nacional em 2015, com o lançamento de seu aclamado álbum de estreia, “#1”. Desde então, o cantor paraense tem conquistado notoriedade em meio à indústria com sua sonoridade moderna e difusa, influenciada por diferentes décadas do pop e elementos da cultura brasileira. Seu mais novo projeto, “ft (pt. 1)”, promove uma fusão ainda maior de influências ao entregar 11 colaborações inéditas com artistas das mais variadas origens.

O disco, que bebe da mesma fonte que seu antecessor, foi gravado em parceria com grandes nomes do cenário, como Céu, Lucas Santtana e Dona Onete, e artistas emergentes como MC Tha, Lia Clark e Karol Conká. O resultado é um amplo encontro de gerações e estilos, que celebra a diversidade da música brasileira reforça o talento de Jaloo como uma das mais renomadas revelações nacionais nos últimos tempos.


4. “Matriz”, Pitty

Enfileirando sucessos absolutos ao longo de mais de duas décadas, Pitty mantém uma das carreiras mais consistentes da música nacional. “Matriz”, seu mais recente trabalho de estúdio, não apenas retifica a tese, como também comprova que a cantora baiana está mais afinada do que nunca, sem receio de ousar se reinventar a cada projeto.

Ao mesmo tempo que relembra os traços de suas primeiras obras, o disco marca um novo capítulo para a artista ao mesclar o impacto do rock com leves, mas eficazes influências regionais. Tal encontro está presente em canções como “Roda”, colaboração com o BaianaSystem em que mistura seu estilo com as harmonias dançantes do grupo, e “Te Conecta”, um reggae alegre e não menos significativo. Já faixas como “Noite Inteira” e “Ninguém É de Ninguém” remetem ao início de sua carreira, com uma sonoridade nitidamente polida e amadurecida com o passar dos anos.

“Matriz” reflete com clareza o perfil que Pitty assumiu para si a partir de cada ponto de sua discografia: uma cantora desprovida de fronteiras artísticas e cada vez mais inventiva, redirecionando-se a novos públicos e estilos sem se desprender dos elementos que a tornaram uma das grandes joias do rock nacional.


3. “Ladrão”, Djonga

A influência de Djonga na indústria fonográfica nos últimos três anos é inegável. O rapper mineiro ajudou a resgatar o impacto do gênero com obras diretas e certeiras, carregadas de críticas sociais que popularizaram seu nome pelo cenário nacional e abriram espaço para a difusão da nova geração do hip-hop. “Ladrão”, lançado em março, coroa sua ascensão meteórica com a mesma crueza de praxe, escancarando as feridas e revirando as próprias experiências com a intensidade que poucos são capazes de replicar na atualidade.

O álbum transita entre diferentes perspectivas do cantor sobre os mais variados tópicos, reunidos num mesmo contexto de libertação pessoal. Apesar de faixas como “Hat-Trick” e “Bené” se destacarem pelos versos agressivos e ritmos rápidos, por vezes o rapper desacelera o compasso para compartilhar seus laços familiares e suas vivências de forma tocante e sincera, como na emocional “Bença” ou na romântica “Leal”.

Entre diferentes alegorias das periferias ao pódio, “Ladrão” é uma celebração às conquistas do belo-horizontino e uma reflexão sobre suas raízes, a principal fonte de seu sucesso. Trata-se de uma audição fundamental para compreender as mazelas enfrentadas por grande parte das parcelas mais injustiçadas da população, que com artistas como Djonga, têm reivindicado seu espaço na cultura nacional. Abram alas pro rei.


2. “<atrás/além>”, O Terno

Em crescente amadurecimento, O Terno se consolidou como uma das mais importantes bandas nacionais da última década com sua surpreendente criatividade artística, que nos presenteou com obras-primas como “Melhor do que Parece” (2016) e o álbum solo do vocalista e compositor Tim Bernardes, “Recomeçar” (2017). “<atrás/além>”, mais recente obra do trio paulistano, não apenas sintetiza a jornada atravessada em seus antecessores, mas também expõe as incertezas e aflições de seus integrantes diante da maioridade.

“Passado / Futuro”, penúltima faixa do disco, resume bem a dualidade entre nostalgia e novidade que protagoniza o álbum. Ao mesmo tempo que o grupo disseca as apatias de sua própria geração, como em “Pegando Leve”, Tim e companhia ainda dialogam sobre os sentimentos de perda e permanência que formam a ponte entre o passado e o futuro, aprofundados em músicas como “Tudo Que Eu Não Fiz” e “Pra Sempre Será”. Todas as canções são acompanhadas por arranjos sinfônicos herdados pelos trabalhos individuais do vocalista, reforçando ainda mais o sentimentalismo da obra.

“<atrás/além>” traduz cada uma das agonias vividas em meio à passagem irrefreável do tempo. O arrependimento, a mágoa, a dúvida e a desilusão são temas recorrentes ao longo de 12 músicas que consagram a evolução artística de uma das mais talentosas bandas brasileiras dos últimos tempos, cujo contato com as mais íntimas memórias do ouvinte torna cada audição uma experiência renovadora e ainda mais comovente que a anterior.


1. “AmarElo”, Emicida

Durante toda sua carreira, Emicida se destacou por agregar aos debates de maior relevância social com discursos sólidos, cirúrgicos e essenciais sobre diversos temas. Desde as batalhas de rap, o cantor demonstrou uma análise sóbria a respeito das infâmias ao seu redor, conquistando aos poucos a visibilidade e a atenção do cenário. Uma década após o lançamento de sua mixtape de estreia, o rapper se firmou de maneira definitiva como uma das grandes vozes da música brasileira, cujas análises retratam as mazelas da realidade em forma de poesia — e em 2019, trouxe a maior delas.

Em tempos tão febris como os atuais, o paulistano volta a compartilhar uma leitura acurada sobre a sociedade. “AmarElo”, sua obra mais sensível e ambiciosa até então, é uma reação espontânea às crises enfrentadas em nosso país que raramente recorre à agressividade dos versos, mas sim idealiza a comunhão e o otimismo como formas de combater a anomia social e a institucionalização do ódio. Assim, o rapper celebra o amor na grandiosa “Principia” e a amizade em “Quem Tem Um Amigo (Tem Tudo)” sem deixar de lado as rimas politizadas, como em “Ismália” ou “Eminência Parda” — canções com fortes críticas ao preconceito racial e à violência policial contra os negros.

Ainda resta espaço para Leandro Roque de Oliveira dividir suas próprias memórias e experiências pessoais e nelas enxergar a esperança pelo amanhã. “Pequenas Alegrias da Vida Adulta” e “Cananéia, Iguape e Ilha Comprida” são faixas que exaltam os breves prazeres do cotidiano e exemplificam a intimidade que Emicida cria com o ouvinte sobre sua própria vida, reforçando a ligação entre ambos como parte fundamental da audição e gerando o contato direto que torna o disco ainda mais especial e reflexivo. Tal relação também é demonstrada em diferentes passagens do álbum que o aproximam de um caráter cinematográfico, como um trecho do cantor brincando com sua filha, uma emotiva recitação do poema “Ismália” por Fernanda Montenegro e um divertido monólogo do comediante Thiago Ventura.

“AmarElo” também marca a definitiva ascensão de Emicida ao topo da indústria fonográfica, consolidando-se como um de seus mais influentes nomes — não apenas no rap, mas entre variados gêneros. A ilustre participação de Majur e Pabllo Vittar na faixa-título do trabalho, por exemplo, aproxima o diálogo com diferentes públicos a partir da mesma batida, assim como em “Principia”, que é encerrada com o discurso de um pastor evangélico sobre um ritmo africano. Outras colaborações com artistas como Zeca Pagodinho, Drik Barbosa, MC Tha, Larissa Luz, Dona Onete e Jé Santiago, além de parcerias internacionais como o duo franco-cubano Ibeyi, o português Papillon e o grupo japonês Tokyo Ska Paradise Orchestra, ressaltam a pluralidade musical do cantor, que mescla diversos estilos e culturas sob uma mesma identidade ao longo das 11 músicas da tracklist.

Em meio às tragédias diárias e o cólera social que afligem o Brasil em pleno 2019, Emicida trouxe à tona o álbum mais importante do ano. “AmarElo” é uma experiência consoladora ante ao ódio e a intolerância que sintetiza as causas levantadas por toda a carreira do rapper, enaltecendo a esperança, o afeto e a redenção como chaves para a transformação ao lado da música. Apesar de parecer uma visão utópica, os frutos têm sido numerosos: o histórico show de lançamento no Theatro Municipal de São Paulo, por exemplo, evidencia a relevância do paulistano para o hip-hop nacional, conquistando espaços cada vez maiores para a população negra através de mensagens conscientes e precisas. Com seu novo disco, o cantor intensifica o mais fundamental dos elos e busca a crença por um futuro amarelo.


Os EPs de 2019

Durante todo o ano de 2019, uma nova configuração de divulgação de músicas tomou forma das plataformas de streamings. Conhecidos como EP’s, vários artistas adotaram o formato para melhor divulgação de seus trabalhos.

De 3 a 6 músicas, o EP’s são mini CD’s que possibilitam o artista trabalhar melhor a divulgação de suas canções, sem que nenhuma música seja esquecida no churrasco. Duas artistas que trabalharam o formato e tiveram destaque esse ano foram as drags Pabllo Vittar e Gloria Groove.

111 – Pabllo Vittar

Lançado no dia 1° de novembro, a primeira parte do disco da cantora Pabllo Vittar foi divulgada em um formato EP. Com 4 músicas, o 111 contou com os singles “Flash Pose”, “Parabéns” e “Amor de Que” e com a faixa “Ponte Perra”. Misturando ritmos como pop, PC music e brega, Pabllo balançou o cenário nacional e internacional.

ALEGORIA – Gloria Groove

Lançado em novembro, o “ALEGORIA” foi o primeiro trabalho fechado da drag desde o EP “O Proceder”. Com 4 faixas, Groove entregou um EP visual repleto de personalidade e qualidade, tratando de questões como homofobia, amor não correspondido e o famigerado “pink money”. Um hinário mesmo, né?

Gostou da nossa lista? Esquecemos de alguém? Comenta aqui em baixo qual álbum nacional você mais escutou durante o ano de 2019. Se você não conhecia nenhum desses, corre para adicionar na sua playlist e aproveitar o réveillon com muita música boa!

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