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OQTPH – Ouvimos “Death of a Bachelor”, a nova cara do Panic! At The Disco

Uma coisa já é fato confirmado: Brendon Urie se consagrou como hitmaker de mão cheia. Tudo que o rapaz toca vira ouro, cria cara de single, ou -no mínimo- gera polêmica. Na coluna “O Que Tem Pra Hoje?” dessa semana, vamos tratar de sua mais nova obra: Death of a Bachelor.

O vocalista não mediu esforços para ousar nesse novo álbum e trouxe uma “coisa” altamente contemporânea, com a cara dessa década. As influências são tantas que passaríamos horas e horas discutindo sobre isso com um sorriso aberto ao desvendar as fontes mais inusitadas que o rapaz agregou ao trabalho.

Se em 2013, com o “Too Weird to Live, Too Rare to Die”, Brendon se consagrou como a personificação da obra (considerando, também, que deu as caras como único membro oficial remanescente), mostrando uma face mais pop e eletrônica que nos CDs anteriores, agora, o Panic! (ou o Brendon) fortalece o conceito do disco passado, mas não se esquecendo daquele aspecto circense maroto de seus discos da década passada. É o Panic! At the Disco fazendo algo bem diferentão, barroco, exclusivo, mas com a identidade de uma banda formada em Las Vegas.

Capa do DiscoSem sombra de dúvidas, Death of a Bachelor é um marco, não só na carreira da banda, bem como no rock alternativo dessa década.

Em tudo Urie fez questão de reinventar. Quando menos se espera ele te surpreende com uma segunda voz diferenciada e inesperada, um riff eletrizante, um beat “fogo nas pistas” ou tudo isso junto.

A relação com as antigas obras da banda (sobretudo com o “A Fever You Can’t Sweat Out”) é muito evidente. A didelidade impressiona. Em Don’t Threaten Me With A Good Time por exemplo, temos um piano e riffs de guitarra que lembram a pegada antiga, porém com um swag a mais, algo que faz o ouvinte querer dançar de forma inusitada. Acrescente guitarras à Emperor’s New Clothes, umas galeras com calça lycra e cara pintada e teremos quase que uma canção extra do “…Live in Chicago” (DVD da banda, lançado em 2008, ainda com aquele aspecto de Vegas, circo, cabaret e desapego sentimental).

O primeiro single, Hallelujah, veio a calhar muito bem com o cenário do vocalista em meio a sua treta religiosa nos últimos anos provocado por canções como “Girls/Girls/Boys” (do álbum passado). Victorious segue a mesma linha, e tem como peça fundamental o coro de crianças, os metais, e esse refrão peculiar  que lembra The Pussycat Dolls.

A quinta faixa, que dá nome ao álbum, fez uma coisa inacreditável: roubou o swing da música romântica lá dos anos 50, jogou uma batida de trap em cima, falsete no refrão e um grave nos versos que lembra as rádios do século passado. Eu realmente não consigo acreditar que essa música foi concebida e deu tão certo. O clipe tomou uma cara mais intimista (e um tanto quanto econômica), do qual -sinceramente- merecia mais investimento.

Em Crazy=Genius a influência do estilo de Big Bands é gritante. Os metais trazem o cheiro de Las Vegas e suas noites de jazz. Urie se encarregou de sintetizar tudo isso e assimilar com sua mente circense. Provavelmente, a faixa mais acertada do disco. É brilhante.

LA Devotee e Golden Days, remetem bem menos às influências e trazem um certo alívio à salada mista de influências. Apesar de guitarras bem marcadas e um tanto dançantes, ambas parecem canções mais neutras e de menos destaque.

The Good, The Bad And The Dirty, com seu refrão repetitivo a faixa aponta uma boa execução se adicionada ao setlist dos shows.

House Of Memories, penúltima faixa, se assemelha mais ao álbum passado com sua base eletrônica bem marcada e refrão em couro. A quebra de compasso semi-psicodélica no fim da faixa me obriga, novamente, a elogiar a banda de um cara só. É muita informação.

Por fim, mas não menos importante para o conceito da obra, Impossible Year aposta na fórmula de piano e voz, da forma mais limpa possível para fechar o disco. A faixa remete bastante ao “Pretty. Odd.”, segundo disco da banda. Brendon não economiza ao mostrar o seu potencial enquanto barítono cantando as tristezas dessa vida.

A obra do Panic! At The Disco toma outro patamar a partir desse álbum. É a reafirmação de Urie como um frontman de respeito (para quem ainda não tinha se ligado nisso), e um novo território ainda pouco explorado pelo rock alternativo.

Acho que não se faz necessário, a essa altura, descrever o quanto a banda se superou em suas próprias técnicas e competências criativas.

NOTA: 9,0 de 10

O disco chegou às prateleiras esse mês pela Fueled By Ramen. Para ouvir o álbum e acompanhar a banda clique aqui.

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