Com a recente polêmica de plágio da música “Mulheres”, de Martinho da Vila, por Adele em “Million Years Ago”, o assunto de créditos ficou cada vez mais intenso na indústria musical, e agora a vez foi de James Blunt que notificou a dupla Ávine Vinny e Matheus Fernandes por haver o mesmo “uivo” inspirado na música “Same mistake”, do cantor no hit “Coração Cachorro”.
Após um acordo amigável entre ambas as partes, o desfecho dessa história resultou na participação de 20% do britânico na autoria da faixa brasileira. Segundo o portal G1, os autores informaram que não houve plágio, mas sim, uma inspiração na obra do estrangeiro para a produção da faixa sertaneja.
“A obra foi composta por seis autores, dos quais, controlamos quatro (66.67%) através da editora Medalha. Os outros dois autores (33.33%) pertencem a editora A3. Os mesmos aceitaram ceder 20% devido à citação da obra do James Blunt (Sony Publishing). Tudo acordado de forma amigável”, informou a Universal Music Publishing Brasil.
Mas embora isso seja mais um capítulo recorrente do cenário musical, toda esse episódio acabou nos surpreendendo, já que seria impossível imaginar em algo envolvendo ambos os artistas, que querendo ou não, possuem estilos totalmente diferentes.
No entanto, tudo pode acontecer quando se trata de música e os bastidores da criação de uma canção. Pensando nisso, listamos as histórias de créditos mais surpreendentes dos artistas.
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3 créditos inesperados nas músicas
1. Rod Stewart X Jorge Ben Jor
Em 1972, quando Jorge Ben Jor lançou o aclamado álbum “Ben”, faixas como “Fio Maravilha” e “Taj Mahal” ganharam o mundo, o que deu a ele a grande oportunidade de mostrar todo seu talento e habilidades musicais.
Porém, mesmo que isso tenha feito dele e de seu projeto musical um sucesso mundial, Jorge acabou tendo que lidar seis anos mais tarde com um momento conturbado com o cantor Rod Stewart, esse que se apropriou da melodia e do ritmo de “Taj Mahal” para criar “Da Ya Think I’m Sexy?”, um clássico da sua discografia. Logo, o brasileiro percebeu a semelhança e processou o britânico que reconheceu o plágio, embora tenha caracterizado-o de “involuntário”.
Na batalha judicial o tribunal obrigou o cantor a indenizar Ben Jor que no fim doou o dinheiro a UNICEF a pedido do inglês. Além disso, desde o encerramento do caso, Jorge Ben Jor permaneceu recebendo os direitos autorais de ambas as músicas.
Escute “Taj Mahal”:
Escute “Da Ya Think I’m Sexy?”:
2. Gotye X Luiz Bonfá
Quando o Gotye ascendeu na indústria com a incrível “Somebody That I Used To Know” ganhadora de três gramafones em Gravação do Ano, Melhor Dupla Pop e Melhor Performance ao Vivo, muitos não imaginavam da participação do brilhante violinista brasileiro, Luiz Bonfá, que teve o uso do riff — sequência de acordes que define a base de uma música — da sua faixa “Seville”, composta em 1967, no início da canção do australiano.
Para que o caso de um possível plágio não recorresse na justiça, foi fechado entre o próprio dono da música e a família do musicista que faleceu em 2001 um acordo de de US$ 1 milhão de dólares.
O acordo, feito antes da canção ser um sucesso mundial em 2012, baseou-se em dividir os royalties quase pela metade: 45% pertenceu aos herdeiros do artista brasileiro, que recebe também o crédito de coescritor da canção.
Escute “Seville”:
Escute “Somebody That I Used To Know”:
3. The Hollies X Radiohead X Lana Del Rey
Quem nunca se emocionou com “Creep”, uma das responsáveis diretas pelo sucesso mundial do Radiohead, não sabe a história dos bastidores que a própria carrega, e que continua dando o que falar até hoje com outros artistas.
A música que rapidamente se tornou uma referência do rock e da banda foi acusada de ser um plágio de “The air that Breathe”, do The Hollies. Os compositores Albert Hammond e Mike Hazlewood identificaram semelhanças na progressão de acordes e da melodia do hit britânico com o seu trabalho lançado em 1972.
“Creep”, que durante anos foi apontada como uma canção que explora o machismo, homofobia e outros comportamentos que os homens sempre mantiveram e que depois foi classificada como uma faixa triste que narra a história de um amor não correspondido, teve sua incrível letra composta em 1987, ainda na época da faculdade.
No entanto, quando a própria foi lançada no primeiro álbum de estúdio do Radiohead, “Pablo Honey”, as acusações por plágio cresceram cada vez mais, o que levou o compositor Thom Yotk a admitir sem pestanejar a inspiração em “The air that Breathe”.
Devido à sua honestidade o grupo não foi processado, mas precisou dividir os direitos autorais com a dupla de compositores do The Hollies desde então.
Curiosamente em 2018, após décadas desde o fim do processo, “Creep” tornou-se novamente palco de plágios. No entanto, a alegação veio dos intérpretes da canção que entraram com um processo contra Lana Del Rey por causa da música “Get Free”.
Naquela época, a cantora chegou a comentar sobre o caso, rebatendo as acusações da banda. “O processo é verdade. Apesar de eu saber que minha música não foi inspirada em “Creep”, o Radiohead sente que foi e quer 100% dos direitos de publicação. Eu ofereci 40% nos últimos meses mas eles só aceitam 100%. Seus advogados são incansáveis, então eu tratarei disso em julgamento”, tweetou sobre a ação.
Embora a artista tenha apresentado a música no Lollapalooza Brasil 2018, até hoje não se sabe o desfecho dessa história, tendo em vista o sigilo rigoroso imposto no processo.
Escute “The air that Breathe”:
Escute “Creep”:
Escute “Get Free”:
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