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Entrevista: Wallows comenta possível vinda ao Brasil: “Há planos reais”

Foto: Anthony Pham

I Don’t Want to Talk“, novo single da banda Wallows, é o responsável por dar o pontapé inicial na nova era da banda. Acompanhada de videoclipe, a faixa fala sobre as inseguranças de um relacionamento em versos como “Se não te tenho ao meu lado, então não posso ter certeza”. A música é o carro-chefe do novo álbum do grupo, que será o sucessor do disco de estreia “Nothing Happens“, lançado em 2019. O projeto ainda não tem nome nem previsão de estreia.

O ano de 2020 marcaria a primeira vinda do Wallows para o Brasil. O grupo era parte da line-up inicial do Lollapalooza Brasil 2020, que foi adiado três vezes devido à pandemia da covid-19. Com o cancelamento dos shows, a banda aproveitou a quarentena para criar o EP “Remote“, que teve sua versão deluxe lançada em fevereiro de 2021.

Apesar da nova line-up do Lollapalooza ter revelado que Wallows não fará mais parte da próxima edição do festival, o grupo revelou em entrevista ao Tracklist que existem “planos muito reais” de uma vinda da banda ao Brasil. Além disso, Braeden Lemasters, Cole Preston e Dylan Minnette, conhecido pelo trabalho na série “13 Reasons Why“, compartilharam detalhes sobre o novo single e adiantaram o que podemos esperar do próximo disco. Confira a entrevista na íntegra:

wallows brasil
Foto: Anthony Pham

Leia a entrevista com o Wallows na íntegra

Tracklist: Para começar, eu queria dizer que estou muito animada de falar com vocês hoje. Eu amei o novo single e mal posso esperar para ouvir o álbum todo.

Braeden e Cole: Muito obrigado!

Dylan: Muito obrigado, isso significa muito.

Tracklist: Aliás, parabéns pelo novo single e pelo álbum, que está quase finalizado, né? Eu não sei se ele já está 100% pronto.

Dylan: Estamos muito perto de finalizar.

Braeden: 99,9%.

Tracklist: Eu estou animada para ouvir! Então, antes da gente realmente começar nossa entrevista, eu tenho uma pergunta muito importante para fazer para vocês. Vocês odeiam o “Remote”? Por que vocês não tocaram nenhuma música do EP ontem na live do TikTok?

Todos: [risos]

Braeden: Isso foi tão engraçado!

Tracklist: Cole, toda vez que alguém pedia alguma música do “Remote” você ficava tipo “humm, não, obrigado. Vou passar. Próximo pedido”.

Todos: [risos]

Cole: Eu tenho que admitir que somos culpados, realmente evitamos tocar essas músicas. Eu acho que todos temos muito orgulho desse projeto, nós realmente nos divertimos muito fazendo ele. Mas, às vezes, quando o tocamos ao vivo, não traduz da forma exata que queremos.

Dylan: E também nós não sabemos como é tocar o “Remote” ao vivo, porque ainda não tivemos a chance de tocar ao vivo para ninguém, por ser um projeto da quarentena. Eu não sei, eu sinto que as músicas, em termos de performances acústicas, são bastante complexas e com uma sonoridade meio digital, o que torna difícil traduzir algumas delas para uma versão acústica, entende o que quero dizer? É por isso que não fizemos no TikTok, mas quando nós estivermos em turnê com certeza colocaremos algumas músicas do “Remote”, porque nós amamos esse projeto.

Tracklist: Ok, eu vou perdoar vocês dessa vez! Falando um pouco sobre “I Don’t Want to Talk” agora, como vocês estão se sentindo com todas essas novas informações, single novo, videoclipe, turnê? Especialmente depois do último ano.

Braeden: Eu estou me sentindo muito bem em relação a isso. Estou muito feliz que a música foi lançada, que as pessoas estão ouvindo e eu mal posso esperar para tocá-la ao vivo e começar a turnê. Eu estou feliz com a reação que as pessoas estão tendo e elas também parecem estar felizes. Eu estou muito animado, porque esse é o primeiro gostinho de como o novo álbum será, apesar de termos muitas coisas diferentes no disco. No geral, estou muito feliz que a música foi lançada. Eu sinto que esse foi o maior intervalo de tempo em que ficamos sem lançar música, então quando aconteceu foi como ‘Uau, lá vamos nós de novo, nós voltamos’, sabe? Estou muito feliz e animado.

Tracklist: Sendo sincera, eu imaginei que vocês ficariam mais tempo sem lançar músicas novas, porque o “Remote (Deluxe)” saiu em fevereiro, né? E depois vocês disseram que iriam tirar um tempo para fazer o álbum novo. Então estou feliz que não demorou tanto, pelo menos para mim.

Dylan: Fico feliz que foi assim para você. Eu acho que esse foi realmente o maior período de tempo em que nós não lançamos música, entre o “Remote (Deluxe)” e “I Don’t Want to Talk”. Mas fico feliz que pareceu rápido para você.

Tracklist: Sim! Vocês decidiram lançar “I Don’t Want to Talk” antes do álbum estar completamente finalizado, o que eu imagino que deva ser uma decisão não muito comum. O que há sobre essa música que vocês estavam tão confiantes de lançá-la, mesmo antes de anunciar o disco?

Cole: Nós e o nosso time estávamos muito ansiosos para anunciar as datas da turnê e nós sentimos que essa música faria as pessoas ficarem animadas de nos ver ao vivo, então ela ser divulgada junto com o anúncio dos shows fez sentido para nós.

Tracklist: Legal! Eu ouvi vocês dizendo em uma entrevista que a ideia de “I Don’t Want to Talk” começou em 2018 e, na verdade, não foi a primeira vez que eu ouvi vocês dizendo coisas do tipo. Eu lembro que vocês falaram que o início de “Coastlines” foi escrito antes do “Nothing Happens” ser lançado e o mesmo aconteceu com “OK”. Eu queria saber como esse processo funciona, eu imagino que vocês devam ter muitas músicas não lançadas. Como vocês encaixam essas músicas antigas em novos projetos?

Dylan: Ironicamente, eu acho que nós começamos a ideia de “Coastlines” e “I Don’t Want to Talk” no mesmo dia e o pensamento nunca foi colocá-las no “Nothing Happens”, porque nós já estávamos com o álbum quase pronto. Eu sinto que nós estávamos com o “Nothing Happens”, quando nós começamos a ideia dessas músicas, meio que no mesmo exato lugar que estamos agora na fase final do novo disco. Então nós estávamos quase terminando e já estávamos pensando lá na frente, era um período de começar a escrever apenas canções e qualquer coisa que nós achássemos bom e depois nós acharíamos um lugar para colocá-las.

Então começando o processo desse novo álbum, nós estávamos procurando no meio das nossas ideias antigas e vendo o que tinha potencial ou não. Eu sinto que eu fui o responsável de insistir nessa ideia que, no final, acabou se tornando “I Don’t Want to Talk”, porque a demo era muito direta e soava meio, não sei, nós não tínhamos muita certeza se valeria a pena expandi-la. Mas eu sou muito grato que fizemos isso, porque o Ariel [produtor musical] nos ajudou em realmente transformá-la e desenvolvê-la, o que é ótimo. Não houve muito um processo real nas nossas mentes quando começamos essas músicas, elas meio que só encontraram o lugar delas em diferentes projetos, de forma orgânica.

Tracklist: Falando um pouco sobre a letra da música, “I Don’t Want to Talk” é basicamente sobre inseguranças e, pelo menos no meu ponto de vista, as faixas do Wallows falam muito sobre esse tema. É difícil ser vulnerável dessa forma quando vocês escrevem uma música? Porque eu imagino que falar sobre suas mais profundas inseguranças deva te colocar em um estado muito vulnerável. Ou vocês meio que já se acostumaram a serem honestos dessa forma nas composições?

Dylan: Algumas vezes parece muito vulnerável e você pode se sentir um pouco nervoso com isso. Eu me senti dessa forma com “Do Not Wait” no “Nothing Happens”, eu acho que essa foi a vez em que eu mais me senti nervoso. Mas, por algum motivo, pelo menos para mim, no álbum novo e nas músicas novas que estão vindo, todas elas vêm de um local muito honesto, como “I Don’t Want to Talk”. Apesar disso, eu não tenho sentido esse nervosismo com ser vulnerável. Eu meio que sinto como se estivesse liberto deles ou algo assim. Eu sinto que os meus pensamentos podem ajudar outras pessoas a se identificarem, se sentirem melhor e fazê-las perceberem que não estão sozinhas. Deixar as pessoas entrarem é uma coisa boa, não é difícil ou coisa do tipo. Por algum motivo, isso se tornou fácil para mim, eu não sei se faz sentido, mas é basicamente assim que funciona para mim. Esse é o objetivo principal, que as letras gerem identificação com as pessoas que estão em situações parecidas.

Tracklist: Sobre o álbum, sei que talvez seja meio cedo para falar dele, mas eu queria saber como tem sido a experiência de gravá-lo. Eu vi que vocês falaram que o Ariel está incentivando vocês a serem uma banda nesse disco, que isso é uma das coisas principais. Como isso tem se diferenciado da forma que vocês gravaram o “Nothing Happens” e o que podemos esperar disso?

Dylan: Cole? [risos]

Cole: Tecnicamente, quando você compara os dois álbuns, no nosso primeiro disco nós certamente estamos tocando instrumentos e fazendo tudo aquilo, mas eu acho que o Ariel, nesse álbum, deu um passo além nos dias anteriores ao início da gravação. Ele falou tipo ‘Eu tenho essa ideia de plugar os instrumentos, ligar os microfones e vocês entrarem e tocaram, só vocês três’ e nós ficamos ‘Uau’. Nós não temos mais um local de ensaio, então nós não fazemos isso com muita frequência, a não ser quando temos que ensaiar para um show. Então quando o Ariel apertou o botão de gravar nas primeiras músicas, todas elas estavam muito cruas e soavam meio como se estivéssemos em uma garagem, meio incompletas. Mas, no fim das contas, eu acho que a energia desses primeiros dias meio que ficou entre nós e se tornou a essência de muitas das novas músicas. É mais cru, real e meio bagunçado e barulhento algumas vezes, porque as raízes delas foram só ‘Ok, vão e toquem a música e nós vamos capturar essa performance’.

Dylan: É engraçado, porque eu sinto que existe uma outra metade do álbum que soa como uma das coisas mais polidas que já fizemos. Eu sinto que nós fomos um pouco mais adiante do que anteriormente nesse álbum, com certeza, e tomamos um passo em direção às nossas raízes, eu acho. Ao mesmo tempo, eu acho que foi criado esse equilíbrio de um disco muito dinâmico nosso. É isso que eu sinto quando eu o ouço. É o que podemos falar do álbum por enquanto, mas você pode nos perguntar o que quiser.

Tracklist: Isso meio que tem sido um movimento comum agora no mundo da música, né? Os artistas vão ao estúdio tocar e cantar e ver no que dá, de uma forma mais natural.

Dylan: Sim, especialmente depois do “Remote”, em que nós fizemos tudo separadamente e através de computadores. Foi um processo completamente diferente e meio que o oposto.

Braeden: Sim. E eu sinto que, ao mesmo tempo, muitas músicas ganharam muito mais amor em comparação ao nosso primeiro álbum. Basicamente, a analogia que eu faria é: se nós estivéssemos tocando ao vivo, nós jogaríamos tinta em um painel, mas toda a parte de esculpir viria depois. Nós sentávamos por horas e fazíamos as coisas “perfeitas”, não perfeitas, porque nada é perfeito, mas todos os detalhes vinham posteriormente. Foi como um equilíbrio entre o abstrato e as belas artes, porque não foi algo que nós gravamos e pronto. Nós gravamos e polimos elas.

Dylan: Tudo é intencional nesse álbum. Qualquer imperfeição que estiver no disco ou sons orgânicos, qualquer coisa que você escutar foi intencional e nós mantivemos propositalmente ou até aumentamos. Tudo é intencional nesse álbum, então estou ansioso para as pessoas ouvirem.

Braeden: Eu também.

Tracklist: E eu também! O processo de gravação desse álbum está demorando mais do que o do “Nothing Happens”?

Dylan: Sim.

Braeden: Nossa, sim!

Cole: Muito mais. É parcialmente o que falamos na resposta anterior, é como se nós tivéssemos tido essa explosão de performances e depois gastamos muito tempo aperfeiçoando todos esses detalhes. Então é, simultaneamente, o processo mais rápido e o mais demorado. Foi tipo o melhor dos dois mundos.

Braeden: Hannah Montana [risos].

Tracklist: [risos] Eu não sei se vocês concordam comigo, mas eu tenho a impressão que a pandemia foi um período de tempo em que o Wallows realmente estourou, nas redes sociais e no streaming, pelo menos aqui no Brasil. Qual é a sensação de lançar músicas novas e quais são as expectativas de vocês para a turnê agora com essa maior plataforma?

Braeden: Uau.

Cole: Pelo menos para mim, é muito difícil ter algum tipo de expectativa de como as coisas serão, porque muitas dessas coisas aconteceram durante um período de tempo em que nós não pudemos estar juntos nem fazer turnê. É difícil saber como será quando nós começarmos de novo e o quão “maior” será, porque meio que parece que, se isso fosse um videogame, nós pulamos uma fase ou algo do tipo. Nós tínhamos todos esses planos que estavam entre o lugar em que estamos agora e onde estávamos em 2019 e, de repente, nós pulamos uma etapa. Então eu não sei se eu tenho expectativas. Nós anunciamos a turnê, as pessoas estão comprando ingressos. Acho que as coisas vão acontecer e aí nós saberemos qual é a sensação. É difícil prever qualquer coisa nesse momento.

Dylan: Eu particularmente estou animado para ver como será tocar em um festival de novo, porque as pessoas não estão lá exclusivamente pela gente. Eu estou animado para ver se terá alguma diferença na quantidade de pessoas que vão aparecer no nosso show. De qualquer forma, não importa a quantidade de pessoas, será muito divertido tocar em festivais de novo ao redor do mundo. Estou muito animado.

Cole: O último foi no Tropicalia, em Los Angeles, em novembro de 2019. Que louco.

Dylan: Sim, foi incrível.

Tracklist: Eu tenho muitas coisas que queria perguntar para vocês, mas nosso tempo está acabando.

Dylan: Poxa!

Tracklist: Então, para finalizar, eu tenho que falar do Brasil. Vocês viriam pela primeira vez pra cá em 2020 no Lollapalooza, mas aí veio a pandemia e todos nós sabemos o que aconteceu. Eu já vi vocês falando várias vezes que querem muito vir para o Brasil, mas existem planos reais do Wallows fazer uma turnê pelo Brasil? Ou vocês só estão tipo ‘Ah, nós gostaríamos de ir’.

Dylan: Existem planos reais de irmos para o Brasil, muito reais. Talvez demore um pouco, mas existe um plano sendo traçado e nós estaremos aí.

Braeden: E eu estou muito animado!

Dylan: Nós estávamos tão animados de ir para o Brasil. Nós teríamos uns cinco dias de folga aí, o que seria incrível.

Cole: Esses foram os primeiros shows nossos que foram cancelados em 2020. Nós estávamos prestes a ir para a América do Sul.

Dylan: Mas nós estaremos de volta. Opa, não de volta. Nós estaremos aí [risos].

Braeden: Ah, você tem álbuns do Vampire Weekend na sua parede. Que legal!

Tracklist: Sim! Vocês gostam?

Dylan: Eu amo.

Braeden: O primeiro e o “Father of the Bride“, né?

Tracklist: Sim! “Father of the Bride” é o meu preferido, não sei se isso é uma opinião impopular.

Braeden: Nossa, não, eu amo esse álbum!

Dylan: Esse é todo produzido pelo Ariel, nosso cara.

Tracklist: Então é isso, pessoal. Obrigada pela entrevista e mais uma vez parabéns pelo novo single e pelo álbum. Espero que a gente se fale de novo em breve.

Braeden: Vamos fazer isso acontecer pessoalmente! Muito obrigada.

Dylan: Com certeza! Nos vemos logo.

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