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Entrevista: Clarice Falcão fala sobre Lollapalooza, novos trabalhos e passado

Cantora será atração do festival no dia 26 de março

entrevista clarice falcão
Foto: Divulgação

Em 2020, Clarice Falcão era uma das atrações do Lollapalooza Brasil. Seria sua primeira participação em um dos principais festivais do país e durante um momento extremamente propício de sua carreira: a cantora estava em turnê com o álbum “Tem Conserto“, prestes a lançar o EP “Eu Me Lembro” e com uma agenda intensa de lançamentos de clipes.

Eis que em março a pandemia de covid-19 assombrou o mundo de forma inesperada, acarretando, entre outras consequências, o cancelamento sequencial de eventos – incluindo o Lollapalooza. “Eu estava empolgada para o Lolla, (…) mas [o cancelamento] obviamente pegou todo mundo de surpresa”, disse Clarice em entrevista ao Tracklist.

Porém, em 2022, a cantora volta ao line up do festival e se apresentará no dia 26 de março, no palco Onix, às 13h55. E como estão as expectativas? “Estou morrendo de medo, porque é muito tempo sem tocar”, brinca a bem-humorada artista que, dentre seu vasto currículo na música e no audiovisual, integrou o elenco do canal de humor Porta dos Fundos de 2012 até 2015.

Os dois anos longe dos palcos também refletem os dois anos desde seus últimos lançamentos. “Tem Conserto” veio ao mundo em junho de 2019, enquanto “Eu Me Lembro” foi lançado em março de 2020. O primeiro debate questões profundas e pessoais, como ansiedade e depressão. Já o segundo possui a mesma estética e integra canções de discos anteriores de Clarice, como “Eu Escolhi Você“, do disco “Problema Meu” (2016), e “Eu Me Lembro“, de “Monomania” (2013), repaginada com um dueto com Letrux. Ainda em 2020, Clarice lançou a canção e o clipe de “O After do Fim do Mundo“, com Linn da Quebrada, e os vídeos das faixas “Só + 6” e “Dia D“, ambas de “Tem Conserto”.

Recentemente, a cantora esteve à frente do reality show de comédia”LOL: Se Rir, Já Era!“, ao lado de Tom Cavalcante, e agora se prepara para voltar aos palcos.

Em um bate-papo leve e pessoal, Clarice contrapõe o próprio trabalho com a pandemia, relembra a sua entrada (e o fenômeno que causou) na internet, compartilha a relação com os fãs e aborda as expectativas para o Lollapalooza Brasil – inclusive revela quais shows está mais ansiosa para assistir. Confira a entrevista com Clarice Falcão!

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Entrevista com Clarice Falcão: artista reflete sobre seus trabalhos, passado, relação com fãs e Lollapalooza

Tracklist: Passaram-se dois anos desde seus últimos lançamentos. É pouco tempo se for parar para pensar, mas desde então vivemos em um cenário completamente diferente. Como a Clarice de 2022 se relaciona com esses seus últimos trabalhos? Você encontra alguma diferença ou acha que são trabalhos atemporais?
Clarice:
Eu acho que falam muito sobre [olhar para] dentro. Não são álbuns sobre o mundo externo. Quando você fala, diferente, por exemplo, [da música] “Bad Trip” (2018), que fala sobre o Bolsonaro ter sido eleito, ou de “O After do Fim do Mundo”, que é algo sobre nossa situação atual… [“Tem Conserto” e “Eu Me Lembro”] Têm músicas sobre a gente, coisas como amor, depressão, ansiedade, independência, autoestima. Então acho que de certa forma são trabalhos… meio pretensioso falar “atemporais”, mas que tratam de temas que permanecem. O próprio “Eu Me Lembro” é uma releitura de músicas que fiz em 2011, então acho que fazem sentido para mim, inclusive. Quando a gente se apaixona, se desilude, está mal, eu pelo menos ainda me identifico com muitas das letras.

Quando você olha para sua carreira lá atrás, lá para meados de 2010, 2011, 2012, e agora, você vê muitas diferenças ou vê a Clarice de 2010 muito parecida com a atual?
Acho que é muito diferente. Eu olho para mim muitas vezes e falo: “é outra pessoa”, mas “zero” com julgamento de valor. É um processo. A gente passa por um processo de amadurecimento, de mudança, de gostar de outras coisas. Acho esquisito quando você vê uma pessoa que é igualzinha a quem ela era há 10 anos. Então, de certa forma, a Clarice de 2010 andou para que essa de hoje pudesse correr (risos). Eu vejo que apesar de ver muita diferença, sou eu, tem uma “eu” ali que é uma essência.

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Foto: Divulgação

É muito legal você trazer essa perspectiva pessoal em seus trabalhos. Você tem muitas pessoas que se identificam com suas letras. Inclusive, você constantemente brinca falando que tem sete, oito fãs. Como você enxerga sua relação com os fãs, de quem você era e de quem você é hoje? Eles têm acompanhado esse crescimento com você?
Eu senti muito isso. Em 2013 especialmente, quando eu saí em turnê, sinto que fui muito feliz, mas acho que tomei um tamanho que me deixou agoniada. Eu sentia que muita gente se identificava [com as letras], mas muita gente ia para os shows sem saber o que esperar. Tinha gente que esperava um stand up, tinha gente que achava as letras muito sérias, ou que eram piadas… Eu não me sentia completamente compreendida. Mas sei que muita gente gostava daquilo ali. Talvez não gostassem daquilo que a gente falou, da essência. Foi muito doido fazer os próximos trabalhos e senti que muita gente foi crescendo, descobrindo a vida, superando e se conhecendo junto comigo. Acredito que essas são as pessoas que continuaram.

Hoje em dia, apesar de eu ter sete fãs, eu sinto que são sete fãs que me entendem muito (risos), e eu sinto que os entendo também. Eu falo muito dos sete fãs, mas, na verdade, não consigo levar a palavra “fã” a sério, até por isso gosto de fazer essa piada, porque você coloca a relação em um lugar de cima para baixo, e no fundo eu faço música e as pessoas gostam da minha música – do mesmo jeito que um padeiro pode fazer um pão e você gostar do pão dele, mas não necessariamente você é fã do padeiro. É uma relação de troca.

A troca tira essa hierarquia, torna algo bem mais horizontalizado, né?
Eu gosto muito mais quando alguém vem e fala que gosta do meu trabalho do que quando pede para tirar uma foto, e aí precisam fazer uma fila… Não sei, não sinto que a gente troca tanto. Mas eu gosto muito quando a pessoa fala que minha música mexeu com ela de alguma forma. Acho bem mais emocionante.

Você vai tocar no Lollapalooza 2022 e estava no line up de 2020. Qual foi a sua reação ao adiamento e à nova edição?
Quanto ao adiamento, acho que pegou todo mundo de surpresa: pandemia, quarentena… Eu tinha algumas coisas, estava muito empolgada para o Lolla, ainda estou, mas estava muito. Inclusive, ia lançar clipe, já estava toda preparada para um ano de muitos lançamentos, então obviamente pegou todo mundo de surpresa. Fiquei triste, mas quando acontece uma coisa dessas, que é global e muito triste, muito grande, a gente termina se colocando em perspectiva. Acho que foi muito isso: “cara, que m*rda, mas teve gente que passou por m*rdas piores do que eu”. Então você coloca em perspectiva.

Mas agora eu estou empolgadona. Quero muito fazer [o show]. Estou morrendo de medo, porque é muito tempo sem tocar. É muito doido. A gente passa muito tempo sem subir no palco e dá um medo: “Meu Deus, será que vou subir, será que não mais, o que faço?” (risos)

Tem algum show do Lollapalooza que você está muito ansiosa para assistir? Como estão as expectativas?
Eu estou muito feliz que a Miley Cyrus vai fechar meu show. Muito feliz, quero muito vê-la. A acho f*da, muito incrível.

Também quero ver o show da Jup do Bairro. A Jup é foda, é outra pessoa que quero muito… Eu já a vi junto com a Linn da Quebrada, e gostei muito do disco dela, mas nunca a vi sozinha. Então é um show que quero muito assistir.


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