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Opinião: 10 anos do “+”, o primeiro e melhor disco de Ed Sheeran

Há exatos 10 anos atrás, Ed Sheeran lançava o seu primeiro álbum e o que o alavancaria a uma carreira milionária: o “+”. Depois de rodar o Reino Unido dormindo em sofás de desconhecidos, apenas ganhar o dinheiro de sustento, lançar EPs independentes, no início de 2010, Sheeran decidiu que iria a Los Angeles e ver no que daria.

Em uma de suas apresentações, teve a presença de Jamie Foxx, que se impressionou com Ed e o ofereceu seu estúdio para que gravasse o que quisesse e o seu sofá para dormir. Ao longo de 2010, Ed foi ganhando uma legião de fãs que resultaram no contrato com a Asylum Records e o lançamento do “+” em 2011.

Ed Sheeran 10 anos
Foto: Divulgação

Inicialmente, o “+” teve grande sucesso na Europa, deixando Sheeran lado a lado de artistas como o The Wanted e até mesmo ultrapassando Adele nos charts britânicos. Ele só foi atrair olhares nos EUA a partir de 2012, quando se torna ato de abertura da turnê americana do Snow Patrol. A ida em turnê aos EUA rendeu sucesso nas rádios e o aproximou de artistas como Taylor Swift que o deram ainda mais visibilidade – rendeu uma parceria no “Red” (“Everything Has Changed”), atos de abertura em sua turnê grandiosa e uma duradoura amizade. 

Tamanha repercussão fez Ed chegar ao Grammy, no qual performou “The A Team” ao lado de Elton John e concorreu à sua primeira indicação em “Canção do Ano”.

A era “+” e seus singles

A era teve como singles para além de “The A Team”: “Drunk”, “You Need Me I Don’t Need You”, “Lego House”, “Small Bump” e “Give Me Love”.

A estratégias foram inteligentes, pois são as músicas que de fato mais chamam a atenção no álbum e mostram temáticas diferentes existentes dentro dele. Para quem não lembra, o clipe de “Lego House” ainda causou grande êxtase num geral, uma vez que ninguém menos que o Rupert Grint, o famoso Ron de Harry Potter, atuava como seu gêmeo.

Contexto

Ele surge na época em que o pop bastante comercial estava em alta. Os charts eram dominados por artistas como The Wanted, Justin Bieber, One Direction e Adele. Tendo isso em consideração, a maior parte das músicas tinham bastante produção e eram bem comerciais – não que ele não fosse, mas naquela época ele quebra com o que estava sendo a “receita” do sucesso entre 2011 e 2013 com apenas a voz e violão. Sim, já tínhamos John Mayer, mas não fazendo tremendo sucesso como o que o inglês fez quando apareceu e com estilos diferentes – por vezes o violão de Ed era mais agressivo, simulando beats e mesclando o canto com o rap. Algo meio inspirado no cantor dos anos 2000 Damien Rice.

Temáticas abordadas

Ao mesmo tempo que o “+” aborda temas profundos como uso de drogas como em “The A Team” e sobre aborto espontâneo em “Small Bump”, ele tem a energia de um jovem que ia de um lado pro outro pela Europa tocando e cantando, contando de suas experiências. Uma energia um tanto caótica nos era apresentada, tanto nas músicas, como visualmente falando, como mostrado em faixas como “You Need Me But I Don’t Need You”; principalmente se levado em conta suas performances ao vivo com seu violão surrado e quase sempre o mesmo casaco com capuz. O que é incrível.

Num geral é o álbum que deu a fama mundial a Sheeran, mostrando um personagem que realmente parece ser quem ele era antes da fama. Não haviam muitas preocupações, ele falava e escrevia sobre o que queria e se colasse, colou. E colou. O estilo e aparência, de primeira, também eram os mesmos – despreocupados e muitas vezes o cantor era até criticado por como aparecia em premiações; enquanto outros artistas estavam vestindo roupas feitas exclusivamente para eles, Ed aparecia com jeans e camiseta.

As canções sobre amor são bem específicas e bem escritas, e, na época, me deixavam fanficando por um namoradinho como Ed, por conta de músicas como “Wake Me Up”. Ed abordou “Shrek” antes mesmo dele viralizar nas redes sociais em versos como “e eu sei que você ama Shrek porque a gente já assistiu 12 vezes (And I know you love Shrek, ‘cause we’ve watched it twelve times)”. E outras coisas fofas.

Se comparado com os EPs independentes lançados anteriormente (disponíveis nos streamings sob o nome de “5”), o “+” resgata muito das sonoridades de cada um.

Ed Sheeran e sua relação com cidades

Além das histórias de amor, há letras que falam da sua relação com Londres e outras cidades que observava e perambulava. São pra mim pontos altos do álbum e que pouco se vê ocorrendo na música: observar a cidade. “The City” e “Grade 8”, assim como “You Need Me But I Don’t Need You” são músicas cruas e muito bem feitas ao mesmo tempo, mas que exalam urbanidade, por mais que nem sempre falem sobre a cidade, mas mostram claramente a relação de Ed com ela.

É na minha opinião um dos melhores álbuns de Ed Sheeran, se não o melhor. É um Ed Sheeran cru, com muito de experiência de vida sobre diversos temas pra falar e sem ser raso. Apenas com a voz e truques do violão. Para além disso, há de se citar o espetáculo a parte que era ao vivo em músicas como em “You Need Me I Don’t Need You” em que ele gravava sua voz e batidas no violão, deixava em loop, fazia tais sons de base e como instrumental da própria música.

O que veio depois

Depois do “+”, veio o “X” em 2015 com acordos musicais maiores que só o fizeram crescer e deram vida ao “÷”, o “No.6 Collaborations”, e, em breve, dará vida ao “=”, que será lançado no próximo mês.

Na minha opinião, depois do “+” a sonoridade de sheeran foi caminhando cada vez mais para se tornar homogênea. As letras ainda continuam bastante bonitas na maioria das vezes, mas, tudo soa muito similar a tudo do pop e tudo já feito por ele. Não há mais tantas surpresas e normalmente você já sabe o que esperar dele. Perdeu um pouco o tom de originalidade que tinha no “+” e até mesmo ainda no “X”, quando já tinha grandes produtores junto dele.

Ter apostado sempre mais no mesmo desde o “÷”, em baladas românticas grudentas e com receita para virar sucesso comercial meio que apagou a imagem inicial de Ed e as vezes nos deixa enjoados. É ainda mais fácil falar isso vivendo no Brasil, quando rádios tocam incessantemente e, possivelmente, mais do que em qualquer lugar as musicas românticas dele até todo mundo ficar saturado – “Thinking Out Loud” era ótima de primeira, mas, no final, ninguém suportava mais.

O “No.6 Collaborations Project” se trata de uma coletânea e não tem o mesmo peso de um disco na carreira dele. Na minha opinião, ele utilizou desse projeto para explorar outras vertentes sem mudar completamente sua “imagem”.

“=” e considerações finais

Em outubro, o mais novo álbum “=” será lançado. O que esperar? Sinceramente, não sei. Até agora foram lançados dois singles: “Bad Habits” e “Visiting Hours”.

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O primeiro lembra músicas com batidas eletrônicas datadas ali dos anos 2010 e em que ele aparece de vampiro no clipe. O lançamento foi questionado, por ser algo um tanto fora do que já foi feito anteriormente, o que gerou até comentários de plágio com a última era do The Weeknd. A segunda até se aproxima um pouco de algo do “x” e do “+”, em que fala sobre a morte de uma amiga e até tem letras bastante bonitas e profundas, algo com significado. Resta nos torcer para que o álbum, apesar de suas musicas genéricas, guarde espaço para coisas com personalidade como nos dois primeiros álbuns, o “+” e o “X” – sem duvidas os melhores da carreira e que abriram várias portas para o cantor. Talvez ele fale sobre novas vivências: um casamento e ter filho, e, isso soe bonito e legal.

Torcendo por Ed e ansiosa para escutar o que vem por ai. E, ah, amanhã sai mais um single: “Shivers”.

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