Após mais de 10 anos em desenvolvimento, troca de elenco e até mesmo roteiros descartados, chegou aos cinemas na última quinta (17) o primeiro filme da franquia “Uncharted”, filme baseado na série aclamada de games da Sony. Apesar de tantas mudanças, os acertos são maiores que os erros no longa, que consegue cativar até mesmo quem nunca jogou ou sequer conhece Nathan Drake.
Confira nossa crítica de “Uncharted: Fora do Mapa” sem spoilers.
A transição de “Uncharted” do videogame para os cinemas
Durante muito tempo existiu uma grande dificuldade por parte dos estúdios em transferir um universo criado nos games para os cinemas. Seja na escolha do elenco, roteiro, até mesmo a irritação dos fãs pode ser algo negativo para uma produção desse calibre. Foram vários filmes fracos até chegarmos em “Uncharted: Fora do Mapa”, que não resolve o problema, mas abre um caminho muito mais promissor.
A história acompanha o início da saga de Nathan Drake em busca de um tesouro e, acima de tudo, em busca de seu irmão, Sam. Ambos cresceram juntos e tiveram de se separar na adolescência, fazendo com que Nathan sempre sentisse falta de seu irmão e se perguntasse o que aconteceu com ele.
A partir dessa premissa, o filme trabalha a criação de mundo, e de personagens, de maneira interessante. A própria caracterização de Nathan é feita aos poucos até chegar ao que já é conhecido pelos fãs do jogo. Os desafios encontrados, os belos cenários, tudo é muito bem feito para que o universo dos jogos tenham grande fidelidade na telona.
Elenco de “Uncharted: Fora do Mapa” é o maior acerto do filme
Altamente carismático, Tom Holland lidera o filme com leveza e deixa tudo mais instigante. Mark Whalberg faz seu papel com qualidade, não deixa a desejar e também não reinventa a roda. Sophia Taylor Ali e Tati Gabrielle são duas atrizes extremamente interessantes, suas personagens trazem sempre um ar de dúvida sobre o que acontecerá quando estão em cena.
Talvez o grande evento que foi “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” tenha deixado a afeição do público com Tom Holland ainda maior, o que foi aproveitado pela Sony ao lançar o filme com uma janela de datas próxima.
A produção do longa, em especial os efeitos especiais, são um show a parte, isso faz com que as cenas de ação tenham vida própria e fiquem na memória do espectador. Do avião ao navio, “Uncharted” traz consigo uma qualidade visual que eleva o nível das adaptações do videogame para o cinema.
Roteiro e carga emocional destoam da qualidade visual
Se o elenco carismático e a qualidade visual excepcional elevam o nível de “Uncharted”, o roteiro peca em seu desenvolvimento de personagens. Diferente dos games, é quase que impossível se sensibilizar pelo relacionamento entre os personagens. Não houve um desenvolvimento interessante a ponto de fazer com que o público sentisse de fato algo quando algumas informações eram reveladas.
Mesmo as relações entre Sam e Nathan, até a de Nathan com Sully, são rasas e superficiais – essa última só começa a ganhar vida de fato no final do longa, deixando essa parte para ser desenvolvida em uma possível continuação.
Os vilões também não ganham nada mais elaborado do que o clichê base de almejar dinheiro e poder. Antonio Banderas se esforça bastante para fazer um vilão caricato e frio, mas não descola do roteiro fraco e formulaico.
“Uncharted: Fora do Mapa” acerta mais do que erra
Apesar dos pesares, os acertos ainda são maiores dos que os erros em “Uncharted: Fora do Mapa”. Visualmente magnífico, o filme consegue entreter sem precisar reinventar a dinâmica das aventuras. Tom Holland e companhia transformam o longa em uma boa pedida para a família e deixa um gostinho de quero mais.
Nota: 7,5/10