Alerta Vermelho diverte, mas não empolga mesmo com elenco estelar

Sem inovar, Alerta Vermelho repete as fórmulas que já funcionaram anteriormente e se acomoda no carisma de seus protagonistas, que foram colocados à prova com um roteiro pouco inspirado e até mesmo arriscado em uma produção com orçamento de US$200 milhões, o filme mais caro já produzido pela Netflix. Apesar de tudo, o filme diverte com piadas pontuais e algumas um pouco menos funcionais.

Dwayne Johnson, Gal Gadot e Ryan Reynolds estrelam Alerta Vermelho, filme dirigido por Rawson Marshall Thurber que conta a história dos três ovos de Cleópatra, um agente da Interpol (Johnson) e dois ladrões de artes (Gadot e Reynolds). A luta é para juntar os três ovos e vendê-los pela bagatela de US$300 milhões. O problema é que apenas dois, dos três ovos, têm sua localização revelada, um deles ainda é um mistério.

Alerta Vermelho e a sensação de potencial desperdiçado

Dada a premissa, o filme poderia decidir entre alguns caminhos, seguir como um suspense investigativo, se levando um pouco mais a sério e com alguns alívios cômicos, dado o elenco carismático, ou, o caminho escolhido, um filme fácil de digerir que vai agradar o público geral, mas que não deixa de ser uma comédia de roteiro formulaico com momentos bastante vergonhosos – como a participação de Ed Sheeran na parte final do longa.

Até chegarmos na metade da produção, o diretor parece não ter decidido ainda qual linha seguirá. O desenvolvimento dos personagens, quando engata, é cortado por uma piada fraca, como quando Booth (Reynolds) está contando sua história de vida e é cortado por Hartley (Johnson) de maneira sem graça e que destrói totalmente a empatia que estava sendo criada com o personagem.

Talvez essa tenha sido a intenção de Rawson Marshall Thurber, fazer com que não nos apegássemos aos personagens de maneira emocional. De qualquer forma, os personagens mereciam um desenvolvimento melhor, até para já preparar o terreno para a possível continuação do longa.

Excesso de explicações e trilha sonora pouco funcional

Se tratando de um filme sobre espionagem e estratégia, algumas informações podem ficar no ar sobre como acontecimento X ou Y aconteceram. O filme fecha bem as pontas deixando claro como tudo ocorreu de forma natural, o erro está no excesso de explicações. Mesmo tendo ficado tudo as claras, sempre existe uma cena, que normalmente envolve Gal Gadot, explicando como forjou determinado acontecimento. Não existe espaço para cada um tirar suas próprias conclusões, tudo é exaustivamente clarificado.

A trilha sonora reforça o filme que não se leva a sério que Alerta Vermelho decidiu ser. Não impacta, não é memorável e não melhora as cenas como deveria. Algumas sequências de ação são muito bem coreografadas, mas passa a sensação de que falta algo para complementar.

Alerta Vermelho é um ótimo passatempo

Se você busca um filme leve, divertido e que não se leva a sério, Alerta Vermelho é ótimo nesses quesitos. A grande questão é o que o filme poderia ter sido, mas tirando isso da frente, ao que se propõe, o longa atende muito bem às expectativas. O trio principal encaixou perfeitamente, o carisma e a sinergia dos três é algo a se elogiar no longa. As duas horas de duração podem ser bem divertidas se as expectativas não estão altas.

Alerta Vermelho é a produção com espírito de Sessão da Tarde da Netflix. Leve, divertido e por muitas vezes com um incômodo sentimento de vergonha alheia, o filme promete agradar o público familiar da plataforma e frustrar quem esperava mais do elenco estelar do longa.