O maior reality da TV brasileira completa um mês de existência nesta semana e, dentre os principais assuntos nas redes sociais está a calmaria dos participantes do BBB22. Os brothers e sisters da edição tem chamado a atenção do público por se esquivar dos conflitos da competição e passarem boa parte do tempo afinando as cordas vocais com uma cantoria sem fim. A explicação para tudo isso é o maior vilão do BBB22: o medo do cancelamento.
Em 30 dias de competição, exceto pela expulsão de Maria, o programa não foi palco para praticamente nenhuma narrativa impactante. Os participantes estão com medo de se comprometer com a competição e cada passo dentro do confinamento parece minimamente calculado para evitar o julgamento do público.
Essa característica do elenco contribui para o senso comum de que o BBB22 flopou e o elenco foi um erro por parte da direção da maior emissora do país. Mas será que o problema do Big Brother Brasil não está do outro lado da telinha?
BBB do amor? Participantes têm medo de se posicionar
Logo no meço do confinamento neste ano, os participantes do BBB22 declararam que vão fugir dos conflitos dentro da casa mais vigiada do Brasil. Em uma das conversas, Tiago Abravanel questionou os participantes dos motivos pelos quais o confinamento precisa ser vivido ao extremo e propôs que eles façam o programa com amor.
Seguindo essa filosofia de um lugar confortável para todos, os primeiros dias de confinamento não renderam muito para o público e os participantes passaram a perseguir aqueles que ousavam jogar e criar estratégias do confinamento, como Rodrigo e Arthur Aguiar.
Não virou raro se deparar com os participantes cantando e fazendo ciranda de orações no gramado da casa, hábito que virou realidade, inclusive, nos momentos das eliminações. Os participantes do BBB22, com medo de ser posicionar e despertar o cancelamento do público, destruíram a principal dinâmica do programa: os conflitos e disputas pela permanência no reality. Por um momento, os participantes achavam normal serem votados, irem para o paredão e receber plaquinhas negativas nos jogos da discórdia.
Com razão, os internautas passaram a lamentar o ‘flop’ do BBB22 e virou assunto até para os próprios participantes do programa. Em um momento sozinha na casa, Bárbara – que foi a quarta eliminada do reality – reclamou que demorou muito para entrar para o confinamento e quando entra, a edição é um fracasso.
No entanto, ainda há esperança! Alguns participantes, como Brunna Gonçalves e Natália, já começaram a reclamar da cantoria no programa. Além disso, com a entrada de Larissa e Gustavo – participantes da Casa de Vidro – um recado do público já foi entregue para os confinados: os fãs do reality querem jogo. Afinal, o BBB22 é uma disputa.
Linchamento virtual de Karol Conká vai assombrar o reality para sempre
Uma das razões que explicam a resistência dos participantes em jogar, se comprometer e protagonizar conflitos é o reflexo de tudo o que aconteceu com Karol Conká na edição de 2021. A cantora foi, de longe, o nome mais cancelado da história do programa e deixou a competição batendo recorde de rejeição: ela foi eliminada com 99,17% dos votos.
Durante sua participação, o nome da artista rapidamente entrou para a lista dos maiores vilões do BBB e a cantora foi acusada de xenofobia e viveu embates com os nomes mais queridos pelo público, como Juliette e Gil do Vigor. Na competição, a trajetória de Conká virou um tormento para o público e para os participantes.
Relembre as principais polêmicas de Karol Conká no BBB
Em uma competição, é normal que o pública tenha seus favoritos e torça para a destruição daqueles que não agradam tanto. O problema é que, para Karol, o cancelamento no programa invadiu setores de sua vida e carreira fora do confinamento. No Instagram, uma ferramenta de seu trabalho, a participante chegou a perder mais de meio milhão de fãs. Mas não parou por aí: ela perdeu contratos milionários e foi esquecida pelas marcas.
As ações de Conká desencadearam uma série de perdas e destruições em sua vida fora do reality, o que rendeu o documentário “A Vida Depois do Tombo”. Veja o trailer oficial:
Apesar das reclamações do público, faz total sentido que os participantes do BBB22 tenham medo de serem vistos como o vilão da edição. Afinal de contas, ninguém quer sair de um programa de TV sendo a nova Karol Conká.
No fim das contas, o grande vilão do BBB22 é parte do público.
O vilão do BBB22 está fora do programa: o público sabe dividir reality de vida real?
Todo o medo dos participantes do cancelamento e o exemplo deixado com a participação de Karol Conká levanta um questionamento: o público sabe separar a participação em um reality da vida real dos participantes fora do confinamento? A eliminação não deveria ser a punição máxima para os odiados do programa?
A pressão popular nas redes sociais modificou para sempre a balança de possíveis prós e contras da participação no reality. No atual formato, se tornará cada vez mais difícil vermos personalidades famosas com carreiras sólidas dentro do reality. Ninguém quer ser cancelado e os olhos de julgamento do público estão sempre prontos para ver a queda televisionada dos participantes.
A cultura do cancelamento tornou-se tão forte que o ‘hábito’ do público de encerrar carreiras e reputações virou tema de uma das músicas mais populares do ano: “A Queda”, de Gloria Groove. Na faixa, a cantora aborda a obsessão do público em ver a derrota de outras pessoas. “Sei que você gosta de ver os aplausos, mas gosta muito mais de ver sangrando”, canta. Ouça:
Do passado – com as vilãs das novelas – ao presente – com os personagens de reality show – o público ainda tem muito o que aprender. É preciso entender que nem todo mundo é 100% bom ou 100% ruim.
Quer ficar por dentro do BBB22? Acompanhe todos os detalhes do reality no Twitter oficial do Tracklist.