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Review: Alessia Cara encontra sua melhor forma com “In The Meantime”

Três anos após seu último disco, Alessia Cara retornou ao cenário musical com seu, até então, melhor disco, “In The Meantime”. Repleto de reflexões, sentimentos e experimentos, o disco chega como um alívio para a canadense, quase como que uma carta de libertação. Podendo explorar mais as vertentes que construíram sua vida na música, Alessia se sente a vontade para falar sobre frustrações, amores e entregar seu grandioso terceiro disco.

“In The Meantime” é um disco introspectivo, mas, de maneira geral, divertido. Não espere melancolia e grandes enigmas em suas letras, aqui Alessia joga limpo, sem cerimônia.

alessia cara in the meantime
Foto: Divulgação

“In The Meantime” e a criação de Alessia Cara durante a pandemia

Alessia revelou que grande parte do seu disco foi criado através das reflexões que a pandemia trouxe: “e se todos os meus melhores dias foram os que já passaram? Durante a pandemia foram diversas as reflexões que me fizeram escrever esse disco, eu estava parada, sem ter muito o que fazer, e é aí que a cabeça não para de pensar”, revelou a cantora em evento para a imprensa.

Algumas das composições do disco são perceptíveis que foram criadas a partir das reflexões na pandemia, e é aí que mora o destaque do disco. A canadense conseguiu construir uma narrativa em que consegue abrir o coração sob uma ótica diferente das que estávamos acostumados em seus discos anteriores. A maturidade e a liberdade criativa foram fundamentais para que ela atingisse esse patamar.

Em seus dois primeiros trabalhos, era perceptível que, após o sucesso de “Here” e o Grammy de Best New Artist, Alessia não teve tanta liberdade criativa para seguir o caminho que realmente a agradava. Isso fica ainda mais claro nesse disco, onde encontramos desde sua versão da Bossa Nova brasileira, até uma das melhores alusões ao pop dos anos 2000 desde “No” da Meghan Trainor.

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Os destaques de “In The Meantime”

“Lie To Me” e “Box In The Ocean” são os grandes destaques do disco. A primeira, evocando as melhores referências possíveis dos anos 2000, entrega um pop de qualidade inquestionável e cativante. O fato de usarem o áudio que Alessia mandou para seu produtor na música é algo que ajuda muito a ficar na cabeça. Não se surpreenda se depois de algumas horas após ouvir o disco se pegar cantando a melodia de “Lie To Me”.

Já “Box In The Ocean” é a abertura perfeita do disco após a introdução. Com uma linha de baixo de dar inveja e uma produção extremamente assertiva, Alessia parece encontrar sua melhor forma, a vontade, produzindo o que a agrada e cantando seus sentimentos mais verdadeiros e sinceros.

Vale ressaltar também a grande homenagem a música popular brasileira em “Bluebird” e “Find My Boy”. A paixão de Alessia Cara pela Bossa Nova é algo de dar orgulho a nós, brasileiros. Agora resta a canadense comparecer em nosso país para performar tais canções.


Os excessos de “In The Meantime”

Porém, nem tudo é perfeito, e o erro principal do terceiro disco da Alessia Cara foi alongar demais o que poderia ter sido encurtado. O disco acaba tendo músicas demais, o que mostra que isso vem se tornando uma tendência no mercado. Alongar o disco de tal forma não foi tão positivo para a experiência geral.

Vale ressaltar também que a ordem em que as músicas foram colocadas, talvez, não colaboraram tanto com uma experiência linear. Quando estamos assistindo a um filme e chega em um momento mais frio da trama, a tendência natural é que tenhamos um momento mais acalorado para reanimar o público. Isso vale também para os discos, que é, normalmente, quando entram os singles mais fortes. E aqui, todas as melhores músicas estão na primeira metade do disco.

Então grande parte das grandes produções se encontram nos primeiros 30 minutos do álbum, o ritmo cai muito na segunda metade. Algo que poderia ter se resolvido com uma versão mais enxuta lançada hoje e uma versão deluxe em algumas semanas a frente.


Alessia Cara encontrou sua melhor forma em “In The Meantime”

Em suma, “In The Meantime” é um ótimo disco, o melhor, até o momento, da carreira da canadense. É uma aventura muito divertida e cativante de se apreciar. Os grandes acertos ficam na primeira metade do disco. E mesmo sendo um disco bem longo, não é algo que justifique questionar o trabalho como um todo.

Nota: 8

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