Michael Milosh é a voz por trás do projeto Rhye, que lançou seu mais novo álbum, “Home”, no dia 22 de janeiro. Para ele, o lar é o centro da criatividade e da comunidade. Em suas músicas, o cantor ultrapassa as compreensões convencionais e propõe uma viagem dentro de casa, em 47 minutos, com suas novas 13 faixas.
Desde o lançamento do projeto Rhye, com o álbum “Woman” em 2013, Michael tem vivido grande parte do seu tempo na estrada, viajando pelo mundo e tocando entre 50 e 100 shows por ano. O cantor já se apresentou e morou em Toronto, Holanda, Alemanha e diversos outros lugares.
Após algumas mudanças em sua vida, Milosh queria um espaço mais permanente e privado para suas criações. Em agosto de 2019, ele e sua parceira Genevieve encontraram o lugar perfeito em Topanga, um bairro no lado oeste de Los Angeles.
Cercado pelas montanhas de Santa Monica e com vista para o Oceano Pacífico, o bairro já abrigou outras gerações de artistas, músicos mais nomes importantes da mundo artístico de LA.
Dessa forma, a casa para onde Michael se mudou não era diferente. Desde os anos 70 ela tem hospedado todos os tipos de artistas e músicos. “O tipo certo de casa se apresentou a nós e nós nos apresentamos a ela. Foi como uma união entre nós e a casa”, afirma.
“Home”: O novo álbum do Rhye
Em meio à pandemia e uma casa para chamar de sua, foi onde surgiu o novo álbum do Rhye, “Home”, que veio ao mundo em 22 de janeiro. Seguindo o disco “Blood”, de 2018, o foco deste último lançamento é o lar como essência da imaginação e da fantasia.
Nesse sentido, em um álbum que soa coeso e vivo, Milosh traz um conjunto de batidas impulsivas, floreios de orquestras, sons de piano e vocais impecáveis que não decepcionam.
Exemplo disso é o primeiro single do Rhye, “Black Rain”, presente no álbum “Home”. A canção consegue misturar com maestria a sonoridade de rock dos anos 80 com a suavidade da voz de Milosh.
Escrito ao longo de 2019 e início de 2020, “Home” foi gravado em dois estúdios externos, além do estúdio na casa do cantor, que não deixa a desejar com o álbum, trabalhando bem a construção e as referências sonoras de seu disco ambiente e clássico.
No álbum também estão presentes as vozes do Danish National Girls Choir, coral dinamarquês com 50 integrantes. Com a ajuda de doações fornecidas pelo governo da Dinamarca, Milosh realizou sua meta de vida de colaborar com as garotas.
O coro voou para Los Angeles e passou um dia inteiro gravando com o cantor, que relembra seus tempos de menino quando também cantava em corais. Esse sentimento de nostalgia ressalta a mensagem principal de seu álbum: não importa para onde a vida nos leve, sempre podemos voltar para casa.
Nós batemos um papo com o Milosh e falamos um pouco sobre seu novo álbum “Home”, o projeto Rhye, sonoridade, referências, shows no Brasil e mais! Confira a entrevista completa abaixo.
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Entrevista
TRACKLIST: Milosh, como você está? É um prazer conversar com você. Vamos começar falando sobre suas músicas. Elas são uma obra de arte. Seu álbum, “Home”, é um dos melhores que já ouvi nesse ano. Muitas críticos têm elogiado bastante. A revista americana Variety deu nota 92 de 100 e o chamou de “um combinado com uma tática musical que é perfeita e óbvia”. Como isso soa para você? Como tem sido começar 2021 de forma positiva?
Milosh: Estou bem, obrigado. (Risos) Eu tento não ler muitas reviews, se não eu fico super nervoso. É bom quando se têm críticas positivas, mas é uma droga quando há críticas negativas. Então eu tento não me preocupar demais.
Eu sei que me sinto bem com o álbum e a coisa mais importante para mim foi lançá-lo. Todos ficam nervosos ao lançar músicas. Tivemos as eleições em Los Angeles, então o adiamos para janeiro. Foi um tempo tão louco que, para mim, lançá-lo ao mundo foi a coisa mais importante.
TRACK: Vamos falar sobre “Black Rain”, uma música bonita e inspiradora. Pode nos contar mais como você a escreveu? E o que essa canção significa para você?
Milosh: Compusemos “Black Rain” durante a pandemia e nela coloco algo positivo para o futuro de uma perspectiva musical. Espero que em breve possamos fazer shows novamente, porque sinto muita falta de música ao vivo. Então, “Black Rain” é muito sobre colocar essa energia positiva de volta no mundo.
Em questão de significado, eu nem sempre sei sobre o que é uma música. Eu só deixo meu subconsciente falar. Escrevi a canção uma semana depois de os incêndios em Los Angeles começarem. Tudo estava repleto de fumaça. Cinzas começaram a cair do céu e cobrir as estradas e os carros.
Na verdade isso é assustador e, para mim, a música é sobre não deixar o medo lhe vencer. Não deixar algo assustador arruinar sua vida. Acho que é algo que podemos levar para toda a pandemia. É assustador lá fora, mas vamos tentar viver uma vida bonita, aproveitar nossas amizades e as pessoas que amamos.
TRACK: Com certeza “Black Rain” é uma das minhas favoritas de todo o disco! A outra é “Holy”, que se assemelha a uma canção de soul espiritual aberta e exploratória. Eu amo isso. Você pode falar mais sobre essa música?
Milosh: “Holy” foi uma canção interessante de criar porque foi uma das primeiras músicas que compus para o álbum e, felizmente, consegui um coral com 50 pessoas, o Danish National Girls Choir, para a faixa antes da pandemia.
Eu a fiz em novembro, pouco antes de tudo fechar. Consegui fazer tudo isso bem cedo. “Holy” é uma canção sexy e a energia que a música passa é que é noite, menos 1h da manhã.
TRACK: Falando sobre o álbum como um todo, como foi o processo criativo?
Milosh: Eu comprei uma casa em Topanga, uma área montanhosa fora de Los Angeles, e mudei todo o meu estúdio de gravações para ela. Então fiz grande parte do álbum nesse estúdio em casa e poderia ter sido difícil gravar o álbum com toda essa pandemia mas, como eu havia mudado todas as coisas antes, funcionou o tempo todo.
Passei um ano e meio trabalhando nele, enquanto focava na composição das músicas de um filme que sai esse ano e outras coisas, mas o processo criativo consistiu em, basicamente, escrever o máximo que podia e aperfeiçoar cada vez mais as músicas.
Compus 35 canções, mas fechamos em 13 para o álbum. Então, eu fiz muito, depois tive que escolher quais eram as melhores canções e finalizei.
TRACK: Por causa da pandemia e pela escolha das músicas finais para o álbum, qual foi a música mais difícil de produzir?
Milosh: Eu não digo isso como forma de me gabar, mas, para mim, produzir não é difícil porque eu sinto muito prazer em fazer música. É uma das partes mais divertidas em estar no mercado.
Acho que as coisas mais difíceis estão fora da indústria: resolver os problemas de logística das turnês, pagar todos os hotéis (risos). Essas são as partes difíceis, mas as coisas do estúdio, não. Se tratam de alegria e exploração.
TRACK: E sobre você? Como você vê seu crescimento pessoal e artístico desde o lançamento do seu primeiro álbum até “Home”, lançado no mês passado?
Milosh: Quando comecei o projeto do Rhye havia muitos problemas, umas situações embaraçosas, as turnês eram difíceis e eu continuava perdendo dinheiro, era tudo muito caro.
Então, por uns oito ou nove anos eu tentei entender como manter esse negócio girando para que eu pudesse concentrar na música.
Como resultado disso, pude construir um estúdio na minha casa que funciona perfeitamente para a forma como eu produzo músicas. Tenho todos os sintetizadores que eu quero, tenho o ritmo certo no estúdio e desenvolvi muita velocidade.
Para cada canção eu consigo construir 70% delas em cinco ou seis horas. Tudo flui muito rápido para mim no estúdio, mas não era assim no início. Eu desenvolvi um estilo de trabalho e produção que não há barreiras, mas isso levou anos para ser evoluir.
Espero apenas crescer artisticamente e que tudo que eu faça seja um tipo de evolução. É isso que estou tentando: fazer meus sons parecerem meus sons para que não soem com os de outra pessoa. Estou tentando seguir nessa direção.
TRACK: Isso é bom! Você me disse que tenta ter um som autêntico, que parece com você, e não com outras pessoas. Quais são suas inspirações? Que outros gêneros você costuma ouvir?
Milosh: Eu amo diversos estilos. Eu amo muitas músicas clássicas, R&B, Marvin Gaye, Al Green. Dos mais recentes eu gosto do hip-hop dos anos 90 como: A Tribe Called Quest, Pete Rock & CL Smooth. Eu amo diferentes estilos de músicas.
Eu só não quero parecer como eles, mas eu amo quando ouço algo que soa incrível. O último álbum do Tame Impala eu realmente amei. Eu não quero soar como ele, mas ouvindo, me sinto inspirado.
TRACK: Desde o lançamento de seu álbum de estreia, você viveu praticamente na estrada, fazendo uns cem shows por ano em lugares como Toronto, Montreal, Tailândia, Holanda, Alemanha e Los Angeles. Quando for possível, você tem planos de viajar pelo mundo e se apresentar?
Milosh: Absolutamente! Nós tínhamos 50 shows que cancelamos por causa da pandemia, mas minha meta é voltar a rodar o mundo porque amo estar em turnê e compartilhar músicas.
E eu amo a experiência de ver uma multidão dançando e entrando no ritmo da música, rindo. Para mim, tocar é uma parte natural de fazer um álbum. Estamos apenas esperando para que isso seja possível novamente. Assim que pudermos, tentarei.
TRACK: Qual a parte mais divertida em viajar pelo mundo e se apresentar?
Milosh: Há algumas coisas. A primeira é comer em diferentes cidades. Eu amo experimentar comidas de diferentes culturas. Essa é provavelmente minha parte favorita.
Eu também amo ver como o público é diferente, mas como seres humanos todos são semelhantes. Foi onde eu descobri que muitas pessoas no mundo são boas. Onde quer que eu vá, todos são legais.
TRACK: Sim! Você já veio ao Brasil?
Milosh: Sim, já toquei uma vez no Rio de Janeiro e uma vez em São Paulo. Depois fui para o Chile. Essas foram as únicas vezes que toquei na América do Sul.
Mas acho que o grande problema é que os voos são muito caros e eu tenho entre sete e oito pessoas no palco e um gerente de turnê, então custa muito viajar e nunca conseguimos encaixar shows suficientes para tocar, sem perder muito dinheiro.
Eu amaria voltar para o Brasil. Eu sempre penso: “Por que não estamos fazendo 10 shows consecutivos na América do Sul?”
TRACK: Por fim, quais suas expectativas para o futuro? Como você se vê em 10 anos?
Milosh: Espero ter cinco ou quatro álbuns do Rhye lançados. Estou compondo esses álbuns com minha namorada, que toma conta comigo do projeto. Então, lançaremos muitas músicas ambientes e clássicas.
Eu quero fazer um filme, filmá-lo e tudo mais. Quero continuar viajando e tocando pelo mundo também. Eu amo a vida artística e isso envolve fotografia, cinema, música e como isso se cruza. Então, quero continuar realizando mais projetos.
E aí, conhecia o Micheal Milosh, seu projeto Rhye e o álbum “Home”? Quais suas canções favoritas? Gostou da entrevista? Comenta conosco nas nossas redes sociais!