A manhã desta quinta-feira, dia 18 de maio, é uma manhã de luto. Fãs de todo o mundo acordaram com a triste notícia da morte, ocorrida na noite do dia 17, de Chris Cornell, uma das mais importantes e influentes vozes do rock dos anos 90, ao lado dos também já falecidos Layne Staley e Kurt Cobain, além do incansável Eddie Vedder. Chris vivia um momento importante da carreira, logo após o retorno das atividades do Audioslave e em meio à gravação do novo álbum de estúdio do Soundgarden.
Dono de um timbre de voz peculiar, que influenciou toda uma geração de novos vocalistas ao redor do mundo, Cornell deu vez e voz a hits que ajudaram a construir o movimento grunge no início dos anos 90 nos Estados Unidos, mudando a cara do rock do pomposo e extravagante hard rock californiano para a crueza e a visceralidade do Grunge de Seattle. Nascido e criado naquela cidade, Chris começou tocando bateria, posto que chegou a ocupar no próprio Soundgarden antes de se dedicar exclusivamente aos vocais. Com a chegada de Matt Cameron, Chris assumiu, em definitivo, o microfone da banda, levando o quarteto e a si mesmo ao posto de referência na função. Screamer de primeira linha, foi durante muitos anos um dos melhores vocalistas do mundo. Em estúdio, alguns de seus momentos mais brilhantes estão nos hits do Audioslave, banda formada com o trio de ex-membros do Rage Against the Machine (Brad Wilk, Tom Morello e Tim Commerford).
Mais tarde, sentindo os efeitos da falta de técnica e da idade, teve sua performance prejudicada. Rodou o mundo com uma turnê acústica, demonstrando versatilidade, em um formado quase que oposto ao que se via em seus trabalhos anteriores com o Soundgarden e o Audioslave. Interpretou covers de forma criativa, como Redemption Song, de Bob Marley, e a interessante versão de One, do U2, com a letra de One, do Metallica. Lançou em 2012 “King Animal”, que marcou o retorno do Soundgarden às atividades. Ligado à família, deixa esposa e três filhos, além de uma extensa discografia e videografia.
É impossível passar por um momento como esse sem ter ativada, de imediato, a memória afetiva. Sem lembrar de todos os momentos e experiências de vida e ritos de passagem que foram embaladas pela voz de Chris e tiveram seus trabalhos como trilha sonora. O dia 17 de maio de 2017 é mais uma data a ser lembrada com tristeza por algumas gerações de fãs e apreciadores de rock.
Em uma experiência que parece nos visitar com cada vez mais frequência quando o assunto é rock, um dos melhores de sua época nos deixa de forma repentina e prematura. Cobain se foi, Staley se foi, Scott Weiland se foi e, agora, Chris Cornell.
A nós, resta a homenagem reclusa e solene de seguir, hoje e sempre, apreciando sua obra e seu legado. Em 2014, o Tracklist fez uma matéria especial sobre o Soundgarden dias antes da primeira (e única) apresentação do grupo no Brasil, no Lollapalooza. Esperávamos fazer outras matérias similares que envolvessem Chris Cornell, mas, agora, só restam as saudades. Aqui, de forma poética, já está tocando “Say Hello 2 Heaven”.
Valeu, Chris. Obrigado por tudo.
Cinco momentos que contam a história da carreira de Chris Cornell
O brilhantismo em notas altas, num casamento perfeito com a guitarra pesada do parceiro Kim Thayil:
Soundgarden – Outshined
Mas também o sentimento que só ele sabia dar a composições mais soturnas:
Soundgarden – Black Hole Sun
Seu gosto por parcerias sempre foi latente. A mais famosa delas gerou o Temple Of The Dog, ao lado de membros do Pearl Jam:
Nos anos 2000, veio outra parceria, desta vez com os pilares instrumentais do Rage Against The Machine, o que nos deu uma das mais criativas bandas daquela década, o Audioslave:
Em um clima intimista, rodou o mundo com seu show acústico, sendo atração do festival SWU: