in , ,

Os 10 melhores álbuns nacionais do ano de 2020

O ano de 2020 foi extremamente desafiador para o mundo inteiro, ainda mais para o Brasil. Por isso, é extremamente necessário parabenizar os artistas nacionais por entregarem trabalhos impecáveis ao longo de um ano difícil em termos políticos, sociais e sanitários – e a partir daí, elencar os melhores álbuns nacionais de 2020.

Para realçar essa grande conquista dos cantores, cantoras e bandas brasileiras, o Tracklist destacou 10 álbuns que se sobressaíram este ano. Confira a lista!

Por Giovana Bonfim e Lucas Ribeiro

10. “Cinco”, Silva

Após o político álbum “Brasileiro” (2018), o cantor capixaba Silva lançou seu quinto álbum de inéditas, “Cinco”, que conta com parcerias de Anitta, João Donato e Criolo.

Esse é aquele álbum que precisávamos em 2020: uma atmosfera solar, otimista e esperançosa, sem ignorar os problemas que estamos enfrentando, e suas reflexões introspectivas sobre o amor. Porém, no final, o cantor foca no que pode dar certo. Afinal, falar sobre os desencontros e encontros do amor poderia cair facilmente no clichê, mas a leveza nas canções, as produções refinadas e composições realistas e otimistas, tornam esse repertório um acalanto em meio ao caos de 2020.

Com certeza, “Cinco” trouxe uma ótima forma de tentar reabastecer as energias para começar 2021, fazendo dele um dos melhores álbuns nacionais do último ano.

Leia também: Conversamos com o Silva sobre o novo álbum “Cinco” e parceria com Anitta; confira


9. “Assim Tocam os MEUS TAMBORES”, Marcelo D2

Gravado durante a quarentena e com os fãs acompanhando o processo através de lives feitas pela Twitch, o resultado surge em “Assim Tocam os MEUS TAMBORES“. No trabalho, Marcelo D2 mostra que o isolamento pode se tornar em algo produtivo e que seja resistência.

Com parcerias com gigantes como Criolo, Russo Passapusso, Juçara Marçal, BK, Baco Exu do Blues, DJONGA e outros, e até mesmo sample de Chico Science, o disco não falha ao atingir o que quer, tornando-o um dos melhores álbuns nacionais de 2020. O projeto também ganhou clipes para cada uma das faixas, gravadas em casa.


8. “Acorda Amor”, Letrux, Luedji Luna, Xênia França, Maria Gadú e Edgar

O que esperar de um álbum que tem Luedji Luna, Maria Gadu, Letrux, Liniker, Edgar e Xênia França?Acorda Amor” inicialmente era um show que reunia os artistas e acabou indo para muito além de só um show. O que era uma apresentação viraram várias, e delas, nasceu um álbum.

No disco, podemos ouvir regravações de clássicos da MPB, repaginadas a ritmos um pouco mais animados. A escolha de músicas não é por acaso: são músicas que fazem total nos dias atuais, em que se precisa ir à luta e resistir no Brasil.


7. “Dolores Dala Guardião do Alívio”, Rico Dalasam

O genial de Rico Dalasam é a forma que ele consegue construir o seu flow de forma que entrelaça a linguagem poética com pequenos detalhes e formas de falar mais informais, algo bem do dia-a-dia. É quase como se Rico tivesse conversando com o ouvinte.

Mesmo não sendo um álbum de fato, o EP não poderia ficar de fora por ser um dos projetos mais criativos e fresh de 2020. No decorrer das cinco faixas, a produção cria um ambiente atmosférico, com efeitos vocais, com tambores, guitarras e até beats graves que flertam com o funk. Dalasam cria sua própria narrativa, com uma assinatura musical muito única, mostrando a sua vulnerabilidade e intensidade dos sentimentos dentro de um relacionamento ou o fim dele.

“Braille” é um dos destaques do projeto, e quiçá um dos melhores singles desse ano na música nacional. A forma que o artista narra de sua perspectiva, como um homem negro, ao se apaixonar por um homem branco, é algo nunca visto antes na música nacional.


6. Mundo Novo”, Mahmundi

Em cada álbum que lança, Mahmundi se arrisca mais musicalmente. Em “Mundo Novo”, ela se joga de vez na MPB, que de certa forma acaba lembrando Marisa Monte. Com letras inspiradoras e melodias impecáveis, fala sobre diversidade, tempos de caos, esgotamento com o mundo e relações. Imperdoável terminar o ano sem escutar essa obra de arte, que se consagrou como um dos melhores álbuns nacionais de 2020.


5. “O Líder em Movimento”, BK’

Sendo um dos álbuns mais aguardados do ano, BK’ finalmente lançou em 2020 o seu aguardado terceiro álbum de estúdio, “O Líder Em Movimento”. O álbum cheio de referências, que vão de The Beach Boys (“Poder”) a Erasmo Carlos (“Pessoas”), é um disco visceral e que vai direto ao ponto.

Durante as 10 faixas, o rapper discorre sobre a sua carreira e as percepções que as pessoas acabam criando sobre ele, sem de fato o conhecer de verdade. Ainda assim, o artista consegue ampliar a sua ótica para abordar a narrativa do álbum em um senso de comunidade. Ele exalta a sua comunidade ao mesmo tempo em que denuncia as atrocidades que a estrutura brasileira racista trata violentamente a comunidade negra no país. “Baixa autoestima no meio das negras/ Maldições em nós por várias eras/ E hoje nós que somos bruxos, feiticeiras/ Malcolm X, eu não tô bem com isso/ Mataram Marielle e ninguém sabe o motivo (“Movimento).

Esse é um trabalho que consegue passar pelo seu lado mais pessoal introspectivo, mas no final é sobre a comunidade, em seu aspecto mais macro. Os beats pesados, e que no decorrer no disco se misturam as orquestras, acordes de guitarras, de uma forma até mais suja, consegue amplificar a mensagem do álbum e inserir o ouvinte nessa atmosfera agressiva e necessária criada por BK’.


4. “CORPO SEM JUÍZO”, Jup do Bairro

Existencialismo, sexualidade, gênero, amor e liberdade. Esses são só alguns dos temas que você vai encontrar assim que der o play em “CORPO SEM JUÍZO“, da Jup do Bairro.

O projeto é entrelaçado por composições inteligentes, sarcásticas, poéticas e profundas, que narram as vivencias de Jup até agora. Por meio de suas provocações, nos 27 minutos do disco, conseguimos entender quem de fato Jup é como artista e o seu lugar no mundo, com questionamentos existencialistas que rodeiam esse seu repertório. A pluralidade de gêneros musicais, que trafegam pelo Rock, funk, electro-pop e r&b, de forma experimental e inovadora, prova a versatilidade da artista. É genial e transgressor. “E quando minhas mãos não puderem mais segurar/ Suas mãos nas minhas, não é pra soltar/ Sei que não estive só, me resta confiar/ Luta por mim” (“LUTA POR MIM”).

O sarcasmo, a política e o lado experimental do seu repertório, acompanhado de Rico Dalasam e Linn da Quebrada (“All You Need Is Love”); Deize Tigrona (“PELO AMOR DE DEIZE”); e Mulambo (“LUTA POR MIM”) comprovam a genialidade da artista, mostrando algo novo e necessário no cenário musical brasileiro, tornando “Corpo Sem Juízo” um dos trabalhos mais transgressores e essenciais de 2020; e, é claro, um dos melhores álbuns nacionais do ano.


3. “Letrux aos Prantos”, Letrux

Letrux lançou o “Letrux aos Prantos” em vésperas do caos da pandemia ser instaurado no Brasil. Foi como se previsse que algo muito esquisito (do que de fato já estava sendo por aqui) estivesse por acontecer em suas letras. Mais sóbrio melodicamente e liricamente do que o “Letrux em Noite de Climão”, aborda questões mais existenciais com menos pop e ritmos dançantes, com um pouco mais de instrumentos do rock e pegadas de MPB. É uma grande obra musicada deste ano. “Eu Estou Aos Prantos” resume muito esses tempos: “eu estou aos prantos, quem não?”.


2. “111 (DELUXE)”, Pabllo Vittar

No início do ano, Pabllo Vittar lançou às pressas o “111” após ele ter vazado. Em novembro, vários meses depois, ela entrou no hype de lançar álbum remixes e lançou a versão deluxe do disco, um dos melhores álbuns nacionais de 2020.

O disco conta com 2 músicas novas: “Bandida”, parceria com POCAH que mistura o bregafunk com batidas do eletrônico; e “Eu Vou”, um forrózinho maravilhoso.

As músicas contam em sua maioria com grandes artistas e trazendo a regionalidade de Pabllo Vittar, com muita influência do forró, arrocha e do brega. Mas não para por aí: tem umas sonoridades de fritação, com destaque para as faixas “Flash Pose” e “Rajadão”. Os remixes contam com nomes icônicos e diversos: Biu do Piseiro, POCAH, Jaloo, Lorena Simpson e até mesmo Alice Glass.


1. “Bom É Mesmo Estar Debaixo D’água”, Luedji Luna

O segundo álbum de um artista é provavelmente um dos momentos mais desafiadores de sua carreira. Quando a baiana Luedji Luna surgiu, “Banho de Folhas” logo se tornou um dos grandes hits daquele ano, acompanhado de seu excelente e aclamado disco de estreia “Um Corpo No Mundo”. O projeto era marcado por uma produção intimista e minimalista, usando como base o violão, tambores e percussões, de tal forma que aproximava o ouvinte a sentir a emoção sobre os afetos e desafetos da cantora. 

Já em “Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água”, temos um álbum visual que se propões a ir musicalmente a outros lugares. A presença de instrumentos orgânicos como a bateria, percussão, pianos e até violinos ajudam a trazer uma sonoridade diferente do primeiro, com influências diretas do jazz, MPB e R&B.

No fim, esse é um dos discos mais poéticos, sensíveis e ricos musicalmente do ano. Luedji consegue dar voz a sentimentos de um desencontro no amor até a paz de se encontrar e ter alguém para compartilhar a sua vida. A narrativa vai da raiva e remorso até o amor e devoção, de tal forma que todos que ouçam seu repertório possam se identificar. “Vou lhe fazer um feitiço/ Jogar teu nome na lama/ Eu juro você vai me pagar/ Cada lágrima que eu chorei/ Eu guardei só pra te dar/ E você vai beber no inferno”. (“Ain’t I A Woman?”).

Vale destacar que o disco enfatiza, também, os recortes e vivências específicas de uma mulher negra dentro de uma sociedade machista e racista, como o Brasil. “Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água” é um álbum de poesias, conexões, relações e de sentimentos pulsantes à flor da pele, e por isso, não poderia estar em outro lugar a não ser o topo de nossa lista de melhores álbuns nacionais de 2020.

Menção honrosa

“Affair”, Gloria Groove

Nesses últimos anos, Gloria Groove conseguiu se estabelecer como artista no mainstream, acumulando inúmeros hits que vão de “Bumbum de Ouro” até “Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim”, parceria com Manu Gavassi. Para quem já é familiarizado com a carreira da drag queen sabe que suas principais influências vêm do R&B, gênero a qual já inseriu em várias canções de seu repertório.

Em “Affair“, a cantora resolveu então se jogar de vez nesse estilo musical e lançou um EP visual de R&B. As referências desse projeto são do final dos anos 90 e início dos anos 2000, tanto na sonoridade quanto na estética, colocando-o como um dos melhores álbuns nacionais do ano.

Gloria também explora novos registros vocais, letras românticas e também de sofrimento pelo o fim de um relacionamento, além de trabalhar bastante a dualidade de sua personagem como Gloria Groove e a sua personalidade desmontada, Daniel Garcia. Esse projeto é um prato cheio para quem adora aquele R&B clássico, bem estilo Destiny’s child, Brandy e Janet Jackson.


“Numanice”, Ludmilla

Se Ludmilla não agradou alguns no funk no ano de 2020, ela surpreendeu com seu talento no pagode. “Numanice” deixa muito um gostinho de quero mais nas 6 faixas.

Entre músicas originais e regravações, ela deixa tudo com sua cara, mostra sua visão e o lado sofrência feminino no pagode, o que não é tão comum de se ver – ainda mais com representatividade lésbica. Com o verão a pleno vapor, o álbum combina totalmente com a estação! Uma cervejinha e “Numanice” é a melhor combinação.


OBS: A lista foi definida a partir dos seguintes critérios: opinião dos redatores; e opinião da crítica especializada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *