Que “Euphoria” é um sucesso, você provavelmente já deve estar sabendo. Durante oito finais de semana, não houve um dia em que o nome da série, ou de algum personagem, não tomasse conta dentre os assuntos mais comentados nas redes sociais. Isso, além de inúmeros memes gerados pelas situações mais inusitadas do enredo, somou-se aos nomes mais queridos dentre o público, como Zendaya e Hunter Schafer. Mas, especialmente nessa temporada, houve um ponto fora da curva: Sydney Sweeney.
A atriz vive a errática e melancólica Cassie Howard, uma das melhores amigas de Maddy Perez (Alexa Demie). Ela já havia sido destaque na primeira temporada, quando a personagem passou por grandes transformações ao longo da adolescência – um namoro conturbado com um universitário, um rapaz mais velho, que culminou em um aborto após uma gravidez indesejada.
Se por um lado Cassie era apenas vista como uma jovem atraente, sedutora e de baixo nível crítico (segundo Rue, a narradora da história, ela se apaixona por todo mundo com quem se relaciona, o que a deixa vulnerável para fazerem o que quiser com ela), ela deu um passo adiante na nova temporada. E, de todos os furos de roteiro e decepções vivenciadas entre os fãs da série, era ela quem ainda tinha alguma história para contar.
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Quem é Sydney Sweeney, e como ela se tornou o maior trunfo de “Euphoria”
A atriz, além da série da HBO, é conhecida por viver também Emaline Addario em “Everything Sucks!”, da Netflix. Ela possui um extenso currículo na televisão, mas, recentemente, também fez uma ponta no cinema em “Era Uma Vez… Em Hollywood”, de Quentin Tarantino.
O que mais surpreende em Sweeney não é somente sua competência para viver papéis dramáticos como exige um personagem como Cassie Howard, mas sua vida fora das câmeras. Aos vinte e quatro anos, ela possui uma produtora focada no desenvolvimento de mulheres no mercado fonográfico, além de estudar empreendedorismo e ser lutadora de MMA.
Para se ter ideia do quão bem vista foi nos últimos tempos, ela também estaria cotada para viver Madonna em um filme biográfico da cantora, ícone dos anos 1980 até hoje. Mas, até o momento, esse é apenas um rumor ainda não confirmado.
Com tudo isso, o que mais chamou a atenção das redes nos últimos dias foram seus posicionamentos a respeito do tratamento com mulheres na indústria. Especialmente durante as gravações da segunda temporada de “Euphoria”, Sweeney revelou em diferentes entrevistas sobre como se sentia desconfortável com as incontáveis cenas de nudez e sexo que envolviam, principalmente, sua personagem, além do fato de terem sido gravadas e planejadas muito mais do que as que foram exibidas.
“Eu pesquisei sobre outras atrizes que também fizeram cenas parecidas, para tentar me sentir melhor. […] Existem horas e horas de cenas de homens em Hollywood que fazem esse tipo de coisa, e são aclamados por isso. São eles que ganham o Oscar e premiações do tipo. Mas, no momento em que uma mulher faz o mesmo, é julgada como algo degradante”, explicou, mostrando seu interesse em fazer parte de um movimento para mudar essa percepção – tanto do público, quanto da academia.
O futuro da personagem
Mais do que um rostinho ou corpo bonito, é inegável que o talento de Sydney Sweeney foi o que carregou boa parte do enredo de “Euphoria” até o momento. Com as desavenças entre Barbie Ferreira e o diretor da série, Sam Levinson, ficou evidente que o tempo de câmera da colega foi reduzido, com cenas cortadas, aumentando ainda mais o brilhantismo de sua personagem, enquanto outra se apagava. Em toda hipótese, é um verdadeiro desfalque, tendo em vista que Kat merecia mais espaço. No entanto, pelo menos nessas lentes, a trama foi suprida.
Em certo momento da trama, a história vivida por Cassie chega a ser mais interessante que a da própria protagonista, Rue. O trio complexo entre ela, Nate e Maddy rendeu algumas das melhores cenas de toda a temporada, com diálogos mais bem desenvolvidos e personagens mais aprofundados.
Como “Euphoria” nunca foi um jogo de cartas marcadas (ou seja, nunca sabemos exatamente o que vai acontecer com algum personagem), a chance de conhecermos o background cria esse laço com mais afinco com o público. Isso sem contar, é claro, com os recursos técnicos excelentes que já são de praxe da produção.
No entanto, com uma nova temporada confirmada, resta saber se todo esse destaque será repetido – ou, ainda melhor, se teremos uma nova Cassie, vencendo sua busca incessante pela aprovação de outras pessoas, mais confiante e implacável, como pode (e deveria) ser.