Ao lado de grandes atrações do metal presentes no Rock in Rio neste sábado (19), um nome um tanto quanto controverso se destacou entre as atrações do Palco Mundo: o duo Royal Blood. A banda, que carrega um BRIT Awards de “Melhor Grupo Britânico” nas costas, não precisou de muito para fazer o seu legado em seus menos de dois anos de atividade, apenas de um baixo e uma bateria.
Com o disco de estreia “Royal Blood”, o baixista e vocalista Mike Kerr e o baterista Ben Thatcher conquistaram a admiração de grandes nomes do rock, como Dave Grohl, do Foo Fighters, e Jimmy Page. Hits como “Figure It Out” e “Little Monster” ecoaram nas paradas britânicas e deram à dupla vários prêmios de “Revelação do Ano” com o seu som complexo. E foi com esse som que o grupo chegou ao Rock in Rio em sua primeira passagem pelo Brasil.
Se por um lado bandas com o mesmo tempo nas estradas que o Royal Blood poderiam sentir-se facilmente pressionadas com um público de Rock in Rio de mais de 85 mil pessoas, em contrapartida o grupo britânico contrariou essa tese, demonstrado muita tranquilidade entre uma música e outra das dez tocadas pela dupla. Logo nas primeiras “Come On Over” e “You Can Be So Cruel”, Mike Kerr mostrou uma certa intimidade com o público presente – intimidade esta que foi diminuindo com o passar do show com a frieza dos ingleses
Ao longo do show, o Royal Blood mostrou bastante consistência em suas performances, principalmente em canções como “Better Strangers” e “One Trick Pony”. Os riffs distorcidos vindos do baixo de Kerr – resultados da soma de pedais de efeitos e de três amplificadores ligados simultaneamente – conquistavam boa parte do público brasileiro, enquanto a bateria quase onipresente de Thatcher se destacava como segundo plano.
Ao contrário de outras duplas como o The Black Keys, a sonoridade aproximada do garage rock apresentada pelo Royal Blood nas suas faixas soam como uma banda completa de quatro integrantes, deixando seus ouvintes em dúvida sobre “como dois malucos sobem no palco e conseguem imitar o rock de banda x ou banda y?”. E foi justamente esse fator que deu fama ao grupo e que destoou sua apresentação no Rock in Rio do som pesado de bandas como o Korn e o Angra.
Embora Kerr e Thatcher não tenham interagido com o público na grande maioria do show, foi no fim da apresentação que ambos aproveitaram para presenciar o calor brasileiro, jogando-se nos fãs e tendo assim o seu primeiro contato com este.
Próxima do final do show, a bem-introduzida “Out Of The Black” deu esperanças para aqueles que acreditavam que o rock britânico estava morto. Nomes como Royal Blood são os representantes daqueles que querem ver futuramente o seu estilo musical preferido vivo e com seu sucesso intacto. E é através de claras influências de grupos antigos – como o Black Sabbath, que foi lembrada por Kerr com os riffs clássicos de “Iron Man” – que estamos presenciando não apenas a ascensão do gênero, mas também a sua superação.
Setlist:
1. “Come On Over”;
2. “You Can Be So Cruel”;
3. “Figure It Out”;
4. “Better Strangers”;
5. “Little Monster”;
6. “Blood Hands”;
7. “One Trick Pony”;
8. “Ten Tonne Skeleton”;
9. “Loose Change”;
10. “Out Of The Black”.