Por Allan César, Gabriel Haguiô, Luciana Lino, Manuela Sant’ana e Mariana Alves – Em setembro de 2024, o Rock in Rio antecipou a festa e realizou sua edição comemorativa de 40 anos de história. Hoje, 11 de janeiro de 2025, o festival celebra exatas quatro décadas desde a primeira abertura de portões, em 1985. Desde então, já foram 24 edições que encantaram não só o Rio de Janeiro como o mundo – mais de 12 milhões de pessoas já passaram pelo festival em terras cariocas, Lisboa, Madri ou Las Vegas.
Linha do tempo: relembre momentos marcantes do Rock in Rio
1985
O ano foi um marco de extrema importância para a história brasileira: a redemocratização finalmente tomava forma em um Brasil que clamava por mudanças depois de anos de ditadura militar. Os anseios desse novo momento inspiraram a criação do Rock in Rio, o primeiro evento musical de porte internacional realizado na América do Sul.
A primeira edição do festival parece ter saído dos sonhos de qualquer fã. Realizado na antiga Cidade do Rock em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, o line-up contou com atrações enormes do rock internacional, como Queen, Iron Maiden, AC/DC, Rod Stewart, Ozzy Osbourne e James Taylor, entre tantos outros nomes. A música nacional também foi muito bem representada por uma geração de artistas históricos, como Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Rita Lee, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e Erasmo Carlos.
“Foi uma consagração incrível, como se a gente estivesse, depois que voltamos, recebidos aqui no planeta com papel picado, desfile em carro aberto… Foi mais ou menos o que a gente sentiu ali na época. O Rock in Rio potencializou e projetou a carreira dos Paralamas 40 anos depois”, continua João Barone.
Foram vários os momentos históricos vividos desde então, que ajudam a explicar o fenômeno em torno do festival. Toda uma geração tem na memória a cena de Freddie Mercury regendo um coro de vozes enquanto Brian May dedilhava “Love Of My Life”, um dos maiores sucessos do Queen. Os registros em vídeo até hoje emocionam – não apenas pela paixão com a qual o público recebeu a banda, mas também pelos significados que haviam por trás. Era um Brasil que voltava a se abrir ao mundo, e cantava em celebração a um novo momento.
No mesmo ano, a música brasileira também refletia a volta da democracia em suas canções. Em um de muitos exemplos que a edição de 1985 proporcionou aos fãs, o show de um Barão Vermelho liderado por Cazuza foi um dos grandes momentos do evento, realizado no mesmo dia da eleição que marcou o fim da ditadura militar e nomeou Tancredo Neves presidente. O coro de “Pro Dia Nascer Feliz” marcou a lembrança dos fãs, e música rapidamente se tornou um dos hinos do festival.
1991
A repercussão foi tamanha que o Rock in Rio retornou para uma segunda edição seis anos depois, em janeiro de 1991. Desta vez, o festival foi realizado no Maracanã, buscando ampliar o público e a sua estrutura, em uma época que o estádio ainda recebia poucos shows. Uma nova geração de artistas subiu ao palco, incluindo nomes como Prince, Guns N’ Roses, George Michael, Santana, A-ha e Billy Idol.
O grande destaque de 1991 foram as atrações internacionais – em especial, duas que se tornaram símbolos da edição. Responsável por encerrar o primeiro dia, Prince foi ovacionado pelo público com alguns dos grandes sucessos da black music, naqueles que acabaram sendo os seus dois únicos shows no Brasil na carreira. No dia seguinte, foi a vez do Guns N’ Roses se apresentar pela primeira vez em terras brasileiras diante de um público ensandecido, em uma performance que antecipou o lançamento dos clássicos discos “Use Your Illusion”.
2001
Não demorou muito para que o festival se enraizasse na memória não apenas do público, mas dos fãs de música pelo mundo. Devido aos longos intervalos entre uma edição e outra na época, o Rock in Rio se tornou uma lenda na memória do brasileiro, e levaram longos dez anos até que o festival retornasse em janeiro de 2001. De volta à Cidade do Rock de Jacarepaguá, a terceira edição voltou a receber nomes como Guns N’ Roses e Iron Maiden, ao mesmo tempo que abriu as portas para atrações inéditas como Red Hot Chili Peppers, Foo Fighters, Oasis e Britney Spears.
O destaque histórico da edição, porém, foi do famoso show de Cássia Eller. A apresentação mesclou hits como “Malandragem” e “O Segundo Sol” com grandes sucessos do rock, como “Come Together”, dos Beatles, e “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana – em uma versão que arrancou elogios até mesmo de Dave Grohl, que a ouvia dos bastidores. Além disso, a cantora também protagonizou uma das cenas mais icônicas do festival, que mostrou os seios durante a performance.
2011
Na década seguinte, o Rock in Rio se dedicou a internacionalizar a sua marca, com a realização de três edições em Lisboa e uma em Madri. Foram 10 anos sem uma edição do evento no Brasil – até que em 2011, Roberto Medina trouxe o festival de volta à sua casa; desta vez, em um novo espaço na Barra da Tijuca, o atual Parque dos Atletas, repleto de novidades como brinquedos e novos palcos e espaços.
O line-up contou com o retorno de nomes históricos do evento, como o Guns N’ Roses e o Red Hot Chili Peppers, e a estreia de ícones da música internacional, como Stevie Wonder, Elton John, Coldplay, Metallica, Shakira e Rihanna, entre muitas outras atrações.
Entre vários possíveis destaques para uma edição que resgatou a magia do festival depois de anos, Stevie Wonder se responsabilizou por uma das maiores apresentações da história do Rock in Rio. Em somente seu terceiro show no Brasil em sua carreira, o lendário cantor despejou seu soul sobre o Palco Mundo na forma de sucessos históricos da música, como “Sir Duke”, “I Just Called To Say I Love You” e “Isn’t She Lovely”. A noite ainda teve direito a um cover emocionante de “Garota de Ipanema”, na qual o pianista chamou sua filha, Aisha Morris, ao palco.
No mesmo ano, o Coldplay representou uma nova geração de bandas da música internacional com uma performance marcante no festival. No ano que marcou a sua guinada em direção ao pop, o grupo conquistou o público brasileiro com a sua simpatia e o seu talento sobre o palco, que se sobressaiu em grandes sucessos como “Viva La Vida”, “Fix You” e “Yellow”. Em uma cena que ficou marcada na posteridade, Chris Martin até mesmo pichou o nome do Rio na lateral do palco com um coração.
Depois de 2011, o Rock in Rio se firmou definitivamente no Rio de Janeiro e passou a ser realizado a cada dois anos. Desde então, muitos nomes foram e voltaram para o festival, e artistas de renome internacional tiveram a oportunidade de se apresentar pela primeira vez à uma nova geração do público brasileiro.
2013
Conhecido como “The Boss” e por sua paixão nas performances, Bruce Springsteen retornou ao Brasil pela primeira vez em mais de duas décadas em 2013, e imprimiu as suas digitais na história do Rock in Rio. Em um show que ultrapassou as duas horas e meia de duração, o cantor apresentou alguns dos vários sucessos de sua carreira, e inclusive tocou na íntegra um de seus discos mais clássicos, “Born In The U.S.A.” (1984). Com muito carisma e a intimidade de poucos com o palco, Bruce deixou a sua marca eternizada a todos que testemunharam a noite.
Na mesma edição, o Rock in Rio foi agraciado por ninguém mais, ninguém menos que Beyoncé em um verdadeiro espetáculo do pop. Em uma noite que marcou a história do festival, a cantora regeu a multidão que a aguardou por tantos anos com performances extremamente perfeccionistas e o talento único que a acompanhou em toda a sua carreira. Para além dos grandes hits, a artista fugiu do roteiro em muitas interações com o público brasileiro, além de deixar uma surpresa especial para o final ao tocar o funk “Passinho do Volante” em uma cena que imediatamente ficou marcada na história.
O Rock in Rio 2013 também recebeu Muse, Justin Timberlake, Metallica, Bon Jovi e Iron Maiden como headliners, além de trazer novidades como um palco dedicado ao street dance.
2015
Por outro lado, algumas das atrações históricas do evento voltaram a protagonizar grandes momentos na Cidade do Rock em sua nova fase. Um exemplo clássico é o do Queen, que foi escolhido para celebrar os 30 anos de Rock in Rio em 2015. Em uma formação na qual o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor se juntaram ao cantor Adam Lambert para marcarem o retorno da banda, o grupo pôde se apresentar uma segunda vez no festival e recriar algumas das cenas que marcaram o país em 1985, três décadas depois.
Outros destaques do Palco Mundo incluíram Metallica, que entregou uma performance poderosa na noite do metal, Katy Perry, que encantou o público com um show colorido, além de Rihanna, Systen of a Down, Elton John, Rod Stewart e mais.
2017
A edição de 2017 foi marcada pela estreia do festival no Parque Olímpico, uma mudança que trouxe mais espaço e estrutura para o público. O evento teria como grande destaque a apresentação de Lady Gaga, que cancelou sua participação de última hora devido a problemas de saúde. A cantora foi substituída pela banda Maroon 5, que assumiu o palco principal em duas noites consecutivas.
Além disso, nomes como Aerosmith, Bon Jovi, Justin Timberlake, Red Hot Chili Peppers, The Who, Guns n’ Roses e 30 Seconds to Mars passaram pela edição. No cenário nacional, não faltaram nomes como Titãs, Skank e Frejat, além de parcerias como a de Ney Matogrosso com Nação Zumbi.
A Cidade do Rock também ganhou novidades em 2017, como o Rock District, um “bairro” em homenagem a grandes nomes da música, e o Digital Stage, um espaço que recebeu vloggers, músicos, grupos de dança, comediantes e outras atrações do entretenimento digital.
2019
A edição de 2019 apostou em um line-up com uma mescla de nomes do rock e com forte guinada ao pop. Além de atrações como Iron Maiden, Foo Fighters e Red Hot Chilli Peppers, nomes como Pink, Drake e Black Eyed Peas estrearam na Cidade do Rock – o grupo ainda chamou Anitta para performar o hit “Don’t Lie”.
No mesmo ano, o festival estreou novos espaços. O New Dance Order assumiu a nomenclatura do palco focado em música eletrônica, já existente em edições passadas. Já o Espaço Favela nasceu para dar visibilidade à diversidade e à pluralidade das comunidades cariocas na Cidade do Rock. Por sua vez, o Supernova tem como premissa promover artistas independentes.
2022
Após a pausa causada pela pandemia, o Rock in Rio voltou em 2022 com uma edição que celebrou a retomada dos grandes eventos. Um dos shows mais aguardados foi o do Coldplay, que trouxe um espetáculo de luzes e interatividade com o público, além da distribuição de pulseiras de LED que piscavam de acordo com as músicas tocadas na apresentação.
Dua Lipa também foi um dos grandes destaques da edição, além de nomes como Guns N’ Roses, Green Day e Post Malone. No âmbito nacional, artistas que despontaram no pop, como Anitta, Ludmilla e Gloria Groove, também passaram pelo festival.
2024
Para comemorar os 40 anos do Rock in Rio, o festival apostou no pop como predominante da edição, com nomes como Katy Perry, Shawn Mendes e Mariah Carey. Também não faltaram homenagens aos anos 2000 com Akon e Ne-Yo, um dia dedicado ao trap, que teve Travis Scott e Matuê como destaques, e a presença do rock com nomes como Avenged Sevenfold, Evanescence e Deep Purple.
Dentre as novidades da edição esteve o chamado Dia Brasil, data composta inteiramente por um line-up nacional. Artistas de diversos gêneros musicais se encontraram nos palcos, destacando a pluralidade cultural brasileira e passeando por estilos como rock, pop, funk, samba, pagode, trap, sertanejo e MPB. A premissa seguiu com o Dia Delas, com um line-up 100% feminino.
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