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Rex Orange County entrega indie cotidiano com “Pony”

A incontrolável sede de ter controle por sua vida, ainda que não tendo, é um dos temas abordados por Rex Orange County em seu novo álbum de estúdio, o “Pony”. Alexander O’Connor prometeu compor suas melhores canções para este e, talvez, não tenha mentido. Ansiedade, medo, dor, saudades, nostalgia e sociedade são fatores que cutucaram fortemente o artista para inspiração neste novo corpo de trabalho.

“É difícil se fazer acreditar de que as coisas vão melhorar quando você se sente derrotado / mas continuar é mais fácil dito do que feito” são os primeiros versos da segunda faixa do LP, “Always”. Sem ressentimento algum, Rex incia seu primeiro álbum lançado por uma grande gravadora tratando de transtornos mentais e a necessidade de que alguém explique para o mesmo de que ele precisa de ajuda. Orange County, derivado do apelido The O.C. – de O’Connor – procura explorar interessantes áreas de composição, opondo-se ao seu costumário romântico-melancólico apresentado em “Apricot Princess”, por exemplo.

O britânico faz questão de que seu terceiro álbum seja abrangente e certamente expõe isto. Rex Orange County grandemente mostra sua indignação com coisas até então banalizadas ou incomuns em discos alternativos, como os afastamentos de amizades e interesses. Orange descreve intensamente seu medo e ansiedade social: “se eu o visse em público / fingiria amarrar meus cadarços / para evitar uma saudação”. Deixa também em aberto o bloqueio em criar novas confianças, afirmando que “novos amigos” nunca seriam capazes de o amar. Apesar disso, suas antigas amizades não foram poupadas e, neste disco, é uma questão abordada fortemente.

Rex Orange County, inspirado intensamente por Stevie Wonder, Queen, ABBA e Weezer, já fez parte do coral da escola onde sua mãe trabalhava e, mais tarde, aos dezesseis, começou a produzir suas próprias canções no software Logic. Seu primeiro álbum, “bcos u will never b free”, foi lançado gratuitamente no SoundCloud, tendo alcance a uma equipe de gerenciamento. Esta equipe o ajudou a lançar seus maiores sucessos, como “Best Friend” e “Uno” que, por sua vez, alcançaram o artista Tyler, The Creator, que convidou Rex para Los Angeles e, juntos, gravaram duas composições para “Flower Boy”.

As participações no álbum de Tyler renderam grande visibilidade ao artista de 21 anos, o alavancando a turnês de grandes artistas e a possibilidade de poder lançar um álbum em uma boa gravadora.

Rex é um powerhouse na lista de indie hoje em dia, tendo já tocado em festivais grandes, como o Reeding +‌ Leeds e, em breve, a turnê do Lollapalooza – que passará pelo Brasil.

Seu terceiro álbum, “Pony”, traz um som leite-com-mel avant-garde que é completamente agradável, mas indiferente. Isto é dito de maneira ao que este não se mostra o álbum mais potente de Rex, mesmo sendo aquele com músicas high-tempo. Rex Orange County possui gigantesco senso melódico, não permanecendo fixamente em seu gênero mas, misturando o indie-pop cores-vivas com um singular, preguiçoso e terapêutico R&B (vide faixa de número 7, “Pluto Projector”).

Pode ser que você esteja pensando que “Pony” é um álbum depreciativo ou deprimente, mas, muito pelo contrário, o disco se mostra 100% otimista quanto ao futuro. Rex sente a necessidade, até, de expôr suas ideias futuras sempre que mostra não estar bem.‌ Em “10/10”‌ (favorita!), o cantor diz, coloquialmente, estar se sentindo “5 de 10”, mas que pode se cuidar e, finalmente, volta a ser “10 de 10”.

Alexander O’Connor conseguiu, em apenas 10 faixas, realizar uma viagem completa por sua mente e sua maneira de pensar e analisar as coisas. Seu álbum pode ser comparado a sons grandiosos e super-produzidos, como “What Do You Think About The Car?”, de Declan McKenna e até “Ctrl” de SZA, por que não?

Rex Orange County se deleita agora em sua turnê com absolutamente todos os shows esgotados. O cantor visita São Paulo em abril de 2020 com um show de festival no Lollapalooza Brasil.

“Pony” é um must-listen se você curte indie-pop. O disco é por completo consistente e coeso e Rex prova que tem potencial para fincar-se na indústria com suas letras sobre estar longe de casa, sentir-se preso em situações indesejáveis e achar difícil confiar em pessoas.

Você precisa ouvir: “10/10”, “Pluto Projector”, “Face To Face”, “Always”.

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