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Review: O confessional álbum “Dancing With The Devil…The Art Of Starting Over”, de Demi Lovato

Em novo álbum lançado na última sexta-feira (2), Demi Lovato entrega as suas composições mais sinceras e confessionais com o sétimo disco de inéditas, o “Dancing With The Devil…The Art Of Starting Over”. O conjunto com 19 faixas narra o que de fato aconteceu em sua vida: a sua overdose em 2018, a sua recuperação desde então e as relações que vem construindo nesses últimos anos.

Imagem: Reprodução

Após 3 anos do fatídico acontecimento muita coisa mudou na vida de Demi. Nesses últimos anos longe dos holofotes, a cantora felizmente procurou ajuda e tem tratado com maior intensidade a sua relação com os vícios, focando na sua recuperação. Demi decidiu que ela mesmo iria contar o que aconteceu de fato naquela noite e o que a levou a fazer isso. Dessa vez sem filtros, por meio de sua série documental no Youtube, e é claro, com as suas músicas novas.

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A narrativa de “Dancing With The Devil”

A ordem escolhida para esse repertório é um grande acerto que fortalece a estrutura e linha narrativa do disco. A abertura do álbum com Anyone“, um grito de socorro; O dia da overdose, em “Dancing With The Devil”; E a recuperação no hospital em “ICU (Madison’s Lullabye)”. A sequência dessas músicas no projeto ajudam a entende cronologicamente os fatos que aconteceram na vida de Demi e também a compreender como ela vem lidando e se recuperando desde então.

Sonoridade do álbum

Em “Tell Me You Love Me” (2017), Demi Lovato combinou todas as suas referências musicais do soul, r&b e pop, resultando em um dos álbuns mais consistentes e maduros da sua carreira até então.

Já em “Dancing With The Devil…The Art Of Starting Over”, as produções escolhidas, que acompanham as suas composições mais confessionais, acabaram deixando a desejar. Nesse disco a cantora reuniu referencias do pop/rock, indie e até um pouco de folk para flertar com suas raízes mais pop, trazendo uma ambientação suave e delicada.

No entanto, o problema é que mesmo com ótimos momentos o álbum perde o ritmo. Talvez o que de fato não funciona no disco é a falta de uma produção mais incisiva e memorável. Muitas das produções, em especial na metade do projeto, acabaram caindo em saídas previsíveis, junto a refrãos pouco inspirados, e até datados. Como, por exemplo, em ” What Other People Say (feat. Sam Fischer)”, “Lonely People” e “Melon Cake”, que mesmo com composições que brilham, a produção não consegue acompanhar e encantar da mesma maneira.

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Porém, mesmo com todas as ressalvas, o álbum consegue se segurar em ótimos momentos. Escutar ele é como ler um diário de Demi sobre esses últimos anos. As ótimas composições conseguem contar do início ao fim situações extremas de uma maneira emocional, mas sem se tornar algo clichê ou brega. Não à toa, Demi brilha quando envolve o ouvinte em suas baladas emotivas, ao compartilhar as suas vulnerabilidades.

Destaques do álbum

The Art of Starting Over

Em um dos melhores momentos em termos de produção, as baterias e o teclado de fundo deixam a música com um clima mais “chique”, evidenciando a clara inspiração no r&b. O groove com o baixo em destaque e os instrumentos orgânicos constroem um clima muito agradável ao ouvinte. A letra é sobre deixar a escuridão sair e ter força de recomeçar e reescrever um novo caminho para si mesmo. Sinceramente, gostaria que mais músicas do disco tivesse seguido essa mesma direção musical!

‘Met Him Last Night feat. Ariana Grande’

Desde o anúncio dessa parceria, a união dessas duas grandes vozes do pop atual se tornou a mais aguardada entre os fãs. Os sintetizadores crescentes que acompanham toda a música, remetem um som e atmosfera oitentista, que facilmente poderia ser trilha-sonora de “Stranger Things”. Aos poucos a união da orquestra com os beats de trap, criam uma vibe sombria e sexy, até então pouco explorada no decorrer do disco. A junção das harmonias de Ariana Grande e Demi é um grande acerto, que faz a música se elevar cada vez mais. Sem nenhum exagero, ambas mostram as suas habilidade vocais com uma ótima divisão de tempo entre as duas.

‘Easy feat. Noah Cyrus’

Algo que Demi sabe muito fazer, principalmente nesse álbum, são as suas baladas. A parceria com Noah Cyrus é outro ponto forte, em uma das composições mais poéticas, e até menos diretas em comparação com o resto do disco. Começando com voz e piano, a música cresce e ganha intensidade com a chegada dos tambores e da orquestra, destacando o sentimentalismo que a composição busca. Além disso, os vocais entrelaçados de Lovato e Noah são uma ótima combinação, demostrado toda a capacidade de extensão vocal de ambas as cantoras. Com certeza é uma das melhores baladas da carreira da Demi e é aquele tipo de música que cresce bastante a cada nova audição.

‘The Kind of Lover I Am’

A bateria bem marcada e a guitarra de fundo conseguem tirar um pouco da tensão do disco, construindo uma das faixas mais leves e ensolaradas do álbum, onde Demi retrata a sua liberdade e sexualidade. Vale destacar as camadas harmônicas feitas por Demi que ecoam durante toda a fixa, junto a linha de baixo, construindo toda uma atmosfera etérea para a faixa. É uma música ideal para ouvir naquele fim de tarde ou em uma roadtrip. Algo que poderia estar presente no Fine Line, do Harry Styles.

Conclusão

Imagem: Reprodução

Mesmo com os seu deslizes, como o excesso de canções e algumas produções pouco criativas, o álbum ainda é um projeto que brilha em vários momentos. Principalmente com as composições mais confessionais de sua carreira. Aqui, Demi Lovato consegue finalmente tomar o controle da sua narrativa e apresentar o que de fato a levou a chegar em uma das fases mais sombrias da sua vida. Junto com a lição mais importante dessa jornada: como se reerguer e lidar com os seus traumas. No final, em “Dancing With The Devil…The Art of Starting Over”, Demi Lovato balanceia os seus momentos de luta, com uma visão otimista, realista e até em certos momentos divertidos, que vale a pena a sua audição, para assim compreender quem de fato ela é.

Nota: 7.9

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