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Review: “Brat” expõe lado mais feroz e vulnerável de Charli XCX

Com 15 faixas, o material sucede “CRASH”, lançado em 2022

Foto: Charli XCX para divulgação de Brat / Divulgação redes sociais
Charli XCX para divulgação de "Brat" / Foto: Divulgação/redes sociais

A cantora e compositora britânica Charli XCX lançou nesta sexta-feira (7), em todas as plataformas de streaming, seu sexto álbum de estúdio, “Brat”. Com 15 faixas e muito hype, o material sucede “CRASH”, lançado em 2022.

O material, que é majoritariamente hyperpop/PC music, foi produzido por Easyfun e AG Cook – nomes reconhecidos no segmento. Cook, inclusive, é amigo de longa data da cantora e também trabalhou com ela nos discos “Number 1 Angel“, “Pop 2“, “Charli” e “How I’m Feeling Now“. De acordo com Charli, “Brat” é um dos projetos mais importantes no qual já trabalhou. O material ganhou a nota 8,6 na Pitchfork e o selo de “Best New Music” do site – mas tem feito barulho mesmo antes de seu lançamento.

Capa de "Brat", sexto disco de estúdio de Charli XCX
Capa de “Brat”, sexto disco de estúdio de Charli XCX. Foto: Divulgação

Mas afinal, o que é “Brat”?

Em inglês, o termo “Brat” significa “crianças mimadas e mal-educadas” e foi assim que Charli batizou o seu disco. Embora o nome tenha repercutido, o que chamou atenção mesmo foi a capa: uma tela verde neon com o título em preto centralizado em uma fonte simples.

Foi a partir desta estética visual que diversos memes começaram a surgir pouco a pouco na internet na véspera do lançamento. Não só usuários e criadores de conteúdo, mas também marcas e empresas entraram na “bratzação”, desde a Globo até a Uber, passando ainda pela Turma da Mônica – todos ficaram “verde Brat” para o lançamento do disco da artista que se apresenta este mês em São Paulo.

Disco expõe lado mais sensível e, ao mesmo tempo, atrevido da artista

A primeira faixa oficial do material a ver a luz do dia foi a queridinha dos fãs, “Von dutch”. Com sintetizadores acelerados que desencadeiam em flashbacks da era de ouro do pop britânico dos anos 2000, a música é uma excelente prévia do que poderíamos esperar do “Brat”: o suprassumo do hyperpop/pc music.

Ao abrir o disco com “360”, Charli parece reconhecer sua parcela de culpa na popularização do gênero/movimento. É divertida, potente e boba dentro da proposta. Assim, as produções do “Brat” seguem com sons que vão de barulhos computadorizados a teclas de celular.

Em “Sympathy is a Knife“, a artista abusa de sintetizadores, criando uma atmosfera particular para a faixa.

Recentemente, foram vistas discussões em fóruns e nas redes sociais de que a canção poderia ser uma indireta para Taylor Swift por conta de trechos como “Não quero vê-la nos bastidores / No show do meu namorado / Dedos cruzados atrás das minhas costas / Espero que terminem rápido” – Charli é noiva de George Daniel, baterista da banda The 1975, cujo vocalista é Matty Healy, que teve um breve romance com Taylor em 2023. Charli foi ao seu TikTok e desmentiu que a faixa seria uma indireta para Taylor Swift: “As músicas do ‘Brat’ não são diss tracks, são sobre ser artista, ser mulher e ser insegura”, pontuou.

Voltando ao faixa a faixa de “Brat”, temos “Everything Is Romantic”, um dos pontos altos do disco – o conceito é potencializado com novos detalhes. Piano, vocais com high notes e até mesmo funk brasileiro integram a produção da música.

A energia “bad bitch” pela qual Charli é conhecida se faz presente em todo álbum, só que desta vez com mais confiança e atrevimento, como em “talk talk” e “club classics”, faixa em que ela afirma que sabe fazer músicas memoráveis.

Ao mesmo tempo que enxergamos a antiga Charli no projeto, podemos ver uma artista que está disposta a expor conflitos internos, sejam eles de amizade ou relacionamento, questionando-se se pode chorar quando se sentir perdida. Essa vulnerabilidade é destaque em canções como “So I”, “I Might Say Something Stupid” e “Girl, so confusing”.

“Mean Girls”, “I Think About It All The Time” e “365” encerram o projeto com um gosto de “quero mais”, concentrando ali surpresas que ainda não tínhamos visto, como vocais naturais e produções agressivas.

Conclusão

Charli condensou questões existenciais, fofocas, confissões da indústria e algumas rimas bobas e um dos seus discos mais legais. Brincadeiras à parte, “Brat” é um álbum que nós sabíamos que só Charli poderia entregar. Ele é divertido, atual e leva muito a sério o segmento que a artista defende antes mesmo de se tornar “hypado”.

Comparado aos trabalhos anteriores da britânica, arrisca-se dizer que é um de seus mais coesos. Ele fala um pouco sobre tudo, desde o medo de não ser mãe até críticas à indústria pop, e ainda exalta o que Charli sabe fazer de melhor: se expressar no segmento que a levou a ser a artista que ela é hoje. Com certeza, ainda veremos novos desdobramentos do “Brat” por aí.

Nota: 9,5/10