Nesta quarta-feira (29), a Corte Federal do Brooklyn, em Nova York, condenou R. Kelly a 30 anos de prisão. O cantor cumprirá pena por diversas acusações, incluindo crimes sexuais e tráfico humano.
Segundo o The Guardian, a juíza Ann Donelly proferiu a sentença após escutar diversas vítimas na audiência. Depois, ela se dirigiu ao próprio Kelly, dizendo: “Esses crimes foram calculados e planejados cuidadosamente, e executados durante quase 25 anos. Você ensinou [para as vítimas] que amor é escravidão e violência”.
Ela continuou: “Você era uma pessoa que tinha grandes vantagens – fama mundial e dinheiro incalculável. Você se aproveitou de suas esperanças e sonhos, prendendo adolescentes em sua casa. Você estava no topo de sua organização, e estuprou e espancou as vítimas, as separou de suas famílias e as obrigou a fazer coisas indescritíveis”.
Relembre o caso que condenou R. Kelly à prisão
A sentença lida nesta quarta-feira é o resultado de um julgamento que alcançou seu veredito em setembro de 2021. O cantor, que inovou o cenário do R&B nos anos 90, passou por uma série de investigações a partir da ascensão do movimento #MeToo.
Em 2019, o canal americano Lifetime lançou o documentário “Surviving R. Kelly”. A produção buscou ouvir as vítimas dos crimes do artista; detalhando as alegações de abuso sexual. Um mês depois transmissão dos episódios, ele foi acusado formalmente de 10 acusações, e terminou sendo detido.
No entanto, a carreira do cantor já acompanhava um histórico de controvérsias. Em 1994, por exemplo, rumores afirmavam que R. Kelly havia se casado em segredo com Aaliyah, quando a cantora tinha 15 anos.
Em 2002, após o vazamento de um vídeo de natureza sexual de Kelly com uma adolescente, ele foi indiciado por mais de 20 acusações de pornografia infantil. O julgamento não contou com o depoimento da vítima, e o cantor acabou sendo absolvido.
Em 2017, a criação da campanha #MuteRKelly teve como objetivo trazer à tona os crimes cometidos pelo cantor.
Julgamento e condenação
O mais recente julgamento de R. Kelly durou cerca de seis semanas. Os promotores descreveram uma organização liderada pelo artista, que envolvia tortura, abuso e tráfico, com provas que datam de 1991 até 2021.
Cerca de 45 pessoas deram depoimentos contra o cantor no tribunal. Entre os testemunhos, revelou-se que o músico usava seus funcionários para atrair fãs e aspirantes a músicos, os submetendo a abusos posteriormente.
Além disso, algumas vítimas afirmaram que sofreram abusos sexuais enquanto eram menores de idade. Mas os abusos não eram apenas neste sentido – algumas testemunhas disseram que o cantor já chegou a trancar as vítimas em salas, privando-as de alimentação e acesso ao banheiro.
As acusações também incluíram a confirmação de que Kelly subornou um funcionário do governo, para que este preparasse uma permissão para se casar com Aaliyah em 1994.
Por fim, o cantor foi condenado por oito normas definidas pela Lei Mann (que pune casos de tráfico sexual).