A segunda-feira pós-Lollapalooza, 27 de março, foi marcada por mais shows das Lolla Parties, oportunidade para quem não conseguiu ver as atrações no festival ou para quem ainda tinha pique mesmo após a maratona de dois dias. Nós nos encaixamos na última opção e fomos conferir MØ e Glass Animals, no Cine Joia.
O repórter que vos escreve não viu os shows de ambos no Lolla e, talvez por isso, a surpresa foi maior. A curadoria conseguiu um feito difícil de ser alcançado: agradar dois públicos diferentes e levar para o mesmo palco duas apresentações que se completam.
Com atraso de alguns minutos, o Glass Animals foi ao primeiro a subir no palco. Sob gritos, o quarteto inglês iniciou o show com “Life Itself”, do recente álbum “How To Be A Human Being” (2016). o repertório se misturou com canções do último e do primeiro disco, “ZABA” (2014).
A apresentação foi marcada pela energia e sintonia instrumental de Dave Bayley (voz, guitarra e pandeiro), Drew MacFarlane (guitarra e teclado), Edmund Irwin-Singer (baixo e teclado) e Joe Seaward (bateria). Eles se olhavam, dançavam juntos e se aproximavam do público, principalmente o vocalista Dave, como não poderia ser diferente. Por diversas vezes ele chegou a ir para o meio da plateia para cantar junto aos fãs, como se estivesse entre amigos.
A suavidade da voz de Dave e o som marcante foram muito bem executados ao vivo em canções como “Popular St”, “The Other Side Of Paradise” e “Cane Shuga”, diferente do Lollapalooza – como falado aqui. “Gooey”, a música mais conhecida também foi a mais cantada. A contagiante “Park Soda” marcou a despedida do Glass Animals do público brasileiro com muitos aplausos.
O que mais chamou atenção é que tanto os integrantes do grupo quanto os espectadores presentes sentiram o ritmo de cada canção e dançaram todas elas, cada um da sua forma. E o mesmo aconteceu na apresentação da MØ, que subiu ao palco logo em seguida.
A cantora dinamarquesa é mais conhecida pelos hits em parceria com o Major Lazer, mas os seus fãs conheciam todo o seu repertório. Entre singles, faixas do primeiro álbum e parcerias, MØ mesclou canções com pegadas mais elétricas, como “Don’t Wanna Dance” e “Kamikaze”, com as mais lentas, como “Slow Love” e “One More”. Durante toda a apresentação, a cantora mostrou o seu grande potencial vocal – que merece bem mais reconhecimento -, acompanhada da qualidade inquestionável de sua banda, que explorava cada elemento das músicas ao vivo, com destaque para “Pilgrim”.
A performance de MØ tem como marca instantes em que canta de olhos fechados, como se estivesse interpretando e sentindo a energia, e outros em que canta olhando diretamente para a plateia ou, em vários momentos, em cima dela. Nos solos do instrumental, ela se entrega batendo os cabelos – lembrando um show de rock -, pulando e se jogando no chão.
Voz e guitarra trouxeram um trecho de “Cold Water” (ft. com Major Lazer e Justin Bieber). O recente single “Final Song” foi muito cantado e aclamado no fim do show, o que deixa claro que MØ tem potencial para seguir no sucesso e com ainda mais qualidade em seu próximo álbum. “Lean On” encerrou o setlist com MØ agradecendo muito São Paulo, como gritou em todo o show.
Como aconteceu no Glass Animals, o público pareceu se sentir contagiado pela energia dos artistas e representado pela diversão, proximidade – permitida pelo espaço – e entrega deles no palco, sem brechas para ninguém ficar parado. Confira as nossas fotos da noite:
Fotos: Mateus Lucena