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Review: Gorillaz convida a uma imersiva viagem em “Cracker Island”

Trabalho é o oitavo álbum de estúdio da banda virtual e conta com diversas parcerias

Foto: Divulgação

A cada álbum novo do Gorillaz, um novo pedaço da história da banda. “Cracker Island” é o oitavo disco do grupo virtual formado por Murdoc, Noodle, Russel e 2D (Damon Albarn), e faz essa continuidade ao mostrar, entre uma parceria e outra, um passeio entre diferentes estilos e uma imersiva experiência dentro da nova fase.

Mergulhando no mundo de “Cracker Island”, do Gorillaz

A princípio, para mergulhar com propriedade em “Cracker Island”, é preciso entender o contexto onde se encontram os integrantes do Gorillaz. O novo capítulo começa em 2022, com a mudança dos integrantes para Silver Lake, na Califórnia, onde Murdoc se interessa bastante pelo ocultismo.

Lá, ele funda “The Last Cult”, um culto liderado por ele mesmo e que conta com o restante dos integrantes para ajudá-lo a espalhar sua palavra, além de tentar convencer mais pessoas a se unirem a ele. Porém, coincidentemente, seus vizinhos também contam com um culto: “Forever Cult”.

A frase é conhecida, já que se apresenta logo no single de início, homônimo ao álbum. Em parceria com o premiado baixista Thundercat, Gorillaz entrega na música “Cracker Island” uma abertura potente e hipnotizante, com clipe que acompanha o futuro (uma profecia) de quando os integrantes serão levados a um hospital e investigados pela polícia por conta de um acidente.

O álbum segue para “Oil”, mais uma parceria, só que desta vez com Stevie Nicks – conhecida cantora da banda Fleetwood Mac. Diferente da primeira faixa, aqui ela e 2D cantam versos um pouco menos dramáticos, condensados em uma sonoridade com batidas contagiantes e lineares.

“The Tired Influencer” traz ainda mais calmaria. Versos ritmados com falas ao fundo dão a entender que o vocalista conversa com alguém que “não tem as respostas”, ou que tenta buscar resultados que expliquem o contexto da canção. “Nothing real anymore” (nada mais é real), canta 2D.

Em “Silent Running”, música com vocais de Adeleye Omotayo e um dos principais singles de “Cracker Island”, isso se dá ainda mais visível. “How I got caught up in nowhere again / It feels like I’ve been silent running / Through the infinite pages I’ve scrolled out” (“Como eu fui parar em lugar nenhum de novo? / Parece que estive correndo em silêncio / Pelas páginas infinitas que rolei”.

No clipe, 2D é capturado pelo “Forever Cult”, em que a sua líder, Moon Flower, está oferecendo o vocalista a um enorme monstro que está escondido em um abismo, como um tipo de sacrifício.

Com Tame Impala e Bootie Brown, Gorillaz entrega mais uma faixa de peso. “New Gold” é daquelas faixas viciantes, em que cantam novamente: “I’ve travelled far too many years / To nowhere / Nothing here is ever real” (Eu viajei por muitos anos / Para lugar nenhum / Nada aqui é real). Ainda concluem que “tudo irá desaparecer”.

Já “Baby Queen” é uma tranquila música inspirada na princesa da Tailândia, que foi a um show do Blur (outra banda de Albarn) em 1997. Vindo com um jeito mais dançante, “Tarantula” rima entre uma perspectiva um pouco mais otimista, “se você é bom para mim, então eu serei bom para você, e é tudo o que eu preciso na minha vida”. Apesar de reforçar, em outro refrão, que o “tempo está acabando, nenhum lugar é real”.

Mais uma parceria em “Cracker Island”, “Tormenta” traz vocais de Bad Bunny em um ritmo mais reggaeton. “Skinny Ape” caminha para o final do álbum, que é encerrado por “Possession Island”, uma parceria com Beck em tons de violão e piano melancólicos, encerrando com versos ainda mais proféticos. “Where things they don’t exist / And we’re all in this together ‘till the end” (“Onde as coisas não existem / E estamos todos juntos nisso até o fim”).

Concluindo, apesar de o álbum não inovar tanto musicalmente se comparado aos trabalhos anteriores, é bem instigante, do tipo que consegue convidar o ouvinte a ouvi-lo mais uma vez. Se espalhar a palavra do “The Last Cult” é ouvir as músicas do “Cracker Island”, o Gorillaz pode esperar por muitos “seguidores”. Seja o objetivo do culto nos alertar ao mundo em que nada é real ou que tudo irá um dia desaparecer, a verdade é que, de fato, estaremos todos juntos no fim.

Nota: 8,0/10

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