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Opinião: Globo tem poucas oportunidades para arriscar com o BBB 22

BBB22
Foto: Reprodução / Globo

O ano de 2021 não tem sido fácil para a televisão brasileira. Após enfrentar (e com louvor) as crises do ano passado, desde o começo da pandemia, todas as grades precisaram ser adaptadas a uma nova rotina. Interrupções nas gravações de programas e novelas, além das mudanças no quadro de apresentadores obrigaram, em especial à TV Globo, a reeducar os telespectadores e sair da zona de conforto na briga por audiência. O “golpe” da vez é a saída de Tiago Leifert, anunciada nesta semana, e deixou a emissora com mais um incêndio para apagar. Afinal, quem irá assumir o BBB 22?

Leifert, que permaneceu por 15 anos no quadro de apresentadores da Globo e brilhou nas últimas duas edições do “Big Brother Brasil”, impacta diretamente a comunicação da emissora com sua saída. Isso porque, justamente nesse período, o maior reality show da TV se consolidou enquanto marca própria (numa estratégia de rebranding muito bem sucedida). Como resultado, conquistou um público que antes era difícil de ser alcançado: a internet.

Mesmo quando colocado em situações desconfortáveis (como comandar o programa no auge da pandemia), ele ainda conseguia ter desenvoltura e cumprir a missão. A trajetória de Tiago Leifert, que tem raízes sólidas no jornalismo (em especial na editoria de esportes e games), lhe rendeu uma figura de sobriedade semelhante ao antecessor, Pedro Bial, que foi o rosto do programa por 20 anos. 

Ao “escorregar” para a programação de domingo (um “tapa-buraco” com a saída, também repentina, de Fausto Silva), o jornalista acabou sem outra saída senão encerrar sua passagem pela emissora. Sua tentativa de imprimir uma imagem própria, como no finado “Zero1”, não rendeu como esperado, e o “BBB”, de fato, era onde parecia ter se encontrado. Mas, como a maioria de seus projetos e locais onde foi encaixado, foi temporário.

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Logo BBB 22
Globo ainda não tem um nome certo para comandar a próxima edição do Big Brother Brasil em 2022 | Foto: Reprodução

BBB 22: Globo possui um “Top 3” para considerar

Estima-se que, até o momento, a emissora esteja centralizando suas decisões em três pessoas para comandar o “BBB 22”. A primeira delas é o recém-chegado Marcos Mion, que, pelo menos até dezembro, está a cargo de apresentar o novo “Caldeirão”.

Mion, que deu os primeiros passos na MTV e brilhou no antigo “Legendários” da Record TV, passou por altos e baixos até realizar o seu sonho de chegar na maior emissora do país. Ex-apresentador de “A Fazenda”, ele teria a expertise necessária para assumir o BBB. No entanto, acredita-se que não seria justo com outros apresentadores, que estão na casa há mais tempo, que ele furasse a fila. A alta carga de energia de Mion é ótima para suprir a urgência de manter a audiência aos sábados. No entanto, essa mesma alta energia poderia saturar um público todos os dias da semana. É um ponto considerável para a diretoria executiva, que tem esse curinga na mão e rendeu a maior audiência do ano na estreia.

Outro nome forte é Tadeu Schmidt, que, assim como Leifert, vem do jornalismo esportivo. Descontraído em doses homeopáticas, o apresentador do “Fantástico” cumpriria todo o checklist necessário: brincadeira e sobriedade na medida certa. Talvez esse seria o fim dos fantoches que comentam futebol. Além disso, deve-se destacar que Schmidt não tem qualquer experiência com reality shows. Isso poderia ser um ótimo acerto e divertido de assistir ou uma falha gigantesca e constrangedora.

Por último, Ana Clara Lima poderia estar finalmente encontrando sua consolidação na TV. Ex-BBB, o forte da influencer está nas entrevistas com os eliminados do programa e no excelente jogo de cintura para o improviso e saias justas no “Rede BBB”, atraindo a simpatia dos telespectadores. Figura presente no meio online, ela sabe conversar e trazer para a televisão as discussões que rodam o Twitter e o Instagram. Isso promove a comunicação integrada que costuma ser mais difícil, principalmente para os canais da TV aberta. Entretanto, um ponto importante é a falta de experiência (pela idade, principalmente, em comparação com outros apresentadores). Somado a isso, a pressão hierárquica poderia apagar um pouco sua personalidade.

É necessário conter expectativas para refazer a estratégia

Fora do “Top 3”, alguns nomes poderiam ser interessantes, mas, dado o momento atual, talvez não seriam os mais estratégicos. Para fazer um marco de primeira mulher na função, Fernanda Gentil tem uma trajetória que agrada o público. Hoje, a jornalista assume o novo “Se Joga”, que havia sido interrompido durante a pandemia e retornou aos sábados, mudando o formato e deixando de ser diário.

E, se experiência é um critério forte para o cargo, André Marques também poderia ser um nome cotado. Apresentador de longa data da emissora, hoje ele ocupa programas de variedades (como o “É de Casa”), mas já passou pelo “The Voice Brasil” e, mais recentemente, pelo “No Limite”. 

De uma forma ou de outra, mais uma vez a TV Globo precisará jogar xadrez com a própria grade, avaliando qualquer movimentação. É o momento ideal para correr riscos, mas, ao mesmo tempo, são poucas oportunidades para arriscar. Recordista de audiência, o BBB criou um portfólio invejável para as concorrentes. Então, qualquer passo em falso acabaria manchando o excelente case de estudo que vem sendo desde então.

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