Com uma carreira em ascensão, Nothing But Thieves é uma daquelas atrações-chave que fazem do Lollapalooza um dos grandes festivais do Brasil não apenas por seus headliners, mas pelo conjunto da obra. A banda do Reino Unido é conhecida por seu gênero fluído com base no rock, que vai desde baladas ao synth-pop com inspirações em The Weeknd.
A banda se apresenta no domingo, 24 de Março, às 16h40 no palco Budweiser. Antecednedo a chegada ao Brasil, os integrantes Joe Langridge-Brown (Guitarrista), Dom Craik (Guitarrista) e Conor Mason (Vocalista) conversaram com o Tracklist sobre a versão deluxe do último disco, Death Club City, o processo criativo da banda que não se limita a gêneros e como foi mágica a estadia no Brasil durante sua primeira passagem em 2018. Confira a entrevista na íntegra a seguir.
Lollapalooza Brasil 2024: Entrevista com Nothing But Thieves
Tracklist: Em primeiro lugar, parabéns pelo lançamento da versão deluxe do Death Club City. Vou começar perguntando algo que é bastante intrigante para mim. Qual é a história por trás dos dois pontos nos nomes das músicas na versão deluxe?
Joe: (Risos) Isso foi algo que fizemos no início da banda. Então, falando em 2012, meu Deus, como 12, 13 anos atrás. Começamos a fazer isso no começo das nossas postagens nas redes sociais, apenas porque éramos uma nova banda e ninguém sabia quem diabos éramos.
Então era como, bem, se fizéssemos isso em cada lado das legendas nas redes sociais, meio que faz nossas postagens parecerem um pouco diferentes das de todo mundo. E então isso se tornou meio que uma coisa da banda. E isso meio que filtrou e simplesmente fez sentido ter isso ao invés de usar uma barra ou algo assim.
Isso que amarra tudo junto. Então, é isso.
Tracklist: Bacana, então, vocês acham que ainda vão usar isso nos próximos lançamentos? É algo como, uma dica para uma nova coisa que está vindo talvez no futuro? Como se fosse uma forma de se conectar com o começo da carreira de vocês…
Conor: Talvez, eu não sei. Há algumas coisas desse tipo, como logos e etc. E nós temos como o logo circular, aqueles três quadrados com um círculo no meio. Eles gostam, e eu também não quero deixar essas coisas acabarem. É bastante difícil ter algo que está afiliado com a banda assim. Então sim, talvez tenha alguma relação. Veremos.
Tracklist: Entendo, e o som da banda está sempre evoluindo, mudando, mas mantendo a alma e a assinatura do Nothing But Thieves. Quando vocês estão começando um novo projeto, vocês têm uma visão de onde querem ir sonoramente? Ou vocês apenas deixam fluir e então decidem o projeto como um todo?
Dom: É muito raro que decidamos antes de iniciar o projeto. E claro, discutimos música e coisas que amamos. E estamos sempre compartilhando músicas ou até momentos em músicas como esse som ou a maneira que certa parte da produção é, ou, sabe, poderia ser qualquer coisa assim.
Mas é muito exploratório no início. E acho que amamos isso. E você meio que lança sua rede o mais amplo que pode.
E não se permite ser muito cabeça fechada porque então você só se restringe criativamente. Então, você sabe, por mais clichê que pareça, realmente tentamos explorar o máximo que podemos no início. E você começa a formar um som e uma estética e começa a puxar certas influências ou usando o mesmo tipo de paleta de sons ao longo do processo.
E aí as músicas mais fortes meio que filtram para o topo. E então antes que você perceba, você está na metade de um álbum e está se tornando mais claro sobre o que é. E aí pensamos: “Oh, isso é a coisa que estamos criando agora.”
Mas nunca é estabelecido desde o início como uma direção pré-acordada de que isso é o que vamos fazer.
Tracklist: Muito bom, sem limites na produção. E vocês têm alguma influência inesperada que inspirou a banda ao longo dos anos?
Conor: Acho que sempre fomos influenciados pelo hip hop, mesmo quando começamos a banda, músicas como Trip Switch, sabe, bem lá no início da nossa carreira. Acho que provavelmente não associariam isso conosco quando você começa a nos ouvir. Mas isso foi uma grande influência para nós com ritmo e melodia.
Tracklist: E como foi o processo de criação da produção do Death Club City diferente dos outros álbuns? Vocês sentiram alguma pressão já que a banda tava crescendo e crescendo após cada lançamento?
Dom: Acho que o processo para este álbum foi muito diferente dos discos anteriores. Nós íamos para L.A., tínhamos um produtor, íamos para o estúdio dele e estávamos lá por um mês, seis semanas ou o que seja. E então, você sabe, o álbum estava pronto.
Enquanto com o Death Club City fomos na direção completamente oposta e encontramos um tipo de estúdio antigo e trouxemos um monte de equipamentos. E tivemos quase que seis meses, tipo cinco meses e pouco. Então estávamos lá e estávamos meio que produzindo nós mesmos com a ajuda do nosso amigo John Gilmore.
E eu acho que nós aprendemos muito com isso. Não teria sido o mesmo álbum se não tivéssemos feito dessa maneira. Acho que ter tempo ao nosso favor para explorar, questionar, ganhar perspectiva, tudo isso foi inestimável.
E eu acho que vamos tentar levar algo disso para o próximo álbum, seja mais liberdade ou, mais tempo de estúdio. É só que isso definitivamente ajuda a moldar o disco inteiro e não seria o mesmo se tivéssemos feito da mesma maneira que fizemos antes com Moral Panic e Broken Machine.
Tracklist: Isso é incrível, e vocês têm feito shows há um tempo, desde antes da pandemia e então pós-pandemia. Vocês sentem que a cena ao vivo mudou após a pandemia e isso afetou a maneira como vocês montam um show, como planejam e desenvolvem a setlist, por exemplo?
Joe: Acho que talvez logo após as nossas primeiras turnês tenha sido um pouco diferente. Acho que havia um pouco de tensão, algumas pessoas estavam hesitantes em ir a shows e até mesmo a etiqueta de show estava um pouco estranha por um tempo. Tipo, as pessoas realmente não sabiam como se comportar nos shows.
Então, isso foi meio estranho. Mas acho que agora a maioria das pessoas está apenas tentando esquecer isso. Estou feliz por isso.
Tracklist: E vocês já estiveram no Brasil em 2018. Vocês tocaram em um local bem íntimo. E vocês chegaram a conhecer algo sobre a música brasileira ou a cultura em si?
Dom: Não estivemos no Brasil por muito tempo da última vez, mas fizemos um pouco de exploração.
Conor: Lembro que fomos até a beira da praia e tivemos um momento realmente mágico onde jogamos futebol na areia com alguns garotos brasileiros. E isso foi muito bom.
Dom: E o que foi engraçado foi que, provavelmente eles são apenas o que você chamaria de jogadores de futebol medianos aqui. Mas para nós, eles eram como os jogadores de futebol mais incríveis, o que diz muito sobre a habilidade brasileira que vocês têm. Mas sim, acho que esta é a segunda vez aqui e estamos tentando explorar o máximo que podemos.
Então, se você tiver alguma recomendação, precisa compartilhar conosco, claro.
Tracklist: Eu estive no show de vocês no Groovin’ the Moo
Dom: Nossa, sim, na Austrália!
Tracklist: E depois de estar lá, recomendo de olhos fechados ir a um estádio no Brasil, a atmosfera e a energia é completamente diferente, é algo inesquecível, principalmente depois dessa experiência de vocês. Uma roda de samba pode ser algo muito bom também! Então, vocês estão de volta para o Lollapalooza Brasil. Como vocês estão se sentindo para este concerto? O que os fãs podem esperar?
Dom: Obrigado pelas recomendações, vamos tentar com certeza. Sobre o show, as multidões sul-americanas e brasileiras, na cena musical, quando vamos a outros festivais pelo mundo e vemos bandas que conhecemos, é algo que sempre falamos sobre, como o público daqui é incrível. Todo mundo pensa assim, e não é uma chance que muitas bandas têm, como o de vir tocar no Brasil, especialmente bandas do Reino Unido.
Então, nos sentimos muito, muito sortudos por estarmos em uma posição de poder fazer isso. E faz muito tempo. Já se passaram seis anos. Então, acho que estamos apenas tentando encaixar o máximo de músicas possível no nosso set de uma hora, tentar dar o máximo possível para todos e então planejar nossa próxima viagem.
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