Referência no esporte e uma das pioneiras do skate feminino brasileiro, Karen Jonz lançou em maio o seu primeiro álbum, entitulado “Papel de Carta”. Com 10 faixas inéditas, o disco une sonoridades como bedroom pop, rock alternativo e lo-fi. O aspecto pessoal do trabalho proporciona ao ouvinte um mergulho em temáticas íntimas, sinceras e vulneráveis da artista.
A música é presente na vida de Karen desde a adolescência, quando participava de bandas no colégio. O interesse maior começou a surgir quando depois de se tornar a primeira brasileira campeã em 2006, Jonz comprou um computador e decidiu se dedicar a aprender a gravar e produzir. Enquanto se dedicava às competições, a artista chegou a lançar o projeto experimental Violeta Ping Pong, uma banda que acabou ganhando espaço no skate.
Agora, com “Papel de Carta”, a tetracampeã mundial de skate busca explorar novas facetas e alcançar diferentes públicos. Quem assina a produção do disco é Lucas Silveira, líder da banda Fresno e marido de Karen. Na faixa de abertura do disco, “Terapia”, a cantora faz referência ao álbum “sua alegria foi cancelada”, da Fresno no trecho “Saiba que minha alegria só eu posso cancelar”.
O trabalho apresenta um equilíbrio entre faixas mais leves e pesadas com elementos sonoros que despertam certa nostalgia e melancolia junto com as letras em alguns momentos. “Papel de Carta” conta também com as participações especiais de XAN e Gab Ferreira.
Em conversa com o Track, Karen contou um pouco mais sobre seu trabalho com a música, o processo de produção do disco e planos futuros para videoclipes. Confira!
Leia a entrevista com Karen Jonz na íntegra
TRACK: Na faixa “BIGMUFF” você fala sobre o skate ser como um ‘escape’ para você nos momentos de desespero. Qual foi o seu processo para colidir sua faceta skatista com a artística e decidir apostar na música se aventurando na produção de um disco?
KAREN: Acho que essas facetas sempre estiveram colidindo uma com a outra. Mas quando fiz uma transição de prioridades, de mudar o foco de competições, de não tentar entrar pras olimpíadas, de ser mãe, parece que abriu todo um novo espaço na minha vida que foi onde o disco floresceu.
TRACK: Ouvindo o disco, dá pra perceber a fluidez com que as faixas se conectam e contam uma história. Como você decidiu quais músicas entrariam em “Papel de Carta”?
Essa fluidez foi proposital! Se você reparar uma música começa alguns segundos no final da anterior. Foi todo um plano para o ouvinte ficar com pena de parar o disco. (Risos) A gente seguiu esse processo de escolha do disco muito no que deixava a gente feliz, sabe? Se estava satisfatório, ficava. Se não curtíamos mais, saía do álbum. Acabamos fazendo várias mudanças nesses anos de produção. Umas das músicas que mais gostávamos no começo nem entrou no disco.
TRACK: Os arranjos e melodias ao longo do álbum são bem marcantes e completam as letras vulneráveis. Qual foi a sua motivação para escolher explorar sonoridades como o bedroom pop e rock alternativo?
Então, a gente tinha algumas referências, coisas que curto mas curiosamente foi meio que o contrário. A gente não escolheu um estilo. Eu gosto muito de fazer dobras e arranjos vocais, com harmonias e começamos a partir delas. Depois disso, fomos testando o que ficava legal junto e meio que se formou o bedroom pop no entorno
TRACK: É notável que “Papel de Carta” é um álbum caseiro com letras bastante pessoais. Inclusive, o Lucas Silveira assina a produção do disco. Como você se sentiu trabalhando junto com seu companheiro?
Acabou que nem foi tão caseiro pois fizemos em estúdio mesmo. A diferença é que como estamos sempre juntos, a produção continuava além dos horários reservados do estúdio. Tipo, se estávamos jantando e vinha uma ideia, a gente já anotava para incluir no disco. Trabalhar com o Lucas foi incrível pois já tinha esse aconchego.
TRACK: Durante o processo de produção do disco, você sentiu alguma dificuldade em se abrir por completo e falar abertamente sobre questões pessoais, de saúde mental e momentos de dificuldade?
Acho que não, mas pelo falo que eu não me propus a fazer isso. Algo meio “vou falar só disso”. Como não tive uma cobrança, foi tudo uma evolução de exercícios de escrita e fico muito feliz das pessoas se identificarem. Por exemplo, “Exausta” eu fiz sobre como foram os primeiros anos da Sky, o cansaço e tudo mais e minha mãe chegou a me perguntar, toda emocionada se era sobre ela. Acho que consegui achar um modo confortável que se tornou fácil pra mim falar coisas tão diretas e isso tem se conectado à pessoas. Tenho ficado muito feliz com isso.
TRACK: O álbum tem duas participações especiais, de XAN e Gab Ferreira! Para você, qual a melhor parte de ter essa interação com outros artistas e trazer eles como parte de seu trabalho?
Quando se é um artista solo, trazer outras pessoas para colaborar é sempre uma alegria. Traz aquela sensação de banda e ao mesmo tempo te enriquece trazendo novas coisas para o processo..
TRACK: Reparei que todas as faixas tem o próprio visualizer no Youtube. Gosto muito desse formato porque traz um aspecto visual massa pra completar o áudio. Você tem planos para se aprofundar no audiovisual e produzir clipes mais elaborados para alguma dessas músicas?
Sim! A parte visual foi algo importantíssimo para mim e já estou planejando vídeos sim! Em breve… Em breve…
TRACK: Quando você olha para a tracklist do álbum hoje e escuta as músicas que levaram tempo para serem produzidas, você acha que alguma faixa específica te representa mais no momento? Qual e por quê?
Curioso que passei tanto tempo trabalhando no disco que acho que não tem uma específica mas ando me divertindo muito com a “Hiperventilando”.
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