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Entrevista com Tainy: reggaeton, Lauren, Anitta e isolamento

O produtor e compositor porto-riquenho Tainy é responsável pela produção de alguns dos maiores hits da música latina. Entre as parcerias de maior sucesso estão nomes como J Balvin (“I Like It” e “I Can’t Get Enough“), Ozuna (“Adicto”) e Anitta (“Fuego” e “Veneno”). Recentemente, o artista também trabalhou com a cantora Lauren Jauregui.

Além de produzir smash hits, outros trabalhos de Tainy chegaram a vencer o Grammy Latino. Em 2009, a música “Abusadora”, de Wisin & Yandel, levou o troféu de Melhor Canção Urbana e, em 2018, o disco “Vibras”, de J Balvin, venceu a categoria de Melhor Álbum de Música Urbana.

Em conversa exclusiva com o Tracklist, Tainy falou sobre a sua contribuição para o sucesso mundial do reggaeton, novo EP ( “NEON16 TAPE: THE KIDS THAT GREW UP ON REGGAETON“ ) e sobre planos durante o período de isolamento social. Além das músicas já lançadas com Lauren, o produtor revelou que tem mais uma canção com ela para ser divulgada. Confira a entrevista completa:

Entrevista com Tainy

Por: Feliphe Marinho e Rodrigo Neves

Você começou a trabalhar com música muito jovem, em um época que o reggaeton não estava nem um pouco perto do fenômeno que é hoje. E você contribuiu para a evolução desse movimento. O que passa pela sua cabeça quando pensa na sua trajetória e na história de sucesso do reggaeton com a sua contribuição?
Para mim, como produtor, é uma sensação incrível ver que eu pude ajudar em algo que tenha colaborado no crescimento musical e na evolução da ideia que é o reggaeton, que segundo os artistas se trata disso de chegar aqui e fazer música que as pessoas curtam. Mas sim, mesmo com as dificuldades e tudo que passamos, me orgulho de ainda estar aqui com a minha trajetória fazendo música boa e criando história.

E como você se sente quando vê um projeto que você trabalhou se tornar um hit a nível mundial? Porque foram vários, né?
Na verdade é algo que não se imagina. É uma coisa que passamos horas e horas no estúdio produzindo e quando lançamos as pessoas acabam se conectando, com temas pessoais de suas vidas, momentos de celebrações, etc. Acaba sendo um sentimento bem legal pra gente, porque eles nos apoiam e se conectam de verdade. Esse sucesso é incrível! Uma benção e tanto. É algo que sempre vejo nos artistas super talentosos com quem trabalho, que dão o máximo de si e com isso juntamos nossos talentos e gera esse sucesso todo.

Falando nisso, você lançou no mês passado um EP novo, o NEON16 TAPE: THE KIDS THAT GREW UP ON REGGAETON” . Qual é a história por trás dele e da escolha das parcerias envolvidas? 
Foi algo feito pouco a pouco, não era uma coisa que já tinhamos em mente de primeira. Fizemos várias sessões no estúdio por uns 6 meses, e não queríamos focar em um só estilo. Nossa geração é diferente, são estilos mais frescos e diferentes e foi nisso que focamos no EP. Também há dois artistas novos com quem estamos trabalhando (Kris Floyd e Dylan Fuentes), que foi uma maneira que encontramos deles também se sentirem incluídos no projeto e se apresentarem ao mundo, Então a ideia para o NEON 16 foi dada na criação de várias faixas até que tivemos material suficiente para escolher as melhores para o EP – sempre focado em criar um conceito diferente focado na nova geração.  

Um dos destaques do EP é a parceria com a cantora Lauren Jauregui, que o nosso público adora. Além da música “NADA” presente no EP, vocês ainda trabalharam juntos em “Lento”. Como tudo aconteceu, como vocês se conheceram e como é trabalhar com ela?
Trabalhar com Lauren é incrível. Ela tem um talento impressionante.
No outro dia estávamos gravando no estúdio e a maneira que ela faz tudo parecer ser tão fácil é realmente impressionante. Trabalhar com ela foi muito legal.
Inicialmente tivemos esse momento no estúdio por umas duas semanas pra ver como seria antes de começar a criar as músicas, e foi aí que produzimos “Lento” e “Nada”, que deram esse grande “start” em sua carreira solo.
O Tangana, esse meu amigo da Espanha que também é um músico incrível, nos encontrou no estúdio para ver no que iria dar e acabou surgindo isso. Não poderia ter ficado melhor! Tudo me encantou bastante, desde a criação temática até a conexão que todos teríamos. Então trabalhar em algo grande assim em tão pouco tempo foi magnífico, assim como trabalhar com a Lauren.
Então fiquem ligados, pois já trabalhamos em uma outra música que ainda não foi lançada… então sem dúvida ainda tem coisa boa vindo por aí!

A gente percebe que você é um artista versátil e consegue trabalhar bem com os mais diversos artistas e ritmos. Tem algum estilo musical que você admira e quer trabalhar mais em suas produções?
Tem vários! Eu tento sempre combinar um pouco com o que eu já faço e pelo que as pessoas já me conhecem, e a partir daí busco criar coisas diferentes. Mas sim, é algo que sempre tenho em mente. Curto bastante o rock, ou você disse também, o funk, o reggae… tento sempre ver coisas similares ao que eu já produzo no reggaeton para evoluir numa versão diferente e única.

No Brasil temos o funk… E você chegou a trabalhar em uma música que tem a nossa cantora pop Anitta. Você a conhece? Sabe mais sobre outros artistas brasileiros ou tem algum que gostaria muito de fazer uma parceria?
Eu amaria ir aí nem que seja só para conhecer pela primeira vez. Conhecer essa cultura! É algo que me encanta demais: ir a um lugar, ver o que estão ouvindo naquele momento e sair com um montão de inspiração nova.
Sei também que tem um montão de artistas talentosos, então seria uma experiência incrível.
Mas sim, seria pra trabalhar com muita gente bacana. Os com quem eu já pude trabalhar (Anitta) no hit ‘Veneno’, que era o seu projeto… também em ‘Fuego’, com Sean Paul e o DJ Snake. Então sempre tem essa energia única incrível do público brasileiro, que é algo que quero futuramente nos meus projetos.

Estamos em um momento difícil para a saúde mundial com o coronavírus. Como você enxerga esse período para a música?
Ficaremos em isolamento por um tempo, então você já fez planos pensando nisso? Quais são eles?

O que mais mudou nesse tempo como você falou foram os encontros promocionais. Isso de tocar sua música, ir ao lugar… é um processo bem diferente agora em que podemos fazer entrevistas por aqui, diretamente de casa. Creio que seja algo que não tínhamos em mente, mas é uma forma que conseguimos nos adaptar, produzindo conteúdo e informando do que estamos fazendo ou do que faremos. Creio que isso que mais mudou…
Eu como produtor, por outro lado, não posso estar com os artistas no estúdio mas acabamos buscando por outras maneiras de se reunir para organizar esses projetos. Nessas últimas semanas que fiquei em casa não parei de produzir, pra quando assim que tudo isso passar já tenhamos os trabalhos prontos para lançar.

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