Com o novo single “BRINCA COM A…”, Carol Biazin traz em seu universo a “GAROTA INFERNAL” apresentada ao mundo em outro single, lançado em janeiro. Em entrevista ao Tracklist, a cantora abre detalhes sobre essa nova fase, que vem após seu disco de estreia “Beijo de Judas” (2021), e revela mais sobre seu processo criativo.
Entrevista: Carol Biazin
A gente queria saber sobre seu novo single, “BRINCA COM A…”. O que você pode contar sobre as referências e influências dessa música?
Então, “BRINCA COM A…” veio da minha nova era, que é da “GAROTA INFERNAL” de janeiro deste ano. Eu quis trazer um ar um pouco cafajeste. Estava ouvindo muito 50 Cent, e falei: “cara, é muito essa onda, de cara cafajeste, que traz esse ar de superioridade… Ia ser muito f*da colocar isso em uma música”.
Aí vieram essas referências. Eu escrevi em cima de um type beat da internet junto com a minha amiga, que é a Carolzinha – compositora incrível, ela estava aqui em casa por uns três dias seguidos –, e a gente começou a escrever várias músicas nessa pegada, e saiu a “BRINCA COM A…”.
E, conforme eu fui escrevendo, eu fui visualizando como eu queria o clipe. Eu já tinha pensado em uma fábrica de ruivas, fazendo uma joia raia, com uma estética meio esverdeada, um lugar caindo aos pedaços, só que ao mesmo tempo glamuroso, as roupas, a luz perfeita…
Fui juntando essas estéticas à letra, descrevendo as cenas. Foi crucial no final para montar o clipe, porque eu já tinha tudo muito visualizado na minha cabeça. E foi muito interessante, porque saiu exatamente como eu queria! Basicamente foi isso.
A gente foi criando esse universo da “GAROTA INFERNAL” que eu a coloco ali no papel, e tento escrever as coisas, palavras e melodias da forma como eu imagino que ela cantaria, e não a Carol Biazin em si.
É um alter ego para fugir de situações, da realidade, e criar um mundo lúdico. É uma fábrica de ruivas, criando uma joia rara, que no final sou eu. É um negócio extremamente viajado, mas é a cabecinha dela, da “GAROTA INFERNAL”.
E que deu certo, né?
Deu certo, exato!
Quando você fez “GAROTA INFERNAL” já sabia que teria uma sequência ou foi da inspiração do momento?
Foi da inspiração! Eu fiz a “GAROTA INFERNAL” no nome da música, e no clipe eu tive a ideia de me transformar realmente nela, que tem uma carinha de anjo, mas quando vê, ela é aquilo… A referência veio do filme da Megan Fox, “Garota Infernal” [2009], em que ela é um demônio que matava os meninos.
Aí eu fiquei: “Vou levar isso para o clipe!”. Quando eu coloquei a lente vermelha, parecendo um demônio mesmo, falei: “Gostei de me sentir assim”, sabe? Me deu uma elevada na autoestima, porque a Carol do dia a dia não se permite fazer essas coisas, e eu criei esse alter ego exatamente para me colocar nessas situações que, talvez por mim mesma, não teria coragem de encarar.
E ela vai, ela faz, ela se acha muito bonita, se acha muito superior a todos os humanos (risos). Agora, preciso fazer mais coisa para ela, porque eu gostei muito de colocar essa máscara.
Vai ser ela que será trazida para um próximo álbum?
Olha, talvez sim, talvez não. É muito cedo para falar de álbum, mas óbvio que nunca é uma coisa descartada, né? Eu tenho feito muitas músicas, muitas mesmo, mas por enquanto estou focando em trazer a estética dela nos singles, mas não vou ficar presa só a ela.
Até porque, tem muita coisa que rola dentro de mim que eu preciso botar para fora, além da “GAROTA INFERNAL”, então vão ter outras coisas fora dessa pegada, este ano ainda. Mas, álbum é algo que eu quero realmente contar uma história mesmo, então estou pensando ainda na ideia.
Mas, vai ter single sim ainda este ano, que seja da “GAROTA INFERNAL”, ou não. Estaremos bem servidos este ano, vai dar tudo certo!
Ah, que bom! Você diria então que são várias “Carols” dentro de você?
Exato! Essa da “GAROTA INFERNAL” foi uma que eu descobri recentemente, no início do ano, e aí vim trazendo agora nesse novo single, tem algumas outras músicas que quero trazê-la também. E tem a Carol extremamente romântica, que escreve aquelas músicas sofridas…
Acho que esses são os meus dois 8 ou 80, que eu gosto muito de trazer para as minhas canções e lançamentos. Então, pode ser que [em breve] venha alguma coisa que não tenha nada a ver com “GAROTA INFERNAL”, sabe?
Você disse que já estava escrevendo “BRINCA COM A…” pensando no clipe. Esse é um processo normal para você ou foi uma exceção?
Foi uma exceção. Geralmente, não fico muito presa não. Eu deixo fluir. Mas foi algo que veio muito natural. Fui falando que as “ruivas são raras”, o “anel da Vivara”, e aí veio muito uma coisa meio academia de ruivas, de treinamento, elas se preparando para algo…
Me veio meio “The Hunger Games” [“Jogos Vorazes”] com “Bad Blood”, da Taylor Swift: dois mundos que se misturaram e que eu sou viciada! Aí eu quis fazer essa brincadeira das ruivas. Falei com a minha amiga na hora, que estava escrevendo comigo, aí ela começou a brisar também.
Depois que a música ficou pronta, eu me sentei com a diretora criativa e ela começou a ficar muito empolgada, porque começaram a vir várias outras novas ideias. Aí, a gente finalizou o roteiro meio que juntas, aí entrou a mente brilhante do diretor e tudo foi lapidando como uma joia rara (risos).
E com certeza deu certo, né? No final você falou que ficou do jeitinho que você imaginou!
Sim, sim! Eu amei muito. É o meu clipe favorito que já fiz.
Da primeira vez que você falou com a gente no Tracklist, você explicou que não se identificava tanto mais com seu primeiro disco. Para esse próximo, está se identificando com o que está vindo agora?
Muito! Eu acho que é o caminho sempre, né? Eu me identifiquei por muito tempo com “Beijo de Judas” [2021], e depois vivi muitas coisas e agora já quero fazer outras coisas. Acontece isso o tempo inteiro: a gente vai enjoando das nossas coisas e queremos estar sempre melhorando.
Acho que é muito legal olhar para o passado, falar: “Nossa, eu me acho mais f*da hoje!”. Mas, provavelmente daqui a dois ou três anos eu vou olhar para hoje e falar: “ah, coitada! Olha aqui agora o que eu sei fazer!” (risos).
E é isso. Viver faz você aprender, faz você crescer, amadurecer. Faz parte do processo.
O que a Carol de hoje falaria para a Carol de início de carreira?
Essa pergunta sempre me pega (risos). Eu acho que falaria – é bem clichê – mas falaria para ter paciência, porque eu sinto que em alguns momentos ela tentou apressar algumas coisas, não se preparar o suficiente para algumas coisas, isso causava ansiedade, frustrações…
Se eu fosse falar alguma coisa para ela, acredito que seria isso. “Tenha um pouco de paciência, que você vai chegar lá”.
E como foi trabalhar com tantos nomes grandes da música atual brasileira?
Foi muito gratificante. Falei esses dias com a Priscilla Alcantara, inclusive ela me fez essa pergunta. Eu falei que foi além de poder mostrar para o mundo a minha versatilidade, que eu conseguiria trabalhar com Luísa Sonsa, Gloria Groove, Dilsinho e Vitão no mesmo álbum.
Acho que foi uma coisa de… sabe esse selo de aprovação? Porque eu sou muito fã de todos. Então, acho que sempre teve essa sensação de estar no caminho certo, sabe?
Tipo: “fui notada!”
É, exatamente isso! Foi muito desse lugar, essas pessoas que eu tanto admiro querendo gravar comigo também, mesmo talvez eu não tendo tantos números para acrescentar, elas estão aqui me apoiando dessa forma, porque elas acreditam no meu trabalho… Então, eu me coloquei nesse lugar, e foi um lugar bom de se estar.
Sempre bom trabalhar com pessoas que você admira, né?
Com certeza, com certeza.
Falando mais sobre seu processo de composição, você vai mais pela melodia e depois a letra ou o contrário?
Olha, depende muito do momento. Eu acho que não criei um padrão. Eu sempre faço meio que o que sai primeiro, ganha. Sou uma pessoa muito apegada a melodias, eu gosto de já pensar na melodia chiclete.
Mas, às vezes você precisa se desapegar daquela melodia para você conseguir dar um papo muito bom. Então, você precisa ter um equilíbrio: você quer dar um papo muito bom ou uma melodia incrível? Às vezes você não consegue fazer os dois juntos. Quando você consegue juntar os dois, perfeito! Mas, eu prefiro sempre pensar no que eu preciso entregar.
A parte do verso de “BRINCA COM A…” foi tudo no flow. A gente soltou e foi meio que cantando junto as palavras com a melodia, então tem coisas que são criadas juntas também e super funciona, acho que é um processo.
E o que mais te influencia nos seus momentos de inspiração, para receber esses insights?
Eu sou uma pessoa muito objetiva. Taurina, meio metódica até, sabe? E eu gosto de pressão, de sentir que estou pressionada em algum momento. Sabe quando você deixa as coisas por último?
Porque eu fiquei muito tempo sem escrever depois do “Beijo de Judas”. Escrevia para outras pessoas e tudo o mais, mas para mim eu estava há muito tempo sem escrever. Aí eu falei: “Caramba, eu preciso voltar agora!” e isso começou a entrar na minha cabeça.
Falei para a minha amiga que estava vindo aqui que eu precisava fazer muitas músicas. Na semana, a gente fez umas sete músicas, e foi saindo várias coisas. Mas, eu preciso desse objetivo. Eu preciso, às vezes, sentar no estúdio.
Eu quase não gosto de fazer música em casa, mas aqui em específico, como eu tinha uma segunda pessoa que eu sabia que tinha chamado só para fazer isso, eu falei: “Agora, eu vou ter que fazer!”. Acho que eu funciono assim.
Porque eu sou preguiçosa, não tenho vergonha de assumir isso. E é meio contraditório, porque eu amo trabalhar, tá? Mas, eu realmente preciso [disso], de olhar na minha agenda e, se eu sair dela, eu fico meio maluca, então preciso seguir ali a regra.
Eu preciso de um objetivo na minha vida, e quando eu coloco, tudo vai muito bem. Agora, nesta fase, eu estou trabalhando mais do que nunca trabalhei, porque coloquei muitos objetivos.
O importante é que no final dá tudo certo!
Exatamente! (risos).