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Entrevista: Barona comenta lançamento, inspirações e planos na carreira

O lançamento da artista já está disponível em todas as plataforma digitais

Foto: @Httsapollo

A rapper underground Barona tem surpreendido o público com sua nova mixtape, “Quase Pronta”, lançada no início de junho deste ano. Com apenas um mês em circulação, o projeto já acumulou impressionantes 100 mil streams no Spotify, superando a marca alcançada pelo seu EP de estreia, “DABOMB”.

Em recente entrevista ao Tracklist, a artista, que se destaca no grime e drill e está se consolidando como uma das maiores promessas da cena musical, falou sobre a mixtape, inspirações, colaborações e planos para carreira. Confira!

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Em entrevista, Barona reflete sobre carreira e fala sobre planos futuros

Como foi o processo de criação da sua mixtape ‘Quase Pronta’ e da onde surgiu a ideia de lançá-la antes do seu álbum de estreia?


‘Quase Pronta’ veio num momento da minha vida em que eu queria muito fazer um projeto maior que um EP, mas ainda não me sentia pronta para um álbum, por isso o título da tape. As faixas vieram em fases diferentes na minha trajetória, em viagens de show, no meu trabalho CLT, em momentos de amor e/ou revolta. Esses sentimentos mistos que quis transmitir dessa vez com esse projeto. As produções são incríveis, participações que escolhi por me identificar com todes e amar a arte de cada um.

Com pouco mais de um mês no ar, a mixtape alcançou 100k de streams no Spotfy, o que você menciona que foi um susto. O que você acha que mudou de ‘DABOMB’, que demorou dois anos para alcançar esta marca, até ‘Quase Pronta’?


Acredito que o EP precisou desse tempo para as pessoas poderem me conhecer e me dar uma chance. Foi um período necessário para ele rodar nas ruas, nos fones e nos corações para que eu pudesse ter um “terreno” que ‘Quase Pronta’ pegou pronto. Na mixtape tentamos e arriscamos coisas novas, eu mesma escrevi e me desafiei a abordar coisas diferentes, “sair do armário” e com beats que normalmente eu acharia mais “difícil”. Acho que com essas “novidades” atraímos mais pessoas que antes.

Como você escolheu as faixas que compõem a mixtape “Quase Pronta”? Existe alguma música que você considera a mais pessoal ou significativa?


A mixtape “Quase Pronta” é um reflexo da minha jornada, explorando minhas vivências e influências, e mostrando a riqueza de minha expressão artística. Junto com meus produtores, construímos algumas músicas especificamente para mix e algumas já estavam prontas/escritas, e com essas faixas, ouvimos e selecionamos conforme melhor soava e que fazia sentido para o projeto como um todo.


Às Vezes” é a faixa mais pessoal que fiz. Essa música foi um processo muito estranho — pelo menos para mim —. Estávamos no estúdio e o Ryam fez esse beat do zero, apenas com o sample que pedi e simplesmente travei no primeiro verso e não consegui escrever mais. Quando cheguei em casa fiquei frustrada por não ter conseguido que deixei ela de lado e fui viver minha vida. No meio do ano passado, fiz show no Rio de Janeiro, meu primeiro fora de São Paulo e escrevi o refrão. Nesse meio tempo recebi mensagens que mudaram meu coração e um apoio sem igual: escrevi metade do som.

Final do ano cantei no CENA e em Belo Horizonte e quando voltei de viagem finalizei a música.
Foi literalmente uma jornada inteira me entendendo e conhecendo cada pessoa que pude, que gosta do nosso trabalho, que possibilitou essa música. “Às Vezes”, na verdade, é o presente que me deram.

Como foi trabalhar com a colaboração de MC Luanna e NandaTsunami na faixa ‘Sexo Hot‘?


Foi incrível poder trabalhar com duas amigas — tanto na música quanto pessoais — e poder fazer um som mais sensual, com liberdade e abordar coisas que, pelo menos para mim, era novo, sabe? Nunca tinha feito um som assim e para mim foi muito especial esse encontro de vozes. A Luanna ficou meio receosa por ser um house — estilo que ela não era tão acostumada — mas ela amassou! A Nanda rimou tanto que tomou último espaço do som. De primeira eu ia chamar mais uma pessoa, mas ficou tão perfeito que ela rima duas vezes na música.

Além disso, você mencionou que planeja lançar um EP colaborativo com a NandaTsunami até o final deste ano. O que podemos esperar desse projeto?


Por enquanto, ainda estamos no campo de ideias (risos). A única coisa que posso falar sobre é: vamos abalar estruturas.

Você tem planos para futuras colaborações com outros artistas?


Como lancei a mixtape recentemente, quero focar em feats e participações nos projetos e singles de outrxs artistas. Me vejo hoje mais aberta para colaborações, agora que meu próprio projeto foi concluído.

Participar do set da DJ Akilla no Boiler Room e tocar no Baile do Brime ao lado de Ajuliacosta foram momentos marcantes. Como essas experiências impactaram sua carreira?


Nas duas oportunidades, foi uma experiência incrível por estar acompanhada de mulheres que admiro, gosto e respeito muito. A DJ Akila é uma querida, e na minha opinião sincera, ela é uma dos melhores DJ’s do Brasil. Ter um episódio em um formato tão grande (Boiler Room) cantando no set dela é uma honra e me permitiu alcançar outros países e me firmar como MC de grime também.


Cantar no BRIME a convite da Ajuliacosta, também foi um grande desafio, só que, ao mesmo tempo, uma felicidade muito grande! Sou fã de verdade do trabalho dela e das meninas que ela convidou para o mesmo set (Lai$Rosa, Monna Brutal, Bia Soul e NandaTsunami) e fazer parte disso, me fez sentir como uma peça importante para a cena — mesmo que por uma noite (risos).

Você mencionou que se inspira em filmes, animes, jogos e livros. Quais são suas obras favoritas em cada uma dessas categorias e como elas te inspiram?

Meus filmes favoritos são: “MadMax”, “Estrada da Fúria” e “Porco Rosso”. É difícil escolher apenas três animes favoritos (risos), Mas, “Full Metal Alchemist”, “Cowboy Bebop” e “One Pice”. Os jogos, eu gosto de “CS” e “CupHead” e livros — que difícil — “O Grande Gatsby” e “Invente alguma coisa: histórias que você deve ler custe o que custar”.

Se você escutar qualquer música — tanto do EP quanto da mixtape — terá referência de pelo menos uma coisa dessas obras que citei. Sempre quero colocar nas minhas linhas coisas que realmente vivo e por muito tempo, esses entretenimentos eram minhas companhias nos meus dias; por isso coloco com carinho nos sons.

Há algum artista que influencie sua música? Como e por quê?


Eu já disse algumas vezes que a SoundFoodGang me influenciou bem no comecinho da minha trajetória pelas referências de jogo/anime que eles traziam nos sons. Hoje me inspiro muito nas minhas colegas de trabalho; MC Luanna, NandaTsunami e também nos meus companheiros de música; Ryam Beatz, YORI e Gordon Mc.

Como você enxerga seu papel como artista na cena do grime e drill no Brasil?


Me enxergo como uma artista versátil, que tenta inserir ao máximo minha verdade, meu cotidiano e vivências nas letras e flow diferenciado. Meu papel, acredito que seja mostrar que podemos, sim, falar de diversas coisas em nossas músicas que as pessoas podem se inspirar/identificar com elas.