“hopeless fountain kingdom” evidencia o crescimento da artista
Com o novo álbum, Halsey assumiu o topo da parada de álbuns da Billboard (a primeira mulher no ano que conseguiu o feito, inclusive). Mais maduro, o segundo disco da carreira da cantora explora mais traços da sua personalidade (sua bipolaridade), sua bissexualidade e relacionamentos com um toque conceitual.
Com 16 faixas que compõem um conjunto harmonioso, o material têm influência da peça “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, cujo prólogo é recitado pela cantora em “The Prologue”. Dramaticidade, portanto, é um elemento que se faz presente em todo o disco produzido por Benny Blanco e Greg Kurstin.
Empoderamento feminino e vulnerabilidade
A música pop tem se mostrado cada vez mais progressiva, no que tange ao espaço das mulheres. Cantoras como Ariana Grande, Beyoncé, Rihanna e Lorde estão aí para serem vistas e ouvidas, com canções que cada vez mais são produzidas e direcionadas ao público feminino em especial (mas que todos podem ouvir e amar, igualmente).
Halsey também já mostrou isso em BADLANDS, disco que evidencia a busca pelo empoderamento. O novo, portanto, não se dissocia. Em “100 Letters”, Halsey discorre sobre um relacionamento que teve (com o produtor Lido ) que chegou ao fim, com ela dando às costas para ele por menosprezá-la ( “Eu não deixo ele me tocar mais/Eu disse que não sou algo para melhorar e provar quando você está entediado”).
Já em “Eyes Closed”, a cantora já se mostra vulnerabilidade em lidar com um desfecho, declarando que teria feito tudo para manter o relacionamento perdido e sem saber como contornar a situação. Co-escrita por The Weeknd, a faixa revela uma faceta bipolar de Halsey.
Solidão e entendimento de si mesma
Em suas canções, fica claro que Halsey não está interessada em se fazer de vítima, reconhecendo suas falhas e defeitos. Em “Sorry”, ela pede desculpas por não atender as expectativas de um amante: “Me desculpe, meu amante desconhecido/ Me desculpe por não acreditar que alguém realmente se apaixonaria por mim”. Essa sua característica solitária também pode ser observada em “Alone”, faixa em que diz que todos os lugares que vai tem sempre “um milhão de pessoas” que gostariam de transar com ela, porém sua solidão é constante.
Hits
“Now or Never” é um dos singles escolhidos para promover o material. Com influência do R&B, uma canção que chega a lembrar “Needed Me”, de Rihanna. A história por trás da música envolve um casal que passa por dificuldades em um mundo distópico, uma referência aos personagens Romeu e Julieta, de Shakespeare.
“Strangers” é outra faixa com grande potencial, um hino lésbico que conta com os vocais de Lauren Jauregui. É bem representativo quando uma artista usa pronomes femininos em uma música, dirigidos a um interesse amoroso. São poucas as que fazem isso no universo pop atual, podemos citar Tegan and Sara, Shura e The Veronicas como alguns dos exemplos.
“hopeless fountain kingdom” é, acima de tudo, ambicioso. Podemos observar influências do synth pop e do R&B (gêneros que parecem mais divididos em meio ao interlúdio, “Good Morning”, com a voz do irmão da artista). O disco também lembra em alguns momentos, como na canção “Walls Could Talk”, o início da carreira de Britney Spears
Mas, nada se trata de cópia. Podemos perceber claramente a personalidade de Halsey, que se desnuda para o ouvinte em um disco bem trabalhado e pretensioso que revela suas facetas, seus relacionamentos, suas descobertas e vulnerabilidades.
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