A banda Milky Chance está de volta nessa sexta-feira, 15, com seu mais novo álbum “Mind The Moon”. É o terceiro álbum de estúdio dos alemães e vem depois do “Blossom“, lançado em 2017. Foi, inclusive com ele, que estiveram por aqui no Lollapalooza no ano passado.
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O novo álbum possui as melodias cativantes e de leve escuta do segundo álbum, mas com letras com maior profundidade. É como se fosse uma junção do primeiro álbum “Sadnecessary” (2013) e o “Blossom”. E, claro, com muita evolução. Talvez até mesmo o trabalho preferido de Philipp Dausch e Clemens Rehbein, integrantes da Milky Chance.
O que dizer sobre “Mind The Moon”? O Tracklist teve acesso à ele antes mesmo de seu lançamento e pode analisar.
Vendo a obra por completo, seus singles foram muito bem escolhidos. “Fado”, “Daydreaming”, “The Game” e “Rush” mostram muito o que se pode esperar do álbum por completo. Não é algo muito diferente do que estamos acostumados com a banda, mas, não vejo como algo ruim. Afinal, ambos álbuns já lançados são completos sonoramente.
“Fado”
“Fado”, canção que abre o álbum já lançada anteriormente como single, já deixa o ouvinte preso à seus aspectos característicos e também da banda: uma vibe meio praia e meio eletrônica ao mesmo tempo. Não atoa, entrou para parte da trilha sonora do jogo FIFA 20. Uma curiosidade geral: fado é um estilo musical português. Suas características são a melancolia, e é acompanhada por bandolim e violão. A música também se encaixa no gênero por ter essas características. “Fado” é fado.
Falando em países, a gravação desse material foi nômade. Eles gravaram por diferentes países e explicam o por quê na nossa entrevista (opa, olha o spoiler!).
“Long Run”
Com um reggae meio eletrônico, é uma análise sobre um relacionamento falho, mas, que talvez tenha jeito. E ele quer que tenha uma volta. Apesar de ser uma abordagem clichê, seu refrão fica na cabeça e é bem agradável e leve de se escutar.
“Fallen”
Como o próprio nome diz, fala sobre uma caída. Sobre tristezas e o lado mais “escuro” da vida. Foge um pouco do tema relacionamentos, aborda a questão da natureza e o do espiritual (“deixe meu corpo mas leve minha alma”). Uma das poucas músicas do álbum que possuem muitas camadas.
“Eden’s House” e “Right From Here”
Por mais minimalista que “Eden’s House” possa parecer (melodicamente falando, é provavelmente a música menos detalhada em arranjos e com menos camadas), é bastante intensa. A colaboração com Ladysmith Black traz uma sensação incrível ao escutar e a letra não deixa a desejar. Fala sobre não saber onde querer chegar e estar machucado.
“Right From Here” é totalmente o oposto de “Eden’s House”. Pode-se dizer que em termos de fundos musicais, é uma das mais bem produzidas do álbum, com diversas camadas de instrumentos diferentes. Talvez aqui as duas melhores do álbum (fora os singles).
Entrevista
O Tracklist teve o privilégio de nessa semana conversar com um de seus integrantes, o Philipp. Falamos sobre inspirações, produções, a vida na estrada e muito mais. Você pode conferir abaixo!
No “Mind The Moon” temos muitas músicas chicletes e maravilhosas. Por quê vocês escolheram “Daydreaming” para ser o primeiro single?
Philipp: Porque se destacava. Era uma daquelas músicas que tinham uma aparência forte, mas também tinha a vibe indie. Não queríamos ficar tão focados em um single para rádio e queríamos que fosse mais uma vibe indie. Por isso a escolhemos.
Eu li que vocês gravaram o álbum em vários países. Como foi?
Philipp: Nós começamos na nossa cidade natal Kassel, porque queríamos estar em casa e estávamos em turnê por mais de um ano. Também gravamos na Itália, Austrália, Marrakesh, Noruega e Berlim. Foi doido, porque nos deu ambientes que iam mudando, o que nos ajudou em ficarmos revigorados, livres e criativos no processo. Pudemos sair da zona de conforto e sair do que conhecemos. E cada estúdio tinha sua vibe, sons diferentes, instrumentos diferentes. “Revigorados” de uma forma que ainda queríamos fazer nossa música que sempre fizemos e queríamos colocar um toque diferente nela. Então pensamos que deveríamos ir para lugares diferentes.
Na minha opinião, “Eden’s House” é minha colaboração favorita. Qual é a história por trás dela?
Philipp: Ladysmith Black Mambazo é um coral bem único da África do Sul, nós escutamos quando estávamos no coral do ensino médio. Nosso professor levou trabalho deles. Somos grande fãs, inspirados por ele. Pensamos em dar uma chance nesse álbum e tentar realizar um sonho. Perguntamos se eles gostariam de trabalhar com a gente, e, aqui estamos!
Como foi o processo de criação do álbum? O que inspirou vocês? Artistas, coisas, acontecimentos da vida, do mundo…
Philipp: Primeiro de tudo, no ano passado nós demos uma pausa em fazer turnê. O tempo, a abordagem, estar em família… é, nos fez criativos, nos inspirou a escrever música nova. E acho que todos os sentimentos que tivemos durante esse tempo, quando voltamos para casa e pudemos refletir; estivemos em várias situações e também relacionamentos. Tudo isso nos fez chegar aqui.
Vocês tocaram no Lollapalooza Brasil em 2018. Pretendem voltar com a nova turnê? E o que podemos esperar dela?
Philipp: Definitivamente queremos voltar no ano que vem. Vocês podem esperar… ensaiamos bastante, nós já tocamos bastante. Mas também estamos animados porque tiramos um tempo de pausa. E também teremos novos instrumentos no palco; claro, novas iluminações. E novas músicas! Mas também as antigas. Serão os melhores shows que já tivemos!
Falando de shows, vocês já fizeram vários, incluindo festivais. Tem algum específico que marcou muito?
Philipp: Foram vários shows, num geral, vários lugares do mundo inteiro que nos impactaram. Porque é um privilégio. Me faz ser grato. A diversidade, e tocar em todos esses palcos nos tornou uma banda forte como somos. Ser músico nos uniu e nos fez a banda que somos agora.
Conseguimos conhecer vários lugares e pessoas… quero dizer, por um lado todas as pessoas são as mesmas, mas por outro as pessoas são diferentes. Então é, é sempre diferente. E a questão do viajar, nos faz estar unidos e passar bastante tempo com a banda e com as outras pessoas. E isso nos afeta, é quase como uma segunda família, uma segunda casa.
Cada álbum que vocês lançam tem uma adição de novas sonoridades, mas sempre tem alguma coisa que você escuta e consegue pensar “isso é TÃO Milky Chance”. Vocês acham que vão continuar explorando as possibilidades ou acham que onde vocês chegaram com esse álbum vai continuar nos próximos projetos?
Philipp: Eu acho que musicalmente nós definitivamente evoluímos. É, é um processo em que estivemos. Acho que estamos melhores do que nunca. Conseguimos mostrar nossa essência. Mas acho que vamos sempre querer continuar evoluindo.
Escutando a faixa “Right From Here”, escutei uma batida que me lembrou algo dos anos 80, algo meio New Order. Achei a produção do álbum, as batidas e melodias muito boas. Vocês também estiveram envolvidos nessa parte ou deixaram mais para os engenheiros de som?
Philipp: Nós fizemos tudo! Nós convidamos nossos fãs algumas vezes para escutar. Em alguns pontos trabalhamos com o mesmo produtor do último álbum. Também tivemos sessões com a banda para escrever músicas com outros artistas. Ainda é o conceito que temos nesse álbum.
Agora falando sobre a parte visual (clipes e capas de singles). Vocês sempre tem natureza e algo meio psicodélico presente neles. Vocês começam pensando nisso primeiro ou isso só vem depois que as músicas já estão finalizadas?
Philipp: Depois que já estão finalizadas. Algo que definitivamente vem depois. É, tem a música e depois pensamos no que estamos sentindo e no que queremos transformar. E aí também trabalhamos com os diretores.
Foi mais difícil chegar no resultado final de “Mind The Moon”?
Philipp: Não, tivemos mais tempo! No último álbum estivemos em turnê todo o tempo , acho que teve muito mais pressão. O tempo também foi muito menor, então… dessa vez tivemos bastante tempo.
Nós também meio que tivemos uma vida e eu também estava um pouco mais velho. Foi um tempo bem legal, nós aproveitamos muito tudo isso e funcionou como torcíamos e planejávamos para funcionar. O que não é algo que acontece muito. Claro que sempre tem mudança de cenários, mas foi muito bom e tenho que dizer que foi mais fácil e mais simples que o último álbum, por exemplo.
O que vocês ainda não alcançaram que desejam conseguir no futuro?
Philipp: Todos nós ficaríamos muito felizes e gratos se pudéssemos continuar tocando em todos esses lugares que já estivemos. Todos nós amamos fazer isso, então… continuar e ser capaz de continuar fazendo isso, seríamos muito gratos.