Não é novidade para ninguém que Pabllo Vittar se tornou um dos grandes nomes do cenário pop atual. Sendo a drag queen mais seguida e ouvida no mundo atualmente, a cantora conta com mais de 4 milhões de ouvintes mensais no Spotify e acaba de lançar o seu quarto disco de estúdio, o “Batidão Tropical“.
Com 9 faixas – sendo 3 inéditas e 6 regravações de bandas nortistas – Pabllo te convida para vibrar na frequência das suas principais influências. Aqui vão as nossas primeiras impressões sobre o “Batidão Tropical“:
Ama, Sofre, Chora
Escolhida para abrir os trabalhos do disco, “Ama, Sofre, Chora” é uma composição dos meninos da Brabo Music, parceiros de longa data da Pabllo. A faixa ganhou uma esfera toda ambientada em um suposto casamento e que deu muito certo para a promoção da faixa. Confesso que no primeiro momento ela não me desceu muito, mas agora ouvindo o conjunto da obra, faz sentido.
Triste com T
Composta pela Pabllo com os meninos da Brabo Music, “Triste com T” foi escolhida para suceder a divulgação do disco. Dinâmica, a faixa é um forró daqueles para ninguém botar defeito e me lembrou até um pouco de K.O. A combinação da anterior com essa foi perspicaz demais. Tudo casa completamente bem.
A Lua
Eis aqui a minha favorita das inéditas. Pabllo domina tudo nessa faixa. Os vocais, os instrumentais, tudo soa incrivelmente lindo na terceira música do Batidão Tropical. Pensando nas referências do disco, ‘A Lua’ remete bastante aos trabalhos de algumas bandas de forró como Tropykália e Anjo Azul. Ela serviu, viu?
Ânsia
Entrando nos covers escolhidos para o álbum, temos aqui “Ânsia”, conhecida pelas interpretações das bandas Cia do Calypso e Calcinha Preta. A primeira vez que ouvi essa música na voz da Pabllo foi em uma live realizada por ela no instagram e que logo em seguida ela salvou, porém sem o ‘ânsia’ na versão final. Eis que meses depois temos ela em estúdio no disco da própria. Pabllo sabia bem o que queria com essa faixa e deu o nome em cada detalhe dela. Mal posso esperar para ouvir ao vivo.
Apaixonada
Aqui as referências ao norte começam a ficar mais claras. Cover da banda Batidão, “Apaixonada” já é marcante por si só, mas na voz da Vittar ficou ainda mais aguda, acelerada e boa de dançar. Mais uma vez a drag acertou na dose e trouxe todo o seu carisma para a regravação.
Ultra Som
Sabe aquele ambiente de buzina lá do Não Para Não? Então, ele existe aqui, só que de fato, você vai para outro mundo. Original da banda Ravelly, ‘Ultra Som’ na voz da Pabllo também é aguda, divertida e cheia de referências aos DJs que trabalham com a drag. Essa aqui ganhou meu coração logo na primeira ouvida, talvez por amar a versão original e toda a vibe espacial dela.
Zap Zum
Se você é do Nordeste/Norte e não conhece esse hino, pode pegar sua carteirinha de volta porque tem algo errado. Fã assumida da Cia do Calypso e da ex-vocalista Mylla Carvalho, Pabllo deu uma repaginada em ‘Zap Zum’ e fez jus a um dos maiores clássicos da banda paraense. Na primeira ouvida você pode estranhar a diferença nos tons, mas na segunda você já tá girando tranquilamente na sala.
Não é Papel de Homem
Quando vi que seria um álbum com regravações e que teria um cover de ‘Não é papel de homem’ muitas memórias vieram a minha cabeça. Essa música é um hino e fez muito sucesso nos 2000 no Norte/Nordeste, ainda mais pela gravação da banda Kassikó. Pabllo novamente trouxe à tona tudo que tem de melhor e entregou umas das melhores regravações do disco. Se você gostou, recomendo assistir a live da banda Kassikó em Palmas para você entender o porquê da drag ter regravado essa.
Bang Bang
A última e não menos importante do disco, é ‘Bang Bang’, mais um cover da Cia do Calypso. Hit da banda paraense, a faixa talvez tenha sido a que mais sofreu alterações em comparação com a sua versão original. Vittar colocou mais características do clima faroeste, além de elementos mais pops que remetem até os seus trabalhos mais recentes. Mal posso esperar para ver a drag entregando tudo nessa ao vivo.
Conclusão
Confesso que não era muito o que eu esperava da obra em si, mas é preciso reconhecer uma coisa: Pabllo Vittar foi totalmente contra a maré do mainstream e entregou um dos seus álbuns mais regionais, se não o mais. Em tempos onde tudo é consumido digitalmente, a drag não pensou duas vezes, pegou suas principais referências do Norte e Nordeste e colocou nas plataformas de streaming. Isso é admirável e corajoso.
Um álbum de covers não é cafona e antiquado quando bem feito. Vittar ousou e acertou. Assim como eu, tenho certeza que várias pessoas do Brasil se identificaram com esse trabalho. Mal posso esperar para ouvir o Batidão Tropical ao vivo.
Stream na lenda!
Nota: 9/10