Artistas britânicos junto com o Sindicato dos Músicos em associação com a Ivors Academy e a campanha #BrokenRecord pedem mudança na Lei de Direitos Autorais, Desenhos e Patentes de 1988, do Reino Unido, com o intuito de permitir que “o valor da música” presente nas plataformas de streamings seja colocado “de volta onde pertence – nas mãos de fabricantes de música”.
Logo, uma carta destinada a Boris Johnson, primeiro ministro britânico, escrita por Sir Paul McCartney, Noel Gallagher, Chris Martin e mais 156 pessoas, afirma que os serviços de streaming “não acompanharam o ritmo das mudanças tecnológicas e, como resultado, artistas e compositores não gostam das mesmas proteções como fazem na rádio.”
A correspondência manifesta-se em meio a uma investigação organizada pelo Comitê de Seleção Digital, Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido sobre o impacto financeiro que o formato atual está tendo sobre os artistas, as gravadoras, entre outros.
A carta destaca que “apenas duas palavras precisam ser alteradas na Lei de Direitos Autorais, Desenhos e Patentes de 1988, para que os artistas de hoje recebam uma parte das receitas, da mesma forma que desfrutam no rádio”, sendo que, “não custará um centavo ao contribuinte, mas colocará mais dinheiro no bolso dos contribuintes do Reino Unido e aumentará as receitas de serviços públicos como o NHS”.
“Ao tornar a lei mais rígida para que o streaming pague como o rádio, colocaremos a receita do streaming de volta ao seu devido lugar – nas mãos dos artistas. É a música deles, então a receita gerada com isso deve ir para as mãos deles”, disse Horace Trubridge, Secretário Geral do Sindicato dos Músicos.
Ao longo da ascensão dos streamings, houveram outros embates levantados por artistas quanto a falta de valorização dos seus trabalhos e a baixa remuneração oriunda desses. Saiba quais foram!
4 artistas que se revoltaram com as políticas das plataformas de streamings
1. Taylor Swift X Spotify e Apple
A cantora que não é muito fã dos streamings já deixou claro desde a retirada do seu catálogo do Spotify, em 2014, sua insatisfação com a plataforma, alegando que não pagavam corretamente os direitos autorais dos seus materiais.
No lançamento do 1989, Taylor retirou todas as suas músicas da empresa de streaming sueca. Ao mesmo tempo em que lançava o seu quinto disco, que na época foi o mais vendido do mercado mundial desde 2002, com 1,28 milhões de cópias.
O embate ocorreu após a artista solicitar que o serviço disponibilizasse suas faixas apenas para usuários que pagam mensalidade para acessar aos plataformas musicais. Além do Spotify, a Apple Music também foi criticada pela norte-americana em um texto divulgada na sua conta do Tumblr, em que dizia que a empresa não estava sendo honesta com os artistas, músicos e compositores.
[Não pagar os direitos] é chocante, desapontador, e completamente contrário a essa historicamente progressiva e generosa companhia. Isso não é uma reclamação de uma menina mimada e petulante. Estes são os sentimentos de todos os artistas, escritores e produtores nos meus círculos sociais, que temem falar publicamente porque admiram e respeitam a Apple.
O motivo da Apple Music não pagar os direitos autorais nos três primeiros meses de funcionamento da plataforma, por razões de ser um serviço gratuito ao longo desse tempo, desestimulou a cantora a não inserir o seu projeto discográfico 1989 no streaming.
2. Vocalista do Radiohead criticou o Spotify
Em 2013, Thom Yorke lançou um ataque ao Spotify, chamando o serviço de streaming de música online de “o último peido desesperado de um cadáver agonizante”. Na época, ele declarou ao site mexicano Sopitas que a plataforma se beneficiou das grandes gravadoras revendendo seus álbuns antigos de graça para “fazer fortuna e não morrer”.
É por isso que, para mim, o Spotify é uma batalha tão grande. Porque se trata do futuro de todas as músicas, se acreditamos que existe um futuro na música. Para mim, isso não é mainstream, para mim este é o último peido desesperado de um cadáver agonizante.
Yorke renovou suas críticas novamente a empresa, após a distribuição online do disco do Radiohead, In Rainbows, de 2007, em que viu os fãs pagarem o que quisessem ao material, não sendo comparável ao Spotify.
Quando fizemos In Rainbows, a coisa mais emocionante foi a ideia de que poderíamos ter uma conexão direta entre o músico e o público. Agora, todas essas malditas pessoas se envolvem, como o Spotify, que tentam ser os guardiões de todo esse processo, quando não precisamos disso. Nenhum artista precisa disso, nós podemos fazer toda essa merda nós mesmos. Então f *** fora.
O vocalista ainda acrescentou, “eu sinto que, como músicos, precisamos lutar contra o Spotify. Acho que, de certa forma, o que está acontecendo no mainstream é o último suspiro da velha indústria. Quando isso finalmente morrer, o que vai acontecer, outra coisa vai acontecer.“
O cantor denunciou publicamente o serviço online pela primeira vez em julho, quando disse no Twitter que sua banda Atoms for Peace havia deixado a plataforma. Ele twittou: “Não se engane, novos artistas que você descobrir no #Spotify não serão pagos. Enquanto isso, os acionistas logo entrarão nele. Simples.”
3. Neil Young alega má qualidade sonora nos serviços de streamings
Artistas como a lenda do folk, Neil Young, chegaram a criticar as plataformas de streamings como Deezer, Amazon Music Prime, mas diferentes deles, o cantor pontuou uma nova problemática das distribuições onlines que o fez retirar todo os seus catálogos desses aplicativos. A ausência de qualidade em que as canções são disponibilizadas.
Segundo o astro, os trabalhos ofertados por esses modelos carregam “o pior formato de áudio da história”. “Não preciso que minha música seja desvalorizada por um serviço de má qualidade. Não acho certo oferecer isso aos meus fãs. Faz mal para minha música“.
Young considerou até mesmo as Rádios e as antigas fitas cassetes como melhores opções para se ouvir a uma música. Assim, o artista declarou que prefere que seus fãs obtenha seus materiais de modo independente, ao contrário de pagar mensalmente por uma obra musical de qualidade questionável.
4. Durante show, Jay Z cita Youtube e Spotify em rima
Ao realizar o primeiro de dois shows especiais “B Side” em Nova York, que foi transmitido ao vivo para os assinantes do Tidal, sua plataforma musical, o rapper aproveitou a oportunidade para criticar à concorrência. Com provocações ao Youtube e o Spotify, o empresário citou as empresas em um rap freestyle.
“O YouTube é o maior culpado [pelo estado da indústria], só pagam um décimo do que deviam pagar”, disse. Quanto ao Spotify, Jay-Z alegou que “valem nove mil milhões e não dizem um puto“.
Em entrevista à Billboard, o magnata do hip-hop salientou que o desenvolvimento do seu próprio serviço de streaming era uma forma de igualar a produção de músicas com os ganhos provenientes digitalmente dessas.
Não sou eu contra o Spotify. Para nós, só a ideia de como nós chegamos a isso [criar o Tidal], com todo mundo tendo equidade, vai abrir um diálogo – seja com as gravadoras, com os investidores ou quem quer que seja. As pessoas não estão respeitando a música, desvalorizando-a e desvalorizando o que ela realmente significa.
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